“Bandido bom é bandido morto”. A frase repetida à exaustão nas redes sociais brasileiras parece perder força justamente onde ela é colocada em prática. A lei abolindo a pena de morte no estado do Nebraska, nos EUA, segundo especialistas, aponta uma tendência do setor mais conservador da sociedade norte-americana de se posicionar contra à punição extrema.
O Nebraska foi o primeiro estado conservador a abolir a pena de morte em mais de 40 anos. Governado pelo Partido Republicano, o estado fica ao lado de Dakota que, em 1973, se tornou o último estado declaradamente conservador a acabar com a pena de morte. O processo, no entanto, foi cercado de polêmicas.
Das 49 cadeiras do legislativo estadual, 36 estão nas mãos dos republicanos, partido da situação por lá. A lei foi aprovada na semana passada com 32 votos a favor e 15 contrários, mas logo foi vetada pelo governador — e defensor da pena de morte — Pete Ricketts. Aí, então, ocorreu o passo decisivo, segundo especialistas: os legisladores conseguiram os 30 votos necessários para derrubar o veto e tornaram o Nebraska o 19º estado norte-americano a abolir a prática.
“A decisão [no Nebraska] reflete essa tendência nos Estados Unidos. Pesquisas indicam que a rejeição à pena de morte vem crescendo em todos os setores da sociedade norte-americana, inclusive nos mais conservadores”, afirma Robert Duham, diretor-executivo do Centro de Informações sobre a Pena de Morte, à BBC Brasil.
A queda no apoio à pena de morte nos setores sociais mais conservadores é visível em pesquisa Gallup, que aponta que 81% dos republicanos apoiavam a prática em 2013 contra 76% em 2014, queda expressiva de cinco pontos percentuais. Já outro estudo, comandado pelo Pew Research Center, mostra que há 20 anos 78% dos norte-americanos eram favoráveis à pena capital, contra 55% em 2015.
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