Ao longo das investigações do MP e da Secretaria de Segurança sobre desvios no Fundo de Saúde da PM, um dos presos, acusado de fazer parte do esquema, citou o presidente da Assembleia Legislativa (Alerj), Jorge Picciani (PMDB), durante as negociações para uma das compras investigadas. O diálogo em que o nome do deputado estadual é citado foi gravado em áudio e vídeo. Hoje, o caso tramita em segredo de Justiça e está nas mãos do procurador-geral de Justiça, Marfan Vieira, que vai decidir se abre inquérito para investigar Picciani, que tem foro privilegiado.
O diálogo foi gravado durante uma negociação envolvendo o lobista Orson Welles da Cruz — apontado pela denúncia do MP como responsável por intermediar contatos entre empresas e os oficiais que chefiavam a quadrilha —, representantes de uma das firmas investigadas e dois oficiais médicos, que trabalhavam, com autorização judicial, como agentes infiltrados na quadrilha. Durante a conversa, os médicos avisam a Orson que a PM não iria concretizar a compra. O lobista então propõe que a compra seja feita pela Alerj, após contato com “o italiano”. Em seguida, Orson explica que se referia a Picciani.
De acordo com a denúncia do MP, Orson, “por possuir inúmeros contatos pessoais e políticos que lhe proporcionavam ‘abertura de portas’ e fácil acesso à administração pública, inclusive à PM, realizava e participava de reuniões e tratativas escusas, a fim de angariar contratos criminosos”. Na época das investigações, Orson ocupava um cargo comissionado na Secretaria de Estado de Governo e integrava o Conselho de Ética do PMDB do Rio.
Em nota, Picciani afirmou que “é uma leviandade envolver meu nome com esse bandido”. Segundo o presidente da Alerj, “o MP sabe que, apesar das inúmeras tentativas dele (Orson), jamais foi recebido por mim”. O deputado ainda alega que “não conheço nenhum integrante da quadrilha e não fui citado em nenhuma escuta, ele é que foi pego tentando marcar audiência”.
Picciani, entretanto, aparece ao lado de Orson numa foto postada pelo lobista no Facebook em 8 de abril de 2015, com a legenda: “Acabo de me reunir com Presidente da Assembléia Legislativa do nosso estado, Dep. Jorge Picciani, que ressaltou, no entanto, que a situação de todo o estado é grave, com pouca margem para auxílio financeiro por parte do Executivo ou do Legislativo”.
Confira a íntegra da nota enviada por Picciani:
“É uma leviandade envolver meu nome com esse bandido Orson Welles. O Ministério Público sabe que, apesar das inúmeras tentativas dele, jamais foi recebido por mim. Não conheço nenhum integrante dessa quadrilha e não fui citado em nenhuma escuta, ele é que foi pego tentando marcar audiência. Como era filiado ao PMDB, determinei sua expulsão. Ressalto que ilações envolvendo meu nome merecerão ações judiciais cabíveis”.
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