As
evidências dos abusos e da ação criminosa das polícias de São Paulo são
tão flagrantes e se dão a tanto tempo que, infelizmente, há a uma
tendência a naturalização. Por essa razão, causa surpresa que denúncias
surjam da própria corporação. E foi justamente o que aconteceu quando da
veiculação na grande mídia da dissertação de mestrado major da Polícia
Militar de São Paulo, Airton Edno Ribeiro, Mestre em Educação das
Relações Raciais e chefe da divisão de ensino do Centro de Altos Estudos
de Segurança (CAES), que fez o estudo sobre “A Relação da Polícia
Militar Paulista com a Comunidade Negra e o Respeito à Dignidade Humana:
a Questão da Abordagem Policial”
Ribeiro, com conhecimento de causa, traça um forte relato sobre como a questão é tratada no interior da PM:
“há
um silêncio na Polícia Militar paulista sobre os problemas referentes à
cor, à negritude e ao racismo, tanto na relação com a população
afrodescendente, como dentro da própria Instituição, onde a presença
negra sempre foi expressiva entre as praças”. – Fonte: O vermelho
Para
o policial, características étnicas próprias e perfil socioeconômico e
cultural diferenciados, dada a convivência com a pobreza, favorecem o
surgimento de criminosos.
“É
na realização diária da atividade de polícia ostensiva que se manifesta
a individualização dos pensamentos do policial e de seus preceitos
humanos, ou seja, estando o policial de serviço na viatura, sozinho ou
com um companheiro, ele escolhe diretamente a pessoa a ser abordada ou
influencia o outro policial a abordar. E nesse contexto a escolha da
pessoa a ser abordada recai sobre o negro em qualquer situação, em
sutilezas que tomam conta das condutas dos policiais no exercício do
policiamento”. Fonte: O vermelho
Em
recente palestra proferida em São Paulo, o Major falou também sobre a
percepção do policial que faz a revista. De acordo com essa percepção “o
destino do negro é ser abordado”; “quem coopera não apanha”, “o
policial negro não se sente negro”; “e negros esclarecidos irritam a
Polícia”.
Da impunidade: de Robson à Flavio
A impunidade aos atos de violência policial é histórica no Estado de São Paulo.
Em
1978, o trabalhador Robson Silveira da Luz, foi preso e torturado no
44º distrito policial de Guaianazes, sob a responsabilidade do delegado
Alberto Abdalla, que foi condenado pelo ato, mas até hoje não passou um
único dia na prisão, pelo crime cometido.
Os Policiais Militares que mataram o dentista Flavio Santana, em 2002, foram condenados, presos e logo libertados.
Agora
os casos de tortura e morte dos motoboys – Eduardo Pinheiro dos Santos e
Alexandre Santos nos apontam ações cada vez mais ousadas, fruto da
impunidade que acompanha as ações de violência policial no estado de São
Paulo.
Foram vítimas de tortura, com Alexandre sendo enforcado diante da mãe. Os policiais militares agiram com requinte psicopático.
Há de se dar fim à impunidade da violência policial, sob pena de esta violência ganhar dimensões cada vez mais bárbaras.” http://www.uneafrobrasil.org
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Racismo nas abordagens é marca da PM, diz major negro
terça-feira, junho 1, 2010
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