O
transporte de passageiros nas rodovias mineiras é alvo de ataques de
criminosos há mais uma década. Mas o sinal de alerta está mais intenso.
Entre janeiro de 2011 e março deste ano foram pelo menos 504 ocorrências
nas estradas estaduais e federais, por onde circulam cerca de 3,6
milhões de ônibus regulares e de turismo por ano.
Uma terminou na morte
de um passageiro, na BR-381, no Sul do estado, há menos de dois meses.
Embora as empresas considerem pequeno o número de ataques, a segurança
de passageiros e o combate à ação de bandidos nas estradas virou tema
debate na Assembleia Legislativa e de um projeto de lei que exige
instalação de equipamentos de segurança nos veículos e identificação de
passageiros.
É
notório nas rodovias o investimento ínfimo em tecnologia de segurança
nos veículos que levam e trazem passageiros em comparação com os
transportadores de carga. Não há câmeras na maioria dos ônibus, nem
sistema de rastreamento e de alerta em caso de roubo, segundo policiais
rodoviários e os próprios motoristas. A reportagem do Estado de Minas
viajou de ônibus para o Triângulo Mineiro, um das regiões críticas, e
constatou o alto risco vivido por passageiros e funcionários das
empresas de transporte diante da falta de fiscalização e de medidas para
garantir viagens seguras.
Com
uma faca na bagagem de mão, o repórter entrou e saiu do ônibus e
circulou nos pontos de parada sem passar por qualquer abordagem. E
encontrou um motorista de Uberlândia que já passou pelo pânico de ser
assaltado três vezes desde 2008, a última na madrugada do dia 17.
O
inspetor Willian Romero, chefe de operações da delegacia da Polícia
Rodoviária Federal (PRF) de Uberlândia, critica o setor empresarial. “Há
uma inversão de valores quando a vida humana parece menos importante
que um carregamento. O transporte de cargas dispõem de toda uma
estrutura tecnológica voltada para segurança. Diariamente recebemos de
cinco a seis ligações de empresas de monitoramento de carretas e
caminhões e enviamos equipes para checar. Na maioria das vezes, é o
motorista que não desligou o equipamento de rastreamento. Nos assaltos a
ônibus o alerta chega atrasado, depois do fato ou, raridade no decorrer
do ataque, quando alguém passa pela rodovia e suspeita de uma ação
criminosa”.
Segundo
Romero, no ano passado, depois do aumento de assaltos a ônibus na
região (91 registrados pela PRF e Polícia Militar), representantes de
duas empresas, a Expresso Nacional e a Real Expresso, procuraram a
corporação em busca de uma ação conjunta. “Sugerimos a instalação de
câmeras, pois as imagens são importantes na identificação dos
criminosos, a maioria da região. Saber como os bandidos entram no
ônibus, que tipo de arma usam, entre outros detalhes, permite melhor
planejamento no combate ao crime”, explicou o inspetor, segundo o qual
apenas os veículos da Expresso União, que opera uma linha na área, têm o
equipamento em seus carros.
O
chefe do setor de trânsito da Diretoria de Meio Ambiente e Trânsito da
Polícia Militar, major Gibran Condé Guedes, defende a identificação de
passageiros nas viagens intermunicipais e instalação de câmeras nos
ônibus. Isso inibiria assaltos e facilitaria a identificação e a prisão
de criminosos. “Esse é um investimento à parte das empresas, que
cuidariam de seu patrimônio e da integridade do passageiro. As empresas
têm como bancar”, diz.
Gibran garante que há operações policiais constantes, principalmente no Triângulo Mineiro, considerado ponto crítico pela geográfica central. “É uma área de passagem de ônibus de linhas regulares intermunicipais, interestaduais e internacionais, além de turismo, que desperta atenção”.
Gibran garante que há operações policiais constantes, principalmente no Triângulo Mineiro, considerado ponto crítico pela geográfica central. “É uma área de passagem de ônibus de linhas regulares intermunicipais, interestaduais e internacionais, além de turismo, que desperta atenção”.
O
major faz alerta aos passageiros para adotarem medidas de autoproteção,
evitando uso de equipamentos eletrônicos caros em locais de embarque e
desembarque e viajar com grandes somas de dinheiro ou joias. “Se o
marginal não vê tanta vantagem no crime, fica desestimulado. No próximo
feriadão e período de férias vamos fazer campanhas nesse sentido".
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é sua opinião, que neste blog será respeitada