Segundo diretoria da empresa, se não chover o suficiente em 2015, sistema de abastecimento entrará em colapso.
O diretor de Operações Metropolitanas da Copasa, Rômulo Thomáz Perille, afirmou aos deputados da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) que se o índice de chuvas na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) este ano não for superior ao registrado em 2014, os mananciais podem secar completamente até o mês de agosto. A declaração foi dada em audiência pública realizada nesta quarta-feira (28/1/15).
De acordo com o representante da Copasa, a situação dos reservatórios do Estado é gravíssima. Ele explicou que os mananciais estão deteriorados e o índice dos armazenamento é de apenas 30%, enquanto em anos anteriores superava os 70%. “A ação imediata para controlarmos o problema é a redução do consumo pela população. Sobretaxas, rodízios de fornecimento e racionamento ainda podem ser adotados”, alertou. Além de contar com o apoio da sociedade, Perille afirmou que será implantado um plano de contingência que contempla a perfuração de novos poços artesianos, a ampliação da captação nas nascentes e a busca de pontos de vazamento e desperdício.
O vice-presidente da Copasa, Antônio César Pires Miranda Júnior, reforçou as palavras do diretor de operações e destacou que a nova gestão da empresa pretende se pautar pela transparência e pela proteção social dos seus colaboradores. Ele também destacou que a situação da água em Minas Gerais é crítica e não será totalmente resolvida em curto prazo.
“O plano de contingência será adotado e o governador Fernando Pimentel está buscando apoio da União para que o trabalho tenha início o quanto antes”, disse Antônio César. Ao lembrar que não houve planejamento da empresa nos últimos anos, ele também não descartou a possibilidade de racionamento ou sobretaxa pelo mal uso da água.
Deputados cobram fiscalização da mineração
O presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), disse que a crise da água é global, mas alertou que os minerodutos têm agravado o problema em Minas Gerais. “Água vale mais que minério. Venho denunciando o risco de falta de água há mais de 20 anos na comissão e, em 2014, o prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda rechaçou esses alertas. Agora não há como esconder a crise”, salientou.
O deputado Rogério Correia (PT) apontou a má gestão e a falta de chuvas como as causas da crise hídrica do Estado. Ele sugeriu a criação de uma Secretaria Extraordinária das Águas e defendeu a redução da mineração, a adoção de ações que preservem os reservatórios de água e um maior controle da irrigação na agricultura. “O consumo maior não é o residencial, e sim o da agropecuária. A população tem que ajudar, mas é preciso rever o gasto nas lavouras”, ponderou.
O deputado Fábio Cherem (PSD) criticou a gestão anterior da Copasa, que, segundo ele, não tratou a crise hídrica como deveria. Para ele, a escassez de chuva é um fato, mas não foram feitas ações de conscientização e mobilização da sociedade. “A gestão da água agora será radical, mas essa crise poderia ter sido evitada”, afirmou.
Os deputados João Leite (PSDB) e Duarte Bechir (PSD) discordaram das críticas à gestão anterior da Copasa. Para eles, o antigo governo realizou ações e iniciativas que serão mantidas pela atual gestão. Para ambos, o problema não é apenas em Minas Gerais, mas nacional.
A deputada eleita Marília Campos (PT), que também participou da reunião, defendeu que a população não pode arcar sozinha com todo o esforço pela economia de água. Ela acredita que a responsabilidade tem que ser dividida com outros setores da economia, como as indústrias e a agropecuária.
Comissão cobra providências
Ao final da reunião, foram aprovados diversos requerimentos relativos à crise hídrica. O deputado Durval Ângelo pede à presidente da República que o Parque Nacional do Gandarela, que tem mananciais que abastecem a RMBH, incorpore outros 20% de área que ficaram de fora do seu decreto de criação; que o Ministério do Meio Ambiente realize vistorias e fiscalize as ações das mineradoras que atuam na RMBH; e que a Mesa da ALMG crie uma comissão permanente das Águas.
O deputado Rogério Correia pede a criação da Secretaria Extraordinária das Águas, sem acarretar custos aos cofres públicos, fazendo uso do corpo técnico da Copasa, para que se pense estrategicamente a gestão da água no Estado.
Finalmente, o deputado Duarte Bechir solicita à presidente da República que isente as empresas de saneamento do pagamento de PIS e Cofins, de modo que essas companhias tenham mais recursos para investimento em gestão da água.
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