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O verdadeiro desafio não é inserir uma idéia nova na mente militar, mas sim expelir a idéia antiga" (Lidell Hart)
Um verdadeiro amigo desabafa-se livremente, aconselha com justiça, ajuda prontamente, aventura-se com ousadia, aceita tudo com paciência, defende com coragem e continua amigo para sempre. William Penn.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Na inconfidência mineira o traidor foi um coronel. A história se repete, agora com a coautoria de praças.


INCONFIDÊNCIA MINEIRA

Introdução
Ouro por todos os cantos .... na cabeça daquela gente, sobretudo. 
Intrigava-se, traia-se, matava-se por motivo fútil, movidos por cega ambição. 
E houve guerra, que durou três anos entre paulistas e portugueses apelidados 
de Emboabas (palavras indígena relacionada, segundo a tradição, com as 
botas que usavam). 
Os portugueses acabaram vencendo, não sem antes traírem os paulistas junto de 
um mato que, por essa razão, ficou sendo chamado de Capão da Traição. 
E os trucidados foram tantos que o rio vizinho, já marcado por tragédias 
anteriores, mais ainda mereceu o nome de Rio das Mortes (1710). 
Pouco depois era confiscada e destruída em Lisboa a edição do livro do jesuíta 
Antonil Cultura e Opulência do Brasil por suas drogas e minas 
Ciumento das riquezas da colônia distante. Sua Majestade receava que o livro 
atiçasse a cobiça de novos aventureiros.

O Imposto do Quinto
Em Portugal, o rei Dom João V sorria, feliz com a maravilhosa descoberta na colônia 
distante. E tratou logo de regularizar a coisa, criando no Brasil o imposto do 
“Quinto” e decretando a fundação de “Casas de Intendência” para fiscalização e controle da produção. 
Todo aquele que extraísse ouro nas grupiaras, nas minas ou no cascalho dos rios, 
obrigava-se a levá-lo à Intendência para que fosse pesado, fundido e 
transformado em barras. 
A Quinta parte ficava reservada para a coroa de Portugal. 
As barras, devidamente tocadas, eram datadas e levadas à prensa real, onde 
recebiam o cunho com as armas portuguesas e o nome da Casa de Intendência 
na qual haviam se submetido a essa operação, sendo posteriormente entregues 
ao dono, juntamente com um certificado, assinado pelo intendente, nomeado 
pelo rei de Portugal declarando ser o Senhor X o legítimo possuidor da preciosa 
lâmina. 
Esta valia como dinheiro e com ela negociava-se livremente. Ai daquele que fosse 
pilhado com o ouro não “quintado” ! Acabava os dias numa masmorra, ou 
então era degradado para a África. Inconformados, alguns espertalhões burlavam a 
lei por todos os meios. Diz a tradição que chegaram ao cúmulo de mandar 
esculpir na madeira imagens ocas de santos, enchendo-as de ouro em pó. 
Assim camuflado, o contrabando passava facilmente nos postos de fiscalização 
e era enviado para longe.


A Inconfidência Mineira 


O imposto devido ao rei de Portugal aumentava dia a dia, oprimindo e desesperando o 
povo, que já não sabia mais de onde tirar ouro para atender a “Derrama”. 
Sonhos de liberdade e independência foram tomando corpo, alimentados põe 
leituras de Rousseau e Voltaire. 
E começou-se a conspirar. Um pretexto para a revolta foi a chegada do 
Visconde de Barbacena, então governador da Capitania (1788), encarregado de fazer 
vigorar nova e pesada taxa suplementar de impostos. 
Pessoas inteligentes, cultas, estavam implicadas no plano: magistrados e poetas, 
como Cláudio Manuel da Costa, antigo secretário do governo, autor do poema “Vila 
Rica” e Tomás Antônio Gonzaga, que escreveu “Marília de Dirceu”, considerado 
como “o mais belo e célebre poema de amor da língua portuguesa”. 
O mais entusiasmado na conspiração era o alferes Joaquim José da Silva Xavier 
(1748 – 1792), apelidado de Tiradentes. “pela prenda de pôr e tirar os dentes”. 
Idealista, impetuoso e inocente; o alferes não se continha e espalhava a idéia por 
todos os cantos, o que lhe acabou sendo fatal. 
Tiradentes nasceu na Fazenda do Pombal, região do Rio das Mortes, hoje 
município de Ritápolis. 


A Traição 


Do movimento, mais tarde conhecido como “Inconfidência Mineira”, só restou o ideal, 
porque os conspiradores foram denunciados pelo Coronel Joaquim Silvério dos Reis, que contou o plano ao Visconde de Barbacena, traindo os companheiros em troca de 
pensão para o resto da vida, perdão de suas muitas dívidas e medalha para o peito
infame. 

O Visconde de Barbacena imediatamente suspendeu a “Derrama” e mandou 
prender os inconfidentes. Os castigos incluíram desde pena de morte, degredo 
perpétuo ou temporário até confisco de bens. Cláudio Manuel da Costa, ao que 
consta, teria se enforcado na Casa dos Contos de Vila Rica, onde o levaram preso. 
Gonzaga seguiu desterrado para Moçambique, pois tivera a pena de morte comutada, 
assim como os outros. 
Todos, menos Tiradentes.


O Enforcamento 

Tiradentes não negou a culpa, como os outros, e chamou a si a 
responsabilidade da conspiração. Desarmado pela própria pureza, abandonado 
na hora grave, sem defensores nem dinheiro, enfrentou três anos de prisão e 

suportou a desgraça sozinho. 
Conta-se que, quando o carrasco foi busca-lo na cela e, segundo o ritual, lhe pediu 
perdão pelo que iria fazer, o alferes humildemente lhe quis beijar os pés, as mãos 
e se lhe entregou sem resistência.

O corpo de Tiradentes foi esquartejado e seus membros ficaram expostos em lugares 
diversos. A cabeça foi exibida como troféu em cima de um poste na praça de Ouro Preto que 
hoje tem seu nome.
Estes dados foram baseados no ensaio “Três séculos de Minas”, do professor 
Francisco Iglésias, publicado durante o 8º Festival de Inverno de Ouro Preto.

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