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O verdadeiro desafio não é inserir uma idéia nova na mente militar, mas sim expelir a idéia antiga" (Lidell Hart)
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segunda-feira, 7 de setembro de 2015

A chacina na Grande São Paulo e o que não aprendemos com os crimes de Maio de 2006


Por Cecília Olliveira

Uma série de ataques a noite de 13 para 14 de agosto de 2015 deixou um saldo - oficial - de 19 mortos e sete pessoas feridas nas cidades de Osasco, Barueri e Itapevi, em um intervalo de aproximadamente duas horas e meia. Moradores afirmam que há uma "operação abafa" e que na realidade o número de mortos pode passar de 40.

Segundo o secretário de Segurança Pública de SP, Alexandre de Moraes, foram 15 mortos em Osasco, três em Barueri e um em Itapevi. Para a Folha de S. Paulo ele disse: "Não descartamos nenhuma hipótese", ao indicar que uma das linhas de investigação é a participação de policiais, após recentes mortes de um PM e de um guarda civil metropolitano na região dos assassinatos.

Segundo testemunhas, os assassinos saíram dos carros, perguntaram quem tinha passagem pela polícia e começaram a atirar.

Cápsulas de três diferentes calibres de armas foram encontradas próximo aos corpos das vítimas: 9 mm (de uso das Forças Armadas) e 38 e 380, de uso de guardas civis metropolitanos.

Há pouco o Estadão noticiou que em áudio de autoria desconhecida, um homem, que se identifica como integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC), avisa que haverá toque de recolher em Osasco, na Grande São Paulo, na noite desta sexta-feira, 14. A informação circula pelo WhatsApp entre moradores do Jardim Mutinga, região do bar em que dez pessoas foram baleadas em Osasco.

"Levaram uns parceiro nosso da quebrada (...) Os 'cara' quer guerra? Vai ter guerra então. A partir das 11 horas da noite de hoje, não quero ver zé povinho na rua, não, que o bagulho vai ser louco. O bagulho é o Primeiro Comando da Capital", diz o áudio, obtido pelo Estado



Essa história parece uma reedição de maio de 2006. Eu realmente gostaria que esse áudio fosse fake. Mas então você recorda do enredo passado.

O ataque de maio de 2006 teve influência direta de uma ação de corrupção policial ocorrida um ano antes. Em março de 2005, Rodrigo Olivatto de Morais, enteado de Marcola, foi sequestrado por policiais civis de Suzano, na Grande São Paulo, e só foi solto depois de o suposto líder da facção ter pago resgate de R$ 300 mil. Na sede do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), no dia 12 de maio de 2006, Marcos William Camacho comentou o sequestro de Morais: “Não vai ficar barato”, disse. Após a transferência de Marcola, neste mesmo dia, motins foram realizados em 74 penitenciárias do Estado de forma articulada. As informações constam em relatórios da Clínica Internacional de Direitos Humanos de Harvard, dos Estados Unidos e da ONG Justiça Global.
Dos 564 mortos entre 12 e 26 maio de 2006, 505 eram civis. Pesquisa feita pelo Labóratório de Análise da Violência da UERJ revelou que enquanto os agentes públicos foram mortos nos dias 12 e 13, os civis foram assassinados, fundamentalmente, entre os dias 14 e 17. Isso revela um quadro de revanche.

Nos dois primeiros dias dos ataques, a proporção entre o número de agentes públicos mortos e o de civis foi semelhante. A partir do dia 14, para cada agente morto havia 10 civis mortos. No dia 17 , a proporção chegou à casa dos 20 mortos. (Mais infos aqui)

De acordo com a pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da USP Camila Dias, alguns desses bandos contam com a participação de policiais militares. Para ela, falta vontade política para combater os grupos de extermínio, uma vez que as vítimas são moradores de periferia, negros e pobres. A entrevista pode ser ouvida na íntegra aqui. Camila é autora do livro PCC: A hegemonia da violência nas prisões e o monopólio da violência. (Disponível aqui)

O primeiro policial julgado pelos crimes de maio de 2006 foi condenado em 2014.Cabo Alexandre André Pereira da Silva foi sentenciado a 36 anos de prisão pela execução de Murilo de Moraes Ferreira, Felipe Vasti Santos de Oliveira e Marcelo Heyd Meres, no bairro do Jardim Brasil, entre a Avenida Sanatório e a Rua Ramiz Galvão. Eles estavam em um grupo de seis pessoas que conversava em um lava-rápido quando motoqueiros encapuzados passaram efetuando disparos contra os rapazes, três foram alvejados e mortos no local, os outros conseguiram se esconder dentro de um lava-rápido.

A questão é: aprendemos algo com 2006?


Fonte: Blog Arma Branca

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