Por: José Luiz Barbosa
Nos últimos dias, após intensas manifestações dos cidadãos pelas ruas das principais capitais brasileiras, temos visto uma infinita agenda de reivindicações, que vão desde a redução da tarifa do transporte público, até a tão sonhada reforma política, mas empurrada com a barriga pelo Congresso Nacional, a pelo menos dez anos.
As manifestações surpreenderam políticos, autoridades e estudiosos, que até o momento estão ainda a analisar o fenônemo, enquanto os governantes agem ainda perdidos, pois não esperavam tamanha indignação que tomou conta dos brasileiros, e que a revolta popular ganharia dimensão nacional, e chegaria inclusive a municípios pequenos do interior do País.
Mas, apesar da festa da democracia, que está assustando os políticos e governantes, a reação dos órgãos de segurança pública, está sendo desproporcional e em muitos casos, com excesso de violência e agressividade, ainda que sejam tratados como casos isolados, o que somente aumenta a tensão e acirra os ânimos já exaltados dos manifestantes, mesmo os que participam pacificamente.
A lógica do terror, do medo e do pânico, estão sendo as estratégias aplicadas para desestimular, e demover os cidadãos de manifestar e expressar sua opinião e descontentamento contra a corrupção generalizada que invadiu e se enraizou no poder público, e isto comprovadamente nas três esferas de poder, nos níveis municipal, estadual e federal.
Há um clima de confronto e violência sendo difundido e sutilmente potencializado para se coibir e esvaziar o legitimo direito a exigir respeito, ética, transparência, probidade, e honestidade no trato do interesse e das causas públicas.
Paradoxalmente, as manifestações estão ocorrendo exatamente no regime democrático e no estado de direito, o que é forte indicativo de que as demandas dos cidadãos, não estão sendo atendidas e nem discutidas pelos governos e seus representantes, e se no período da ditadura havia o cerceamente e cassação de direitos, o que vemos hoje é na verdade a negação e violação destes mesmos direitos, proclamados na Constituição da República, que é descumprida e desrespeitada todos os dias.
Na manifestação de quarta-feira, durante o jogo do Brasil e Uruguai, mais uma vez vamos para às ruas, e como sabemos haverá a possibilidade concreta de ações policiais mais firmes e vigorosas, e se a manifestação do cidadão é pacíficia, a repressão poderá ser violenta, assim é importante que cada um seja um mensageiro da paz e das mudanças pelas quais estamos lutando.
Vamos às ruas sim, sem agressão, violência, ou confronto com os policiais militares, pois assim como os cidadãos, todos estão vibrando com os acontecimentos, e se sentem tão desrespeitados e indignados com os desmandos, abusos, corrupção e com todo descaso com os direitos, interesses, e problemas recorrentes da sociedade.
Presidente da Associação Mineira de Defesa e Promoção da Cidadania e Dignidade, ativista de direitos e garantias fundamentais, especialista em segurança pública.
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