Acorda, Policial e Bombeiro Militar!


O verdadeiro desafio não é inserir uma idéia nova na mente militar, mas sim expelir a idéia antiga" (Lidell Hart)
Um verdadeiro amigo desabafa-se livremente, aconselha com justiça, ajuda prontamente, aventura-se com ousadia, aceita tudo com paciência, defende com coragem e continua amigo para sempre. William Penn.

domingo, 20 de setembro de 2015

Polícia Militar de São Paulo precisa urgentemente se democratizar, humanizar, e ser a polícia do povo, e não do Estado

"Não esperem que as crianças digam que a Polícia é violenta, e nota de repúdio só reforça a ideologia reacionária, autoritária, e arrogante que vigora nas instituições militares de segurança pública" - José Luiz Barbosa, Sgt PM - RR - especialista em segurança pública.





Alunos se mobilizam a favor de trabalho que aborda 'violência policial'


Cartaz exposto em escola de Sorocaba causou polêmica em rede social.
PM emitiu nota de repúdio contra projeto dos estudantes do ensino médio.

Jomar Bellini
Do G1 Sorocaba e Jundiaí
Estudantes realizaram protesto a favor de projeto sobre violência policial (Foto: Jomar Bellini/G1)
Estudantes realizaram protesto a favor de projeto sobre violência policial (Foto: Jomar Bellini/G1)
Estudantes da Escola Estadual Professor Aggêo Pereira do Amaral realizaram uma mobilização a favor de um projeto que questiona a ação da Polícia Militar. Um dos cartazes que classifica a PM como um "grande problema na atualidade usando a força para obter melhores resultados" causou polêmica ao ser publicado em uma rede social.
Com faixas e cartazes colados na parede e na grade, os estudantes protestaram para apoiar a escola e o professor. Dezenas de alunos sentaram embaixo de uma faixa com os dizeres "liberdade de expressão não é destilar ódio". 
Para o estudante do 3° ano do Ensino Médio na escola, Pedro Bueno, de 18 anos, o projeto produzido com base em análises de jornais e no livro "Vigiar e Punir", do filósofo francês Michel Foucault, foi distorcido na publicação no Facebook. "Nós, alunos, e o professor sofremos represálias e ameaças", afirma.
Trabalho causou polêmica ao questionar trabalho da PM (Foto: Reprodução/ Facebook)
Trabalho causou polêmica ao questionar trabalho

da PM (Foto: Reprodução/ Facebook)
A funcionária pública Maria do Carmo, também esteve no protesto preocupada com a filha, uma estudante que participou do projeto. "É uma coisa que assusta porque foi totalmente distorcido nas redes sociais. O trabalho aconteceu com apoio dos pais e não colocaríamos os nossos filhos contra os policiais. Quem são eles [essas pessoas do Facebook] para julgar os alunos?", diz.
A repercussão do caso preocupou os pais, que se reuniram na escola durante a manhã. De acordo com ela, se os estudantes tiveram um posicionamento contrário ao trabalho da polícia, isto foi com base em pesquisas. "Se eles leram e concluiram alguma coisa, tudo foi baseado em livros, jornais e revistas. A conclusão foi baseada em leituras", diz. 
A diretora Regina Viana informou que o projeto deve permanecer exposto no saguão de entrada de escola até a próxima semana quando já estava prevista a retirada do material.
Repúdio

A Polícia Militar emitiu uma nota de repúdio ao trabalho escolar. "Não queremos acreditar que, em pleno século XXI, profissionais da área de ensino posicionem-se de maneira discriminatória, propagando e incutindo o discurso de ódio em desfavor de profissionais da segurança, estimulando seus alunos a agirem sem embasamento e direcionando-os de acordo com ideologias anacrônicas, que em nada contribuem para a melhoria da sociedade."

Classificando a charge como "infeliz", a PM afirma que "sempre foi e será grande defensora dos direitos humanos e dos deveres morais, éticos e legais da sociedade".
A nota da PM ainda critica a forma como o trabalho foi feito, com base em "matérias jornalísticas e material de criação confeccionados por pessoas parciais" e "longe de ser uma metodologia aceitável". A Polícia Militar encerra a nota afirmando que "repudia a postura do infeliz professor, caso efetivamente tenha ocorrido esse erro lastimável" e que está de "portas abertas a quem quiser conhecê-la".
Repercussão sobre o caso preocupou pais de alunos (Foto: Jomar Bellini/G1)
Repercussão sobre o caso preocupou pais de

alunos (Foto: Jomar Bellini/G1)
Projeto

O trabalho, entitulado "Violência Policial", questiona a ação da Polícia Militar no Estado de São Paulo e foi produzido por alunos da Escola Estadual Professor Aggêo Pereira do Amaral. O cartaz produzido pelos alunos explica as etapas do projeto e diz, na conclusão, que os policiais "acabam sendo considerados um grande problema na atualidade usando a força para obter melhores resultados".

A atividade foi realizada durante as aulas de Filosofia. De acordo com o projeto, o objetivo seria levantar "uma reflexão do quanto a polícia viola os deveres morais, éticos e legais com ações que contrariam as leis". A reportagem do G1 entrou em contato com o professor da disciplina, mas ele afirmou que não se pronunciaria sobre o caso.
Cartazes e faixas foram colocados em frente a escola (Foto: Jomar Bellini/G1)
Cartazes e faixas foram colocados em frente a

escola (Foto: Jomar Bellini/G1)
O trabalho especifica as discussões realizadas em torno do tema, levantando a "questão da violência policial contra a população" alegando que a PM "usa a vingança para obter resultados". Ainda segundo o cartaz, o trabalho foi produzido utilizando como base reportagens publicadas em jornais e em pesquisas na internet.
A peça de divulgação do trabalho traz também uma imagem do chargista Lattuf publicada em 2013, quando a Câmara Municipal de São Paulo votou um projeto de lei concedendo ahomenagem "Salva de Prata" às Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota). A imagem mostra um policial com uma cabeça de caveira segurando um caixa com um homem morto e os dizeres "pelos relevantes serviços prestados".
Outros cartazes

O trabalho foi realizado após um ciclo de palestras das disciplinas de História, Filosofia e Sociologia onde os estudantes trabalham, desde o começo do semestre, o livro "Vigiar e Punir", do filósofo francês Michel Foucault.

Regina Viana, diretora da escola, defendeu o projeto durante protesto (Foto: Jomar Bellini/G1)
Regina Viana, diretora da escola, defendeu o

projeto durante protesto (Foto: Jomar Bellini/G1)
Em entrevista ao G1, a diretora da escola defendeu o projeto escolar e afirma que a ideia era promover uma reflexão sobre a sociedade.“Não faltou orientação. Está dentro da obra do Foucault e não foi tirado isoladamente. O fato de a foto do cartaz ser pinçado isoladamente, fora do contexto, é que deu este problema. Teria que ler desde o primeiro porque são mais de 20 banners. Pegaram justamente sobre a violência policial, mas não quer dizer que a polícia é violenta”, explica.
Ainda segundo a diretora, o plano da escola, agora, é levar um policial para conversar com os estudantes. “As crianças não tem nada contra os policiais, pelo contrário, eles se dão bem com a polícia e procuramos sempre passar que a PM é parceira e amiga. Em nenhuma hipótese foi passada qualquer imagem com o objetivo de denegrir a polícia.”
Viana comentou também sobre o conteúdo do cartaz. “O cartaz foi produzido com base em pesquisas na internet e não busca denegrir a imagem da polícia.” Em outros cartazes relacionados ao ciclo de palestras e que estão expostos no saguão de entrada da escola são abordados temas como o sistema carcerário em geral e a facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios de São Paulo.
Oficialmente, a diretora afirma que a escola não recebeu nenhum tipo de represália da Polícia Militar, apenas as publicações de usuários da rede social.
Polêmica
Fotografias dos cartazes vêm sendo publicadas em páginas no Facebook favoravéis à Polícia Militar. As páginas, entituladas "Sargento Alexandre" e "Admiradores da Rota" afirmam que os trabalhos se tratam de "inversão de valores". As publicações causaram polêmica e dividiram a opinião dos usuários.
Polêmica com cartaz de escola em Sorocaba divide opiniões no Facebook (Foto: Reprodução / Facebook)
Polêmica com cartaz de escola divide opiniões no

Facebook (Foto: Reprodução / Facebook)
"Tira a polícia das ruas de Sorocaba por uma semana e vamos ver o que acontece", comenta uma usuária se manifestando contra o cartaz. Outra mulher, afirmando ser professora, afirma que "voltar a criança contra o que consideramos certo, no caso a lei, os policiais, é entregá-la à marginalidade".
Um estudante defendeu o projeto da escola nos comentários, afirmando que a instituição estaria "discutindo os problemas do sistema carcerários brasileiro" e que os trabalhos não deviam ser usados como "forma de denegrir a escola e um belo trabalho". Outra usuária afirma que não vê "nenhuma apologia" contra a PM nos trabalhos.
Casos em SP

A polêmica sobre o trabalho escolar surge após o SPTV mostrar no sábado (12) o caso em que policiais aparecem jogando suspeito de telhado e atirando no comparsa no Butantã, na Zona Oeste de São Paulo. O vídeo mostra um policial jogando Fernando Henrique da Silva de um telhado de uma casa no Butantã depois de ter sido algemado. Pouco depois, ouve-se dois tiros. Na mesma ação, Paulo Henrique Porto de Oliveira, também suspeito de participar da tentativa de roubo, morreu baleado. Onze dos 15 policiais suspeitos de participarem da ação no Butantã estão presos.

O ouvidor da Polícia Militar, Júlio César Fernandes Neves, chegou a dizer em entrevista que acreditava na existência de um grupo de extermínio dentro da instituição.
Durante visita a Sorocaba na terça-feira (15), o governador Geraldo Alckmin negou a existência deste grupo. "Não, o que existe são maus policiais que já estão presos e vão responder civil e criminalmente", afirmou.

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