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sexta-feira, 28 de junho de 2013

Depois do quebra-quebra na Avenida Antônio Carlos, em BH, uma família em pedaços

Mãe do jovem que morreu após cair de viaduto durante o protesto que arrasou avenida em BH identificou filho pela TV
 
Flávia Ayer - Jornal Estado de Minas
Douglas tinha 21 anos e trabalhava em Contagem
Belo Horizonte ainda conta os prejuízos de uma das maiores ondas de vandalismo de sua história. As primeiras estimativas falam em milhões de reais. Mas uma família já sabe que jamais vai conseguir quantificar o que perdeu durante a manifestação de quarta-feira, que arrasou a Avenida Antônio Carlos. “A morte do meu filho não vai representar os cinco centavos de redução da passagem e os políticos vão continuar roubando. A única mudança que vai ter é na minha alma, que agora tem um vazio. Ele não mudou a história do país, mas a da nossa família.” A fala carregada de dor e revolta é de Neide Caetano de Oliveira, de 43 anos, mãe de Douglas Henrique de Oliveira Souza, de 21, morto durante a manifestação na Pampulha. Douglas não pertencia a grupos políticos nem carregava bandeiras. Foi ao protesto contrariando a mãe, que havia lhe pedido para ficar em casa. “Ele queria lutar por um Brasil melhor, por saúde e educação, que é o que todos querem, mas mudou a nossa família”, completa a irmã Letícia Aparecida, de 22.
Longe da baderna e das confusões, o grito de protesto de Douglas foi interrompido em um pulo dado em falso de cima do Viaduto José Alencar, que faz a ligação das avenidas Antônio Carlos e Abrahão Caram, no acesso ao Mineirão. Segundo um dos dois amigos que o acompanhavam na manifestação, Fernando Fernandes, Douglas tentou pular a mureta do viaduto para alcançar a outra pista, mas não viu o vão livre entre os dois lados. De acordo com a Polícia Civil, não haverá investigação sobre a morte, pois ainda não há indícios de crime. Outros cinco manifestantes foram pegos pela mesma armadilha nos protestos de sábado e quarta-feira. A proteção instalada pela Prefeitura de Belo Horizonte na terça-feira não evitou o risco, pois impedia o acesso apenas nas cabeceiras do elevado 

A mãe assistiu a tudo pela televisão e, na hora do acidente, identificou o filho pela cor da camisa. “Vi o Douglas deitado no chão. Meu filho era muito especial na minha vida, falava que me amava todos os dias”, diz Neide, em prantos. “Não sei se conseguirei superar esta dor”, completa. Filho de pais separados, Douglas se mudou com a mãe, as duas irmãs e uma sobrinha, há cerca de dois anos, de Curvelo, na Região Central, para Contagem, na Região Metropolitana de BH. O pai mora em São Francisco de Paula, no Centro-Oeste do estado. Teve que ser internado com hipertensão ao saber da morte do filho.

O jovem nasceu em Oliveira, também no Centro-Oeste de Minas, mas passou grande parte da vida em Curvelo, onde será sepultado hoje, às 8h, no Cemitério Santa Rita. O velório começou ontem, às 18h. “Viemos do interior para estudar, pois lá não há muitas oportunidades. Queríamos uma vida melhor”, diz a irmã. Segundo o primo Pedro Henrique Caetano, de 23, Douglas sonhava em cursar engenharia elétrica. De família simples, o jovem não voltou aos estudos e acabou se dedicando ao trabalho.
Havia seis meses que era funcionário da Usifast, empresa de logística em Contagem. Lá, trabalhava como auxiliar de logística e ajudava a colocar as mercadorias nos caminhões. Pegava serviço às 6h da manhã, mas, na quarta-feira, faltou ao expediente para ir à manifestação. Desde a semana passada estava entusiasmado com os movimentos de protesto e, no perfil do Facebook, chegou a convocar os amigos para irem para a rua. Compareceu à manifestação de sábado e chegou a postar fotos dos protestos de quarta, pouco antes do acidente. Ontem, a morte virou assunto nas redes sociais, onde muitos lamentaram a tragédia.
“Ele morreu lutando, mas não sei se valeu a pena. Fatalidade ou não, morreu por aquilo que acreditava. Era uma pessoa cheia de planos, aventureiro, bonito”, lamenta a irmã Letícia. Para o primo, fica a imagem de um jovem que tentou fazer a diferença. “Ele tinha uma luz própria e não esperava ninguém fazer nada por ele. Ia sempre atrás. No sábado, chegou a me falar que a manifestação tinha a nossa cara e que ele iria participar, porque, desse jeito, faria a diferença”, conta.

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