Omar Freire/Imprensa MG
Postura do governador sobre conflitos leva curso de Direito da UFMG a retirar medalha de Anastasia
Representantes do Centro Acadêmico reclamam da postura do governador diante dos protestos em BH

Insatisfeitos com a postura do governador de Minas, Antonio Anastasia, diante dos protestos que ocorrem em Belo Horizonte, com confronto entre a Polícia Militar e os manifestantes, um grupo formado por professores, estudantes e ex-alunos do curso de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) pretende retirar uma homenagem concedida ao político.
A medalha "José Carlos da Mata Machado" foi entregue em 2008 a diversas personalidades que tiveram relação importante com o Centro Acadêmico Afonso Pena (CAAP), incluindo o governador, em ocasião do centenário do departamento. Porém, os representantes do CAAP reclamam que Anastasia deixou de merecer a condecoração.

De acordo com o estudante Felipe Gallo, presidente do Centro Acadêmico, a medida foi tomada na terça-feira (25), após uma assembleia entre os integrantes da repartição. "O governador lutava por direitos que são semelhantes aos nossos e teve um vínculo relevante com a faculdade, mas agora está do 'outro lado'", explica.
 
Postura do governador sobre conflitos leva curso de Direito da UFMG a retirar medalha de Anastasia Representante do CAAP, Felipe Gallo, questiona ação da PM nas manifestações (Foto: Milson Veloso/Hoje em Dia)

Um grupo que integra o CAAP participa, nesta quarta-feira (26), do protesto que seguirá da Praça 7, no Centro de Belo Horizonte, até a região da Pampulha. Com cartazes e faixas, eles vão manifestar por questões como educação e por mais participação popular na mídia.
Procurada pela reportagem do Hoje em Dia, a assessoria do governador Antonio Anastasia informou que, como o governante está acompanhando o jogo entre Brasil e Uruguai e o protesto no entorno do estádio Mineirão, ele ainda não se manifestou sobre o assunto.


Personagem histórico
O nome da honra se refere a José Carlos Novaes da Mata Machado, um aluno de Direito da UFMG que participou dos protestos durante a ditadura militar no Brasil e acabou morto pelo regime em 1973. Ele foi um dos dirigentes da Ação Popular Marxista-Leninista.

Natural do Rio de Janeiro, José Carlos entrou para a faculdade em 1964, com a primeira colocação no vestibular para o curso. Posteriormente, em 1967, o jovem assumiu a presidência do CAAP e se tornou um dos estudantes mais influentes na instituição.
 
Atualizada às 16h04.