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quarta-feira, 6 de maio de 2015

Trabalho de comunidades terapêuticas religiosas é defendido


Representantes de igrejas evangélicas participam de audiência da Comissão do Crack, nesta terça-feira (5).

A recuperação de dependentes químicos promovida pelas comunidades terapêuticas e outras entidades, principalmente aquelas ligadas às igrejas evangélicas. A suposta discriminação que essas entidades estariam sofrendo por parte de membros do Governo do Estado. Esses foram os temas centrais tratados na audiência pública da Comissão de Prevenção e Combate ao Uso de Crack e Outras Drogas.
Realizada na tarde desta terça-feira (5/5/15) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), a reunião foi solicitada pelo deputado Leandro Genaro (PSB). E contou com a participação de representantes de várias comunidades terapêuticas, principalmente vinculadas à Igreja Quadrangular, na qual Leandro Genaro é pastor.
O parlamentar avalia que a religião é imprescindível no tratamento de dependentes químicos. “Não há qualquer procedimento, tratamento ou remédio que por si só traga a cura para o usuário”, afirmou. Genaro acrescentou que a igreja a qual pertence bem como as entidades coligadas que atuam junto aos dependentes químicos acreditam no tratamento integral, que cure o corpo, a mente e o espírito. “Não estou falando de religião, estou falando de fé. Para livrar as pessoas do mal das drogas de maneira definitiva só por meio da fé”, completou.
Ex-dependente - Para corroborar essa ideia, Leandro Genaro citou o caso de Adão Carvalho Rocha, uma liderança na Igreja Quadrangular. O deputado citou reportagem do jornal Hoje em Dia, de 2007, sobre Adão, considerado à época o maior traficante de Belo Horizonte, atuando na Pedreira Prado Lopes. O texto afirmava que Adão Rocha era dono da boate Bufalo Beer, na Savassi, a qual era a fachada para lavagem de dinheiro promovida pelo tranficante. “Hoje, Adão é líder de célula na nossa igreja”, comemorou.
Presente à reunião, Adão Rocha relatou que nasceu na Pedreira e nesse ambiente acabou se envolvendo com as drogas, primeiramente, como usuário de maconha, depois de cocaína e crack, até se tornar traficante. Acabou sendo preso ficando na cadeia por quatro anos. Quando saiu, encontrou apoio na Igreja do Evangelho Quadrangular, por meio do pastor Clayton Martins Miranda. “Só eu sei o que Deus fez por mim e minha família”, disse ele, tratando o pastor como seu pai.
Por sua vez, o pastor Clayton Miranda, que atua na Pedreira Prado Lopes desde 2004, registrou que naquela época havia uma verdadeira “guerra do tráfico”, que levou à morte de 70 pessoas. “A Pedreira, hoje, não é mais manchete nas páginas policiais. A redução do tráfico de drogas e de mortes na área foi de 70% a 80%”, destacou. Na opinião dele, a atuação da igreja no local mostrou que não basta repreender com a força policial ou com métodos químicos. “O Estado precisa das casas de recuperação e é necessário que ele reconheça o nosso trabalho, para que os esforços sejam somados”, defendeu.
Deputado denuncia perseguição a entidades
O deputado Léo Portela (PR) foi severo nas críticas ao que ele considerou como perseguição às comunidades terapêuticas, que seria promovida por alguns membros da Secretaria de Estado de Saúde (SES). “O que estamos vendo hoje é a intolerância religiosa por parte de setores do Governo do Estado, com posicionamento sectário, levando adiante a defesa de bandeiras que vão radicalmente contra as comunidades terapêuticas, fazendo chacota da nossa fé, das nossas igrejas”, reclamou.
.Portela acrescentou que na Secretaria de Saúde, Mirian Abuíde e Marta Elizabete estariam querendo acabar com a participação das comunidades terapêuticas nos programas de governo. “Temos que convocar essas pessoas para se explicarem. Há uma diferença entre estado laico e estado laicista. Este último é o que repele qualquer ligação com a religão. O Brasil não é assim. A Constituição Federal reconhece a existência de Deus”, criticou. O deputado propôs um requerimento para que as duas servidoras sejam convocadas para uma reunião na comissão.
Em apoio, o deputado Antônio Jorge (PPS) declarou que a visão no tratamento ao viciado tem que ser pluralista. “A visão tem que ser de tolerância. Tenho segurança em dizer que em muitas áreas a sociedade faz melhor que os governos. O papel das entidades religiosas no tratamento de dependentes é fundamental, e cabe aos governos apoiá-las”. Para ele, um dos passos para a recuperação de qualquer vício é a espiritualidade. Antônio Jorge aproveitou para convidar os presentes para o ciclo de debates que a Assembleia vai fazer sobre o tema, nos dias 25 e 26 de maio.
O deputado Antônio Carlos Arantes (PSDB) citou um caso de Jacuí (Sul), onde foi prefeito. Lá, havia sete irmãos vindos de Franca (SP) que lideravam o tráfico na região. Segundo Arantes, um deles foi preso; outros quatro, inseridos em projetos de esporte e lazer. “Dois não tinham jeito... Mas a igreja conseguiu: hoje, eles são trabalhadores e pais de família. Com Deus na frente, muita gente tem condição de se recuperar”, elogiou.
Também o deputado Noraldino Júnior (PSC), enalteceu o trabalho das comunidades terapêuticas. “Enquanto o crack crescia no Brasil afora, o tratamento dos usuários foi assumido pelas comunidades terapêuticas, por amor, sem nenhum apoio do governo. O que seria do Brasil sem elas?”, perguntou.
Já o pastor Almir dos Santos, coordenador do Centro de Recuperação de Dependência Química (Credeq) e da Casa Azul, de Lagoa Santa, contou que foi dependente químico e presidiário por nove anos. Hoje é casado, pai de três filhos e apoia viciados a se livrarem das drogas, por meio das duas entidades. Segundo ele, 1250 pessoas foram encaminhadas para as comunidades terapêuticas.
Vários outros pastores evangélicos valorizaram a atuação das comunidades terapêuticas. Ronaldo Morais, da Igreja Quadrangular, defendeu a união das entidades. O vereador de Divinópolis, pastor Marcos Vinicius, classificou como indecorosa a proposta de excluir do tratamento dos viciados essas comunidades.

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