São 22h05 de quinta-feira quando começam a chegar informes assustadores no WhatsApp de policiais militares de São Paulo:
- “Mike (policial) baleado, sendo socorrido no HGIS (Hospital Geral Itapecerica da Serra)”.
- “Mike do 25m (25º Batalhão Metropolitano) baleado na cabeça”.
São as redes sociais dos PMs em funcionamento, que são formadas por steves (policiais homens) e foxes (policiais femininas) de baixas e altas patentes. O instrumento não é oficial, mas se tornou “oficioso”. É tolerado pelo comando, compartilhando até informações reservadas – as quais, antigamente, costumavam ficar restritas ao serviço de inteligência.
Nessas redes, as mensagens também lamentam a morte dos colegas de farda e celebram quando quem tomba são os que eles chamam de “malas”, corruptela de “malaco”, gíria usada entre os policiais para se referir a criminosos. São publicadas fotos de suspeitos, mesmo sem indícios de culpa. Depois, não é incomum seus corpos aparecerem baleados no WhatsApp.
A VICE recebeu por um período as mensagens do WhatsApp dos policiais. Policiamento é o assunto sobre o qual menos se fala. A conversa que interessa é a guerra travada em São Paulo a partir de uma visão equivocada, que divide o mundo entre mocinhos e bandidos. Essa guerra vem corroendo a credibilidade da PM e provocando mais violência em vez de combatê-la.
Duas horas antes das primeiras trocas de mensagens pelo aplicativo, perto das 20 horas de quinta, o policial Anderson Silva Duarte, de 32 anos, estava curtindo a folga em um bar em Itapecerica da Serra quando quatro homens chegaram para assaltar o local.
Anderson correu para o banheiro e saiu disparando, como se fosse um super-herói de filme americano. Baleou um dos assaltantes, mas acabou levando um tiro na cabeça de um dos comparsas da quadrilha e faleceu. O WhatsApp da polícia narrava as sequências praticamente em tempo real, conforme as viaturas locais chegavam à cena do crime e descreviam o ocorrido e o resultado da ocorrência.
- Baleou “os malas”, mas eles se evadiram.
- “O mala acabou de ser dispensado no PS Serra Maior por uma Space Fox prata. Área do 16″.
Depois do assalto e dos tiros, a quadrilha conseguiu roubar um Space Fox e fugir. Eles deixaram o ladrão baleado no estacionamento do Pronto-Socorro para receber atendimento. Essa foi a informação passada na rede. A última foto já é do corpo do ladrão morto, cujo foco está na área do tiro na barriga.
- O mala do QRU (mensagem) do Mike.
- Mala bom é assim. Mala morto.
A mensagem é seguida por três sinais de curtir.
Veja matéria completa na fonte: http://www.vice.com/pt_br/read/homicidios-promessas-de-vinganca-medo-e-o-recorde-da-violncia-policial-em-sp-pos-whatsapp
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é sua opinião, que neste blog será respeitada