O que não pode ser discutido é, por definição, um falso conhecimento e falsos conhecedores, de quase tudo, é o que mais temos por aí, nesses dias.
As pessoas não gostam de ser contrariadas, especialmente quando acreditam ter encontrado a última verdade.
É assim em quase tudo, do futebol à religião, passando por economia e política. Dos assuntos que interessam aos que são absolutamente irrelevantes, dos conhecimentos técnicos à pura superstição, é como se para tudo organizássemos grandes “times” que competem entre si pela “razão”.
Essa é uma postura que temos de combater, pois é dela que deriva a intolerância e tudo de ruim que daí decorre. É também essa forma de lidar com a vida que afasta as pessoas uma das outras e as faz mais egoístas, pois fechar-se em si mesmo, na verdade, é apenas encontrar um time tão pequeno que nele só cabe uma pessoa.
Com o tempo, estamos todos como aquelas crianças que tapam os ouvidos enquanto começam a gritar, como se o fato de não saber o que o outro pensa fizesse alguma diferença efetiva.
O pior é que as pessoas que se cercam sempre de quem pensa como elas reforçam em si a impressão de que suas conclusões são as únicas possíveis. Logo, passam a hostilizar e ridicularizar qualquer outro ponto de vista, não percebendo, muitas vezes, que é a opinião delas que beira a estupidez e a ignorância, exatamente porque são incapazes de aprender qualquer coisa nova.
Essas pessoas são impermeáveis mesmo à experiência e à realidade, que é considerada apenas se confirma o que já acreditavam. Se os fatos diferem de suas certezas é porque foram manipulados pela mídia golpista, pela imprensa conservadora ou pelas instituições corruptas – mas nunca porque suas conclusões podem ter sido apressadas ou mereçam alguma nova reflexão.
Essa me parece uma existência pobre e muito arriscada, a do tolo que se acredita sábio. É como dizem os antigos: o cego que já viu de tudo e o surdo que já ouviu todas as histórias.
Assim, o melhor é se abrir para o diálogo, sempre com o necessário respeito à opinião do outro, mesmo que pareça uma enorme ignorância, logo no começo. Isso não nos diminuirá e, na pior das hipóteses, teremos a chance de ensinar alguma coisa a nosso interlocutor. Na melhor, acabamos aprendendo nós mesmos mais um pouco, o que nunca é demais.
Karl Popper, um teórico de quem gosto muito, já disse: o que não pode ser discutido é, por definição, um falso conhecimento.
Isso é o que mais temos por aí, nesses dias, falsos conhecedores de tudo, que estão tão solene e confortavelmente sentados em suas certezas, que não percebem as evidências de seu pobre e falso conhecimento sobre as coisas.
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