Vitor Abdala - Repórter da Agência Brasil* Edição: Marcos Chagas
As mortes provocadas pela polícia do Rio de Janeiro cresceram 40% entre 2013 e 2014, segundo dados divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão vinculado à Secretaria Estadual de Segurança. Em 2013, os policiais mataram 416 pessoas. Já no ano passado, esse número subiu para 582.
Segundo a coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec) da Universidade Candido Mendes, Silvia Ramos, as mortes são resultado de uma polícia que atira mais. Ela disse que a polícia fluminense deveria planejar melhor suas ações, para diminuir os confrontos com criminosos.
“Policial atirando nunca é bom. Policial só tem que atirar em último caso, para proteger sua própria vida. Muitas vezes o policial tem que atirar porque entrou no meio dos bandidos. Vale a pena entrar no meio de bandidos, no horário de escola, num sábado à noite, quando a rua está cheia? Não. Seria melhor planejar a operação, de forma que não resultasse nos bandidos tendo que atirar na polícia e a polícia tendo que atirar nos bandidos para se defender? De que adiantam essas operações? São milhares de operações. Na Vila Aliança [em Bangu] tem operação todo dia. E adianta de quê?”, questiona.
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Silvia Ramos disse que quando a polícia atira mais, há não só um aumento das mortes provocadas pelos próprios policiais como, também, uma intensificação da violência no estado e efeitos colaterais, como as balas perdidas.
“Quando a polícia aperta mais o gatilho, você tem mais tiroteio, mais gente morrendo, mais arma circulando, mais confronto. Só nos últimos dias, tivemos seis ou sete casos de pessoas totalmente desligadas do mundo do crime sendo atingidas por balas perdidas”, disse a professora.
Segundo os dados do ISP, a taxa de letalidade violenta no Rio de Janeiro (dado que inclui assassinatos, latrocínios e as mortes cometidas por policiais) cresceu 6,8% entre 2013 e 2014.
Procurada pela Agência Brasil, a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Segurança informou que não poderia comentar o assunto hoje.
*Colaborou Nanna Pôssa, repórter do Radiojornalismo
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