Relação de nomes inclui seis investigadores, dois delegados e quatro policiais militares de São José; carta está desde março com o Comando da PM
Wilson Silvaston
São José dos Campos
Um policial militar aposentado de São José dos Campos descobriu por acaso que seu nome aparece em uma lista de agentes de segurança pública supostamente jurados de morte pelo PCC (Primeiro Comando da Capital). A carta está em poder da Ouvidoria de Polícia de São Paulo desde março, mas o PM diz não ter recebido nenhum alerta até hoje.
A listagem traz os nomes de seis investigadores, dois delegados e quatro policiais militares, todos de São José, que estariam marcados para morrer. Além dos nomes, o texto ainda dá detalhes das funções e locais onde os agentes trabalham.
A denúncia foi encaminhada de forma anônima à Ouvidoria. O PM aposentado ficou sabendo da ameaça por investigador da Polícia Civil.
“Quando esse colega viu o meu nome na carta, resolveu me avisar para que eu tomasse cuidado”, disse o PM, que não quis ser identificado.
Revolta. Além do temor de ser vítima de um assassinato, o policial aposentado cobra explicações do Comando da PM, por não ter sido avisado que estava na lista.
“Essa carta chegou à Ouvidoria em março, e ninguém me avisou de nada. Mesmo que isso seja falso, eu tinha o direito de saber que meu nome estava ali”, afirmou.
O nome dele também consta em uma outra lista encontrada com um adolescente de 17 anos no dia 24 de outubro, em Santana, zona norte de São José.
Além da relação de nomes, que incluia o ex-policial militar Florisvaldo de Oliveira, o Cabo Bruno, morto no dia 26 de setembro, o rapaz ainda carregava um desenho mostrando homens em uma motocicleta atirando contra uma base da PM. O material está sendo investigado pela polícia.
As ameaças já mudaram a rotina do aposentado, que nas poucas vezes que sai à rua, carrega a arma. “É complicado, pois você dedica 30 anos de sua vida à PM e agora tenho que viver com medo e sem nenhum apoio.”
Questionado sobre os motivos para a ameaça de morte, o PM diz que antes de sua aposentadoria, em janeiro, prendeu vários criminosos ligados ao PCC. “Nós, da PM, sempre tivemos uma atuação muito forte contra a quadrilha, por isso a revolta deles.”
Guerra. Um investigador ouvido pelo O VALE, que também integra a lista de nomes da mensagem, confirmou que há dois meses foi aberto um inquérito para apurar ameaças feitas a policiais da cidade.
Outra carta também indicando um esquema para matar policiais militares já havia sido divulgada pela Polícia Civil na semana passada.
“Se essas informações eram de conhecimento do comando e os policiais da lista não foram avisados, o Estado poderia ser responsabilizado, caso acontecesse alguma coisa com eles”, afirmou George Melão, presidente do sindicato dos delegados da Polícia Civil.
Até o final da tarde ontem, 89 PMs, sendo 71 da ativa, foram mortos no Estado, a maioria na grande São Paulo em 2012, de acordo com a Secretária de Segurança Pública. Nenhuma morte relacionada ao confronto entre PMs e PCC foi registrada no Vale.
“Isso não quer dizer que a região está livre da ameaça. Esse grupo quer confrontar o Estado e onde eles encontrarem oportunidade vão atacar”, afirmou Melão.
Carta do PCC Foto: Thiago Leon
Ameaça
Carta encaminhada para a Ouvidoria da Polícia do Governo do Estado denuncia um plano do PCC para matar policiais civis e militares de São José
Alvos
De acordo com a denúncia anônima, seis investigadores, dois delegados e quatro PMs estariam na lista dos marcados para morrer
Estratégia
Esta foi a segunda carta divulgada em menos de uma semana. Na última sexta feira, outra denúncia anônima também indicou a ameaça
Desenhos Em outra ocorrência relacionada a ameaças do PCC, um jovem de 17 anos foi apreendidos com desenhos retratando ataques contra bases da PM e um ônibus incendiado
Outro lado
Comando desconhecia carta
São José dos Campos
O coronel Leônidas Pantaleão de Santana, comandante do CPI1 (Comando de Policiamento do Interior) do Vale do Paraíba informou ontem que desconhecia a existência da suposta carta indicando uma lista com nomes de policiais marcados para morrer em São José dos Campos.
Santana disse que o setor de inteligência vai investigar as informações. Porém, o comandante descartou a necessidade de um alerta contra a possibilidade de ataques.
“Até então não temos nenhum indicativo da possibilidade de atentados na nossa região, porém como gosta de afirmar nossos policiais são orientados a estarem sempre alertas, tanto no trabalho quando no momento de folga”, disse.
Investigação. O diretor do Deinter 1 (Departamento de Polícia Judiciária do Interior), João Barbosa Filho, disse ontem que existem investigações em andamento sobre supostas cartas com ameaças contra policiais. Ele informou ainda que o procedimento nesses casos é comunicar os policiais mencionados nas denúncias, inclusive de outras corporações.
Mas o diretor não soube confirmar se a carta enviada para a Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo, em março, foi encaminhada para as polícias no Vale do Paraíba.
O VALE tentou contato ontem com representantes da Ouvidoria de Polícia de São Paulo, mas devido ao feriado de Finados ninguém foi encontrado para falar sobre o caso.
Fonte: O VALE
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