Greve da PM elege tucano em Salvador
Por Altamiro Borges
Há quem garanta que a derrota das esquerdas na eleição para a prefeitura de Salvador deveu-se, entre outros fatores, à inabilidade com que o governador Jaques Wagner (PT) lidou com as greves da Polícia Militar e dos professores da rede estadual. Sua intransigência frustrou parcelas dos trabalhadores e do sindicalismo. Esta opinião demanda mais debate. Mas uma coisa é certa: a direita soube se aproveitar destes episódios. Tanto que o principal líder da greve da PM foi eleito vereador pelo PSDB, com o apoio do demo ACM Neto.
O ex-policial Marco Prisco foi o quarto mais votado na disputa por uma vaga na Câmara Municipal de Salvador e liderou na coligação proporcional composta por DEM-PSDB. Ele obteve 14.820 votos e já está com a língua afiada: “É uma resposta da população ao governo da Bahia”. Na greve de fevereiro passado, o sindicalista ficou famoso por suas posições radicalizadas, sendo acusado de promover atos de violência. Na época, ele jurou que não seria candidato a vereador, tentando evitar críticas à partidarização do movimento.
Marco Prisco tem uma trajetória política complicada. Já militou em partidos de esquerda e disputou outras eleições. Segundo a Folha, em matéria publicada em 30 de setembro, “ele tentou ser vereador em 2008 pelo PSOL, e deputado estadual em 2010 pelo PTC”. Na sequência, ele se filiou ao PSDB. Durante a greve da PM, que durou 12 dias, ele recebeu o inusitado apoio de ACM Neto, já então pré-candidato a prefeito pelo DEM e feroz inimigo das lutas dos trabalhadores. Um nítido caso de oportunismo eleitoral!
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