Protestos de movimentos por moradia e contra a Copa do Mundo, paralisação de servidores federais e possibilidade de greve de funcionários do transporte público de São Paulo. Este é o cenário esperado para amanhã, dia para o qual diferentes setores da sociedade programaram atos por todo o país. Movimentação maior ocorrerá na capital paulista, com protestos diversos ao longo do dia.
A reportagem é de Rodrigo Pedroso, publicada pelo jornal Valor, 14-05-2014.
O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) vai bloquear ao menos seis grandes avenidas da capital paulista pela manhã, em continuação da campanha "Copa Sem Povo, Tô na Rua de Novo", iniciada na última quinta-feira com a invasão do prédio de três construtoras responsáveis pela construção de estádios da Copa. O movimento espera mobilizar cerca de 8 mil pessoas nos atos, que também devem acontecer em Brasília, Palmas, Curitiba, Belém e Rio de Janeiro.
À tarde, o Comitê Popular da Copa para São Paulo marcou protesto unificado com movimentos sociais na avenida Paulista como parte do "Dia internacional de lutas contra a Copa", que será realizado em mais 13 cidades: Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador, Vitória, Cuiabá, Curitiba, Belo Horizonte, Recife, Belém, Fortaleza, São Carlos,Sorocaba e Campinas.
Os manifestantes pedem o direito à livre manifestação durante o torneio no país e criticam a remoção forçada de famílias de suas casas para obras ligadas à Copa. Até ontem, 4 mil pessoas haviam confirmado presença no Facebook para o ato em São Paulo.
Horas antes, metroviários paulistanos sairão do centro em direção à sede da secretaria estadual de transportes para pedir reunião com o secretário da pasta. O ato é um "sério aviso" de que os metroviários podem entrar em greve na próxima semana caso reivindicações antigas não sejam atendidas, de acordo com Sérgio Carioca, diretor do sindicato. O metrô deverá funcionar normalmente.
O reajuste dos salários - pauta de todos os anos - está em segundo plano para os metroviários, que querem aproveitar o momento pré-Copa para conseguir plano de carreira e política de segurança no trabalho mais abrangentes. "Se o governo não negociar e ficar esperando até o último momento para entrar em cena, como tem feito nos últimos anos, vamos entrar em greve", afirma Carioca.
Servidores públicos federais, por sua vez, já decidiram cruzar os braços. Parte de funcionários do INSS, Anvisa e vinculados ao Ministério da Saúde vão realizar amanhã paralisação nacional por 24 horas, como sinalização de possibilidade de greve geral.
De acordo com a entidade que representa servidores federais da saúde, trabalho, previdência e assistência social (Fenasps), haverá movimentação em cidades de Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Norte. A paralisação maior ocorrerá entre funcionários do INSS em São Paulo, onde parte dos 1,7 mil postos não abrirá as portas. O número de agências e funcionários que não vão trabalhar não foi estimado pela federação, que congrega 240 mil servidores.
A principal reclamação é o reajuste concedido pelo governo federal em 2012, de aumento no salário-base de 5% ao ano até 2015, considerado insuficiente para cobrir a inflação do período. Parte dos funcionários do Ministério da Cultura também marcaram paralisação nas atividades, incluindo os do Instituto Brasileiro de Museus.
Hoje, funcionários dos trens e ônibus em São Paulo decidirão se entram em greve. Trabalhadores da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) esperam o resultado da reunião de conciliação marcada pelo Tribunal Regional do Trabalho. No último encontro, a direção da CPTM manteve a proposta de 3,97% de reajuste para os salários da categoria, que foi rejeitada. De acordo com Rogério Pinto dos Santos, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Sorocabana, o TRT fez uma proposta alternativa, de INPC mais ganho real de 2,5%. A paralisação só não ocorre se a CPTM aceitar a proposta. "O que eu acho muito difícil de acontecer", afirma o diretor.
Em situação similar está o sindicato dos trabalhadores de ônibus de São Paulo, que receberam ontem a contraproposta patronal para o reajuste salarial e vão colocá-la em votação na assembleia marcada para hoje. Caso ela seja rejeitada, haverá paralisação.
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