Secretário diz que mais PMs podem estar envolvidos em chacina Seis policiais tiveram a prisão decretada pela Justiça nesta quinta-feira. Segundo Fernando Grella, PMs negaram envolvimento com as sete mortes. Marcelo Mora Do G1 São Paulo
O
secretário da Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella, disse
que outros policiais militares podem estar envolvidos na chacina que
deixou sete mortos no dia 4 de janeiro no bairro do Campo Limpo, na Zona
Sul de São Paulo.
Nesta
quinta-feira (24), a Justiça decretou a prisão temporária de seis
policiais militares, cinco homens e uma mulher, suspeitos de participar
das mortes. Grella disse, em entrevista na sede da secretaria, no Centro
de São Paulo, que as investigações e diligências vão continuar para
tentar confirmar a eventual participação de outros policiais no crime e
identificá-los.
Os
seis PMs com prisão decretada vão responder por sete homicídios
qualificado e por duas tentativas de homicídio, já que duas pessoas
ficaram feridas na ação dos policiais.
Entre
os mortos, está o DJ Lah. As vítimas estavam em um bar, na rua
Reverendo Peixoto da Silva, a mesma onde quatro PMs foram filmados
matando um servente de pedreiro, em novembro passado, quando foram
atingidas. Segundo o secretário, os policiais negaram envolvimento no
crime.
“Há
relatos de testemunhas de que seriam até 14 policiais envolvidos na
chacina, mas tudo isso será confirmado nas diligências”, disse Grella.
Os
seis policiais militares, cinco homens e uma mulher, já cumpriam prisão
administrativa por determinação da Corregedoria da PM. Foram presos o
sargento Adriano Marcelo do Amaral, a cabo Patrícia Silva Santos e o
soldado Carlos Roberto Alvarez, que estavam em um carro da Força Tática,
dando apoio aos demais policiais, durante a suposta ação criminosa.
De
acordo com o secretário, o tablet instalado no veículo ficou desligado
por cerca de 54 minutos na data da chacina. Além deles, foi preso o
soldado Anderson Francisco Siqueira, que, na função de armeiro do 37º
batalhão naquela data, teria facilitado a saída de uma espingarda
calibre 12 utilizada no crime. Os peritos constataram que o DJ Lah havia
sido atingido no rosto pela coronha de uma arma pesada. A perícia
comprovou que na coronha da espingarda havia sangue humano, mas o exame
do DNA ainda não está pronto.
Secretário (centro) fala sobre a prisão de policiais (Foto: Marcelo Mora/G1)
Na
casa do soldado Fabio Ruiz Ferreira, outro PM preso, os corregedores e
investigadores do DHPP encontraram toucas ninjas e placas frias dos
carros utilizados nas ações.
Dois
dias depois da chacina, o policial registrou o roubo de sua pistola
.40, despertando a suspeita da Corregedoria. A arma não foi localizada
até o momento. Por último, foi preso o soldado Gilberto Eric Rodrigues.
A
perícia comprovou que ao menos três projéteis, sendo que dois deles
foram encontrados em duas vítimas diferentes, partiram da pistola .40
dele. No local da chacina, os peritos recolheram três cápsulas de
pistolas .40, 41 de pistolas 380 e cinco de espingarda calibre 12. “Além
disso, outros estojos foram recolhidos por policiais militares, segundo
testemunhas”, disse o secretário.
Para
ele, todos estes indícios foram suficientes para justificar a prisão
temporária dos policiais militares. “Só foi possível chegar a esse
primeiro passo graças ao trabalho conjugado da Corregedoria da PM, do
DHPP e da Polícia Técnico-Científica.
Foi
graças a essa união de forças que conseguimos colher elementos de
provas robustas contra esses policiais. São exceções, obviamente. Todas
as instituições têm problemas, mas o que é preciso é que não se jogue o
problema para debaixo do tapete”, disse.
O
que teria motivado a ação criminosa dos PMs ainda será mais
investigado, segundo o secretário. “Parece que tem relação com outro
crime que ocorreu bar em frente ao local da chacina dois meses antes.
Estamos empenhados em esclarecer todos estes detalhes”, afirmou.
Os policiais suspeitavam que teria sido o DJ Lah, como é conhecido o rapper Laércio Grimas, o responsável por filmar o servente de pedreiro sendo morto, o que acabou não se confirmando, posteriormente.
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