Governo contrata sem licitação empresa do comentarista de Segurança da Rede Gazeta para dar curso de uma semana, por R$ 300 mil, para policiais capixabas
A Polícia Militar do Espírito Santo é referência nacional em treinamento, dado por meio de cursos, para operadores de segurança pública. Recentemente, o Batalhão de Missões Especiais concluiu, depois de um mês, o 4º Curso de Negociação de Crises com Reféns Localizados.
O curso se iniciou em 15 de outubro e terminou no dia 13 deste mês. A solenidade da aula inaugural foi conduzida pelo diretor de Ensino, Instrução e Pesquisa da PMES, coronel Dejanir Brás Pereira da Silva. A aula inaugural do curso foi ministrada pelo capitão Pablo e teve o seguinte tema: "Negociação de crises com reféns - um panorama da evolução capixaba".
Pelo menos 161 profissionais se inscreveram para participar do curso, mas somente 36 foram selecionados, dado o rigor do treinamento. Além de policiais militares do Espírito Santo, participaram do curso um policial federal e outros oito militares de Minas Gerais, Alagoas, Pernambuco, Bahia, Mato Grosso do Sul e Rondônia.
Os participantes passaram por aulas práticas que simularam diferentes ocorrências envolvendo reféns e/ou suicidas e precisaram utilizar não só as técnicas aprendidas para solucioná-las, mas também o controle emocional que a situação exige.
O objetivo principal do curso foi capacitar os profissionais para atuarem como negociadores em ocorrências de crise.
Entretanto, como “santo de casa não faz milagre”, o governo do Estado ignora o que tem de bom e prefere “importar” milagreiros. E pagando um preço de R$ 300 mil sem licitação.
O Diário do Estado desta quarta-feira (21/11) traz a decisão da Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), que torna pública a pretensão de contratar por “Inexigibilidade de Licitação”, com base no Artigo 25, inciso II, da Lei nº 8.666/93 e alterações posteriores, a empresa Cati Treinamento e Desenvolvimento Profissional e Gerencial Ltda., para dar um curso, de apenas uma semana, para 100 policiais militares e civis.
A contratação da empresa se dará por meio do processo número 59814624/2012. Trata-se, segundo a Sesp, do Curso 14º SWAT Brasil e será realizado nos dias 23 de novembro a 01 de dezembro deste ano, em Vitória.
Detalhe: o curso dado pelo BME durou um mês e foi gratuito. Sem ônus nenhum para os policiais e nem para o Estado, o que é mais importante – porque, afinal, quem banca o Estado são os impostos, pagos por todos os cidadãos de bem. O curso do Cati vai durar uma semana e custará R$ 300 mil. Sem licitação.
A Polícia Militar está, atualmente, com dificuldades com verba para capacitar os seus capitães para o Curso de Especialização de Oficiais, que custa R$ 320 mil.
Diga-se de passagem, o Curso de Especialização de Oficiais é muito mais importante para a corporação e para a sociedade – porque prepara os futuros comandantes militares – do que o tal curso do Cati.
Enquanto isso, o Batalhão de Missões Especiais, onde está também a elite da PMES, concluiu o curso que totalizou 220 horas aulas, com 15 disciplinas teóricas e atividades práticas, onde os alunos puderam simular o atendimento a ocorrências com reféns.
Dentre as disciplinas estavam aspectos jurídicos sobre negociação de crises com reféns, inteligência policial aplicada em negociação de crises com reféns, noções básicas de gerenciamento de crises, psicologia aplicada ao processo de tomada com reféns, noções de psicologia forense, psicologia do conflito, técnicas e táticas de negociação, estudo de caso, noções de técnicas não letais, prática de negociação, entre outras.
Foi tão importante que recebeu elogios de outras corporações policiais, como a Polícia Federal, que mandou seu escrivão Ralph Abranches Alcântara, lotado na Delegacia de Polícia Federal de São Mateus (ES), participar do curso.
O escrivão Ralph Alcântara se formou em segundo lugar, no 4º Curso de Negociação de Crises com Reféns Localizados.
O Sindicato dos Policiais Federais do Espírito Santo (SINPEF-ES) postou em sua página no facebook que o curso dado pela Polícia Militar do Espírito Santo é referência nacional.
Diz parte do texto: “O EPF (Escrivão Policial Federal) Ralph honrou os Policiais Federais e o DPF com excelente aproveitamento, foi escolhido para ser o orador da turma, e esclareceu que ao contrário do que possa sugerir a nomenclatura do curso, o negociador policial está habilitado para atuar, sempre em equipe, em crises que demandem a intervenção policial como: rebeliões em presídios, assaltos interrompidos, tentativas de suicídio, crises passionais violentas e também com pessoas mentalmente perturbados, que mantenha sob ameaça, reféns e/ou vítimas.”
Fala ainda o texto da página do SINPEF-ES: “Durante o curso, além da Doutrina de Negociação de Crises, a carga horária contempla, dentre outras, as seguintes disciplinas: Psicologia Aplicada, Psicologia Forense, Neurolinguística, Sociologia do Conflito, Comunicação, Técnicas e Táticas de Negociação Policial e Noções Básica s de Gerenciamento de Crises.”
Segundo Ralph, o curso exige muito do policial: “São 30 dias de pressão psicológica com o objetivo de avaliar a capacidade cognitiva dos alunos, capacidade de improvisação e adaptação, inteligência e equilíbrio emocional, logo após submetê-los às altas cargas de estresse físico (pouca ou nenhuma hora de sono) e mental”.
O presidente do SINPEF-ES, Marcus Firme dos Reis, esteve presente na formatura no Batalhão de Missões Especiais da PM/ES, e ressaltou que no Espírito Santo, além do de Ralph habilitado como negociador policial neste dificílimo curso deste ano há também na SR/DPF/ES o APF Wanderson Caus, habilitado no ano 2010.
Esses dois policiais já habilitados para desempenhar essa função, reforçam a necessidade de habilitação de outros policiais federais nesse curso, tendo em vista a carta de atribuições da Polícia Federal, somado ao fato de o Brasil ser, já a partir de 2013, palco dos maiores eventos turístico-esportivos do mundo (Copa das Confederações/Copa do Mundo de Futebol/Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Mundiais).
Bem, aqui termina parte do texto do SINPEF-ES. Não precisa dizer mais nada. É preciso respeitar a palavra dos federais.
Em tempo: O Cati, que dará o curso para os policiais civis e militares, é do comentarista de Segurança da Rede Gazeta, Marco Do Val.
Este rapaz, quando surgiu no mercado há mais de 10 anos, procurou A Tribuna para sugerir uma pauta. Claro, o entrevistado era ele. Depois de publicada a reportagem, ele reclamou durante uma semana na cabeça do então Editor de Polícia por causa de um erro de grafia – no lugar da letra “m”, a repórter, recém iniciada na profissão, colocou o “n”.
Marco Do Val só parou de reclamar depois que o jornal publicou um “Erramos”. Hoje a repórter que cometeu o “erro” é uma das melhores jornalistas do País.
Marco Do Val continuou, mesmo assim, “enfiando” pautas no jornal. Contratou até uma assessora de imprensa, que hoje é coordenadora do curso de Jornalismo de uma faculdade particular de Vitória. Cabia a ela levar para o jornal informações até sobre a data de aniversário do jovem instrutor da Swat.
Uma demonstração de que o comentarista de Segurança da Rede Gazeta é perfeccionista. Vai pegar pesado com os policiais militares e civis que participarem de seu curso.