0:00/0:56
"Eu sei que aqui na Paulista não tem disparo acidental, na periferia tem todo dia”, afirma jovem que foi 'convidado a se retirar da manifestação' na capital paulista por relembrar dos mortos na chacina de Osasco na última semana.
REDAÇÃO
Na Avenida Paulista, manifestante lembra chacina de Osasco e Barueri e é convidado a se retirar do ato
“Hoje era para todo mundo estar de preto, em respeito às vidas que foram tiradas. Mas eu sei de uma coisa: aqui na Paulista não tem disparo acidental. Na periferia tem, todo dia. E o que acontece com o policial que causou isso? Nada”, as palavras são do manifestante Júlio César Mendes, que no último domingo esteve na Avenida Paulista para protestar contra a chacina ocorrida em Osasco e Barueri na última quinta-feira, 13 de agosto, que resultou ao menos em 18 mortes.
Apesar disso, sua voz não teve lugar em meio à multidão que deixou as panelas de lado para pedir intervenção militar ou impeachment. Júlio César foi convidado a se retirar da manifestação e os poucos mais de 20 quilômetros - que separam o endereço mais popular da capital paulista e o bairro osasquense - ganharam a intransponível distância que separa o centro da periferia.
Se em bairros das classes média e alta de todo Brasil, as balas perdidas nunca erraram seu destino, em São Paulo o cenário não é diferente. E vai além. Na maior cidade da América do Sul, o número de pessoas mortas em confrontos com policiais bateu recorde: a maior média dos últimos dez anos em um total de 358 assassinatos no período de seis meses; 128% a mais que as 157 vítimas registradas no mesmo período de 2013.
Quem confia na polícia?
Em entrevista ao jornal O Globo, o ouvidor de Polícia de São Paulo, Júlio César Fernandes Neves, afirmou que os autores da chacina são policiais.
Para Neves, os ataques respondem às características de outras chacinas ocorridas nos últimos anos, que contaram com a participação de policiais e que tiveram como estopim a morte de outros agentes de segurança. As 18 pessoas foram assassinadas após as mortes de um policial militar e de um guarda civil metropolitana entre as duas cidades.
No último sábado, 15 de agosto, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo divulgou o resultado dos laudos do Instituto de Criminalística que revelaram a procedência das armas usadas pelos autores da chacina: calibres 380, 38, 45 e 9 mm, todas restritas ao uso exclusivo de integrantes das forças de segurança. Entretanto, o secretário de segurança pública Alexandre de Moraes minimizou a possibilidade de os autores da chacina serem policiais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é sua opinião, que neste blog será respeitada