Um policial militar, sob garantia de anonimato, confessou ter matado 5 supostos integrantes do PCC nos últimos 20 dias. “Vingança”, disse ele, que está fora de casa há duas semanas por fazer parte da lista do crime organizado.
Contou que ele não mata na região em que mora, nem na que trabalha. Faz o serviço em outras regiões, a pedido de colegas, que retribuem favores matando os indicados por ele. Diz que todos os mortos tinham passagens por presídios. O clima é de matar ou morrer. “Assim como eles têm informações sobre a gente, a gente tem sobre eles”, diz.
Cresceu em um bairro pobre. Tornou-se policial, mas muitos amigos foram para o crime. Diz que nos últimos dias o comando da PM deixou de divulgar as mortes de policiais na frequência de rádio justamente para evitar as vinganças.
Num bairro da Zona Norte de São Paulo, a ascensão social dos últimos anos esbarra na violência. O bairro simples, mas acolhedor, viu quatro mortos e dois feridos em três dias, o que nunca tinha acontecido antes. Três dos mortos viviam próximos uns dos outros.
Dois foram executados numa pracinha por homens encapuzados. Não tinham passagem pela polícia. As mortes são atribuídas a PMs, que teriam vingado a morte de uma colega.
Um líder comunitário lembra que a execução, às 20h30m, aconteceu quando outros policiais atendiam a uma ocorrência distinta no mesmo bairro, a 100 metros de distância.
“Quem iria fazer a execução com a polícia por perto?”, pergunta.
Adolescentes do mesmo bairro dizem que quando a PM aparece o esculacho é geral.
O bairro não tem parque, não tem praça digna do nome, nem centro esportivo. É um imenso aglomerado onde os pais agora trancam os filhos em casa assim que as crianças voltam da escola.
O PCC controla farmácias, transportadoras, supermercados, postos de gasolina e distribuidoras de combustível. O ciclo completo de negócios que permite acesso a insumos para os laboratórios de refino de cocaína, desova e distribuição de cargas e drogas e lavagem de dinheiro.
É mito que a violência em São Paulo seria resultado de confronto entre PMs e o PCC por controle de pontos de jogos ilegais, disseminado por um jornalão carioca. Se isso existe, é na Baixada Santista, onde o crime organizado enfrenta a Polícia Civil.
Existe o risco de um racha interno no PCC, já que o partido fundado supostamente para defender os direitos de presidiários exige ações dos que estão fora da cadeia, ações que colocam em risco os negócios dos líderes que estão na rua.
Se de fato houve acordo entre o governo Alckmin e a principal liderança do PCC, ele é ameaçado pelo dedo nervoso de jovens recrutas do PCC e pela tropa da PM, que diz vingar em defesa da corporação. Daí o que parece ser uma espiral de violência incontrolável pelos “de cima”.
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