O tráfico de drogas está ligado à criminalidade violenta no Estado, principalmente ao homicídio. A venda de entorpecentes responde por cerca de 60% a 70% das mortes registradas em Minas, segundo estimativa do superintendente da Polícia Civil do Estado, Jefferson Botelho. “Estancando esse mal, vamos atingir os outros delitos”, avalia.
obteve os dados consolidados de assassinatos de 2014 relativos a quatro cidades do interior com mais de 300 mil habitantes – Uberlândia (Triângulo), Montes Claros (Norte), Uberaba (Triângulo) e Juiz de Fora (Zona da Mata). Dessas, as duas primeiras reduziram os índices de assassinatos em um ano, e as polícias atribuíram o resultado ao combate ao tráfico. O TEMPO
Em 2012, quando foram registrados 163 assassinatos em Uberlândia, as polícias Civil e Militar intensificaram o trabalho de inteligência para identificar a causa de um número considerado elevado de homicídios. Segundo o delegado regional da cidade, Samuel Barreto, constatou-se que a maioria das vítimas era usuária de drogas que não pagava a dívida com o traficante, aviãozinho (que vigia a aproximação da polícia), mula (que transporta o entorpecente) ou o traficante em disputa pelo ponto de venda. Como consequência desse trabalho, foram efetuadas cem prisões de suspeitos de homicídios no ano passado, quando se registraram 119 mortes, quase 18% a menos que em 2013, quando foram 145 óbitos.
Chefe da assessoria de comunicação organizacional da Polícia Militar (PM) de Uberlândia, Julio Cezar Cerizze Cerazo explicou que a corporação também passou a mapear as chamadas “zonas quentes” da cidade, locais onde há maior incidência de criminalidade. Os policiais constataram que o tráfico era maior na periferia, e o crime de furto, por exemplo, mais comum no centro.
Em Montes Claros, o delegado Bruno Rezende da Silveira informou que duas principais estratégias foram responsáveis para a redução do número de assassinatos. Em 2012, a criação da Delegacia de Homicídios passou a agilizar as investigações.
Além disso, uma parceria entre a PM, o Ministério Público de Minas Gerais e o Tribunal do Júri deu celeridade aos processos de assassinatos. “Em 2014, prendemos 63 pessoas e apreendemos sete adolescentes”, revelou o delegado. Os assassinatos passaram de 86, em 2013, para 77, no ano passado.
Combate. O superintendente da Polícia Civil, Jefferson Botelho, explicou que uma política de enfrentamento ao tráfico de drogas passa pelo trabalho de inteligência para desarticular grandes quadrilhas, com o propósito de identificar o líder do esquema. “Quanto mais se combatem as grandes quadrilhas, há uma tendência da diminuição do número de homicídios”, disse.
Além de identificar e prender o chefe, Botelho afirmou que o serviço de inteligência faz um raio X da região para identificar os possíveis sucessores no comando. Assim, a corporação tenta impedir que o círculo da criminalidade seja retomado.
Porém, um entrave para esse trabalho de combate, segundo Botelho, é a “benevolência da lei do tráfico”. O superintendente disse que a legislação prevê alguns benefícios processuais ao traficante. Aqueles que não fazem parte de uma quadrilha e não têm uma atividade intensa no tráfico podem prestar serviço comunitário.
Com Karla Scarmigliat (sob a supervisão de Flaviane Paixão)
O Tempo
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