"Muito mais crucial do que aquilo que sabemos ou deixamos de saber é aquilo que não queremos saber." (Eric Hoffer)
* José Luiz Barbosa
É impressionante como a apatia, o conformismo, o desânimo e a descrença se abateu sobre os policiais e bombeiros militares de Minas Gerais, tais sintomas são reflexo de todo descaso, abandono e da omissão das entidades, e soma-se a isto o período de festas de final de ano.
Entretanto é dever de todos que militam na defesa e luta pela causa da valorização profissional e pelo respeito a dignidade dos trabalhadores da segurança pública, que alertem, orientem, esclareçam, e informem a todos.
Os desdobramentos, do que parece uma crise ou ausência de identidade com as lideranças formais e institucionais, se replica na inércia e silêncio, como se todos concordássemos com o rumo que a atuação das entidades tomaram no último mandato do Governador Aécio Neves, com a subserviência de nosso representante na assembleia legislativa, e com as políticas do comando, este pelo menos conseguiu melhorar a infra-estrutura do aparato policial, mas em permanecendo o cenário atual, podemos esperar que tudo se repetirá nos próximos 04 anos de governo, com a cantiga sendo a mesma que ouvimos e engolimos.
Para começar citaremos um só exemplo, publicamos no blog uma enquete para avaliar mesmo empiricamente, sobre o que pensam os policiais militares, sobre a escolha do comandante geral por meio de lista tríplice, em que se garantiria o máximo possível de participação, o que seria uma das mais importantes mudanças, e que outorgaria autonomia e legitimidade para o cargo de comandante geral, evitando ou pelo menos reduzindo o que todos conhecemos e que invariavelmente acontece, disputas e dissensões internas, contraproducentes para a organização, todas às vezes que se está às portas para se conduzir ao cargo, algum coronel.
Que o passar do tempo às vezes nos revela o desastre de um comando sem espírito e personalidade própria, sujeito aos humores governamentais, e sem identificação com os anseios de seus comandados e menos ainda com as demandas sociais por segurança e mudanças que requerem mais firmeza ética com desvios que ocorrem na atividade de segurança pública, este punidos com rigor, ou entre seus preferidos para exercerem função de comando, chefia e direção, que muitas vezes são encobertos pelo manto da impunidade, dando a sensação de que uns poucos continuaram mandando e outros muitos obedecendo.
É triste tal constatação, mas insistimos que está em nossas mãos, as mudanças que queremos e que já se mostram necessárias, pois percebemos que a evolução social, exige cada vez mais de suas organizações estatais, e neste sentido a Polícia Militar exerce suas atividades intimamente ligadas a vida do cidadão e sua visibilidade a expõe todos os dias a vigilância e fiscalização da sociedade, como aliás deve ser em um Estado Democrático de Direito.
Por estes e outros sintomas sérios, graves e preocupantes é forçoso que todos façam sua parte e se engaje na luta, porque o poder pertence intransferívelmente a cada policial militar, em todas as esferas de representação, seja associativa, política e institucional.
Em 2011, renove sua força, sua fé e compreenda que nada muda e se você não mudar.
Vamos começar tudo de novo, e para vermos se cada um assumirá seu papel de cidadão, repetiremos a enquete em janeiro, porque não houve sequer manifestação ou comentário sobre nosso propósito, concordando ou discordando, ou até não se importando com a importância do objetivo.
Agradecemos aos que investiram um pouco de seu tempo e votaram na enquete, mas tivemos uma tímida participação, e nem os blog, os quais convidamos para colaborar na divulgação da idéia, não se empenharam ou não deram também importância para a proposta.
Recentemente publicamos um artigo, com o título "Na democracia a participação é nossa única e poderosa arma na luta política pelo respeito e valorização profissional", e acreditávamos que pudéssemos incentivar e dar um pouco de ânimo para que cada um investisse sua inteligência, raciocínio e o que sabemos ser indispensável para que modifiquemos nossa realidade, o exercício consciente, voluntário e espontâneo de sua cidadania.
Preferimos acreditar que tal desmotivação e descrença, é resultado da sobrecarga de trabalho, em jornadas excessivas e desumanas, e ao recesso natural do fim de ano, mas esperamos e este foi nosso principal objetivo, quando fundamos o blog, de levar a discussão propostas, ideias, informar, orientar pela via da conscientização e formação política nossos companheiros, e não há outro caminho a não ser o da participação.
Não reclamem, critiquem ou chorem o leite derramado, afinal a participação é resultado de sua vontade e inconformismo com o quadro atual, agora se estivermos satisfeitos, resta-nos ficar passivamente esperando que alguém nos dê aquilo que julgamos ser direito, mas para isto devemos contar ( mas não esperar) com a generosidade do governo, deputados, comandos e dirigentes de entidades, deixando assim um pequeno grupo decidir sobre nossas vidas.
Pode ser que esteja equivocado em nossa avaliação, mas o que parece é que todos estão esperando a chegada de um salvador, mas sabemos que este salvador pode chegar tarde demais, por isto acordem e empunhem a bandeira da luta pela dignidade de nossa profissão, não vejo nada o que as entidades de classe podem fazer sem que cada associado exija uma posição transparente e definida, sem ficar em cima do muro, como temos observado nos últimos anos.
* 2º Sgt PM, Bacharel em Direito, Presidente da Associação Cidadania e Dignidade e Fundador do blog.
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