Acorda, Policial e Bombeiro Militar!


O verdadeiro desafio não é inserir uma idéia nova na mente militar, mas sim expelir a idéia antiga" (Lidell Hart)
Um verdadeiro amigo desabafa-se livremente, aconselha com justiça, ajuda prontamente, aventura-se com ousadia, aceita tudo com paciência, defende com coragem e continua amigo para sempre. William Penn.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Comissão questiona norma que pune militar licenciado




Ato administrativo da PM determina que policiais em licença médica informem aos seus superiores onde se encontram.
“Atos administrativos estão sujeitos a falhas e podem ser revistos a qualquer momento”. Com essa frase conciliatória, o chefe da Seção de Recursos Humanos da Polícia Militar, tenente-coronel William Soares Sobrinho, referiu-se a um memorando polêmico que tem sido interpretado como uma imposição de prisão domiciliar a policiais em licença médica. O assunto foi debatido nesta quarta-feira (27/11/13) em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
O autor do requerimento para a reunião, deputado Sargento Rodrigues (PDT), levou ao conhecimento dos demais parlamentares o conteúdo de um memorando expedido pelo tenente-coronel Helbert Figueiró de Lourdes, comandante do 1º Batalhão da PM, em 4 de novembro deste ano. No documento, o oficial determina a punição de um soldado que, em licença por problemas de saúde, não foi encontrado em casa pelo oficial da junta médica destacado para visitá-lo.
Destacando pontos da Constituição Federal que deixam clara a igualdade de direitos entre cidadãos civis e militares, o deputado Sargento Rodrigues insistiu que a Polícia Militar não pode impor prisão domiciliar a ninguém. “Se o comando da PM acha que policiais estão obtendo atestados falsos, o memorando não é o remédio para isso”, disse o parlamentar. Para ele, esse procedimento é uma afronta ao Poder Legislativo. “Se querem legislar, que se submetam às urnas”, desafiou.
O presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), citou que o tema já foi debatido diversas vezes na ALMG. Ele lembrou a visita que diversos deputados fizeram ao Comando-Geral da PM no último dia 15 de maio. Na ocasião, recordou, o comandante Márcio Martins Sant’Anna admitiu que havia excessos em algumas decisões normativas e que uma comissão seria montada para reavaliá-las. Segundo o tenente-coronel William Soares, os trabalhos ainda não foram concluídos, mas diversos atos já passaram por revisão.
O tenente-coronel Helbert Figueiró negou que policiais em licença médica estejam submetidos a prisão domiciliar. A interpretação que ele faz da resolução, criada em conjunto entre os comandos da PM e do Corpo de Bombeiros, não impõe que o policial fique em casa, mas que comunique a seu superior o local onde se encontra. “Sou um multiplicador dos direitos humanos na Polícia Militar, sei dos nossos limites”, ponderou o comandante do 1º BPM.
“Quando pedimos que o policial nos diga onde está, é para permitir que o serviço médico militar acompanhe sua recuperação, para que ele possa voltar ao trabalho o mais rápido possível”, acrescentou o presidente da Junta Central de Saúde da PM, tenente-coronel Cleinis de Alvarenga Mafra Júnior. Ele classificou as visitas dos oficiais da junta médica como “tranquilizadoras”. E garantiu que a norma determina que o oficial de saúde acompanhe o militar, mas não obriga esse militar a abrir as portas da sua casa.
A fala do tenente-coronel Mafra Júnior irritou o deputado Sargento Rodrigues, que a classificou de irônica e desrespeitosa. Após dizer que ele “deve viver no mundo da lua”, o deputado lembrou o caso do soldado Elton Rodrigues Marques. Acusado de cometer infração disciplinar por não ter sido encontrado em casa, apesar de estar em licença médica, ele foi punido com a perda de 14 pontos na carreira e prestação de serviços.
Outros parlamentares se manifestaram sobre o tema da reunião. O deputado Cabo Júlio (PMDB) disse que as visitas não são “tranquilizadoras”, e sim “fiscalizadoras”. Ele acrescentou que em nenhum outro lugar do mundo um trabalhador em licença médica tem que informar a seus chefes onde se encontra. “Isso é uma violação”, destacou.
Para o deputado Rômulo Viegas (PSDB), a apresentação de atestados médicos falsos não pode ser considerada uma regra pelo comando da PM.
Já o deputado Duarte Bechir (PSD) disse acreditar que os mundos do civil e do militar são diferentes, e por isso precisam de normas, condições e rigores distintos. “A PM precisa ter normas próprias para lidar com seus militares”, defendeu, concordando com a opinião do vice-presidente da Associação dos Oficiais, Ailton Cirilo.

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