Formada há dois anos e meio por trabalhadores do extinto jornal Eleftherotypia, esta cooperativa produz o segundo jornal mais vendido em Atenas.
Nuno Moniz e Catarina Príncipe - Esquerda.net
"Efimerida”, ou liberdade de imprensa. É o jornal produzido por uma cooperativa de jornalistas há dois anos e meio. Grande parte dos jornalistas que hoje lá trabalham, e que estiveram no começo deste jornal, faziam parte do Eleftherotypia. Este fechou há alguns anos, entre dívidas de impostos e de empréstimos bancários, e pôs cerca de duas mil pessoas no desemprego.
Uma parte destas pessoas encontrou uma solução ao criar uma cooperativa de jornalistas, em que toda a gente tem a mesma quota e em que todos recebem o mesmo salário ao fim do mês, desde um simples jornalista, até ao diretor do jornal, passando pelos editores.
Esta solução foi a melhor que encontraram para poderem ter maior liberdade de expressão. O critério editorial é simples: liberdade de expressão, da imprensa, e das pessoas. Traçam a linha na extrema-direita, racismo, homofobia e todos os ataques à dignidade humana.
São claros na sua opinião sobre a maioria dos media gregos, afirmando que são corruptos no sentido de protegerem os poderes instituídos incluindo os partidos pró-memorando da troika. Aliás, uma das notícias de ontem na capa da edição era exatamente sobre a isenção dum total de 40 milhões de euros de impostos, por um ano, aprovada pelo ainda Governo da Nova Democracia e PASOK, a muitos destes media.
Têm causado mossa. Os processos são recorrentes, tendo sempre saído por cima. Só nos últimos meses, ganharam processos interpostos por membros de governo e por dirigentes do Xrisi Avgi, a extrema-direita nazi. E o Primeiro-Ministro Samaras continua a recusar dar-lhes qualquer entrevista.
Neste momento são o segundo jornal mais lido em Atenas em alguns dos dias da semana e fim-de-semana, e em conjunto garantem a viabilidade económica da edição. É uma história de como o cooperativismo pode contribuir tão claramente para, por um lado, dar voz às situações que são ignoradas pela imprensa que é protegida pelos interesses, e por outro lado, resolver o problema do emprego coletivamente, garantindo a igualdade entre todos e todas, quer nos processos quer nos salários.
A pressão europeia não é só aos gregos e gregas
Uma das questões mais levantadas nas sessões de esclarecimento do programa do Syriza é a questão da corrupção. Nos últimos anos tem sido bastante recorrente o aparecimento de novos casos de corrupção envolvendo atuais e antigos membros do Governo e do Parlamento grego. Seria, então, de esperar que essa fosse uma questão central de interesse duma parte considerável da sociedade grega. Nesse sentido, além das fontes anónimas de dentro do Ministério das Finanças e da Economia noticiadas, que garantem que estão a ser destruídos documentos vitais para qualquer tipo de investigação por parte dum próximo Governo, sabemos também hoje da pressão que as instituições europeias têm exercido sobre os mesmos Ministérios, diariamente. Essa pressão tem sido essencialmente no sentido de se manterem atualizados sobre a evolução do provável resultado das eleições e das soluções a serem encontradas no sentido de fazer cumprir o memorando da troika, exatamente a razão pela qual os partidos gregos do sistema irão, tudo aponta para isso, ser bastante castigados nas urnas.
Comício de Omonoia
Esta quinta-feira realiza-se o grande comício da campanha do Syriza, em Atenas. Depois de alguma dúvida sobre qual o espaço em que se realizaria, devido à possibilidade de chuva, o risco foi assumido e o espaço será a praça de Omonoia. É um lugar recorrente para os grandes comícios, tendo o último sido nas eleições europeias. Vários milhares de pessoas são esperados e o comício contará com uma presença enorme de partidos e movimentos da esquerda europeia, em solidariedade.
É a última grande acção pública em Atenas (na sexta-feira a campanha desloca-se para Creta) e é apontada como um momento simbólico, tendo em conta que, a confirmarem-se as várias sondagens desde o início do mês, será o último momento do Syriza enquanto apenas o maior partido da oposição.
Créditos da foto: reprodução
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