As favelas e comunidades brasileiras ainda abrigam maior proporção de trabalhadores informais em relação ao total, na comparação com a média das áreas urbanas. Nas comunidades, 27,8% dos trabalhadores estão ocupados sem carteira assinada, percentual superior a média de 20,5%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no censo 2010.
A reportagem é de Elisa Soares e Alessandra Saraiva e publicada pelo jornal Valor, 07-11-2013.
A desigualdade também se manifesta nos dados de renda. As áreas urbanas ainda concentram a maior parcela de domicílios particulares com rendimento nominal mensal per capita acima de cinco salários mínimos - 13,4% no total de 54,2 milhões de domicílios em áreas urbanas para apenas 0,9% dos 3,22 milhões de domicílios particulares nas favelas. Se o critério passa para o rendimento nominal mensal de até meio salário mínimo por domicílio per capita, os números se invertem: 31,6% dos domicílios particulares das comunidades-favela têm essa renda, versus 13,8% das habitações presentes em áreas urbanas.
A pesquisa também comparou a posse de bens. O acesso a geladeiras, TVs e motos entre os residentes em favelas é praticamente igual ao observado em domicílios do asfalto, sendo que esses são os bens duráveis com presença mais equivalente entre esses dois universos urbanos. De acordo com o Censo, foram encontrados 57,4 milhões de domicílios particulares no país, sendo 3,2 milhões localizados nos chamados "aglomerados subnormais", como o IBGE classifica as comunidades ou favelas. Geladeiras estavam presentes em 95,1% dos lares encontrados das favelas - sendo que, em outras localidades urbanas fora de favelas, 97,9% das residências tinham geladeira.
Por sua vez, a televisão era um bem durável encontrado em 96,7% dos domicílios em favelas e em 98,2% dos lares fora de comunidades. Já as motos eram presença em 10,3% nas residências em favelas; e em 11,3% em outras localidades urbanas.
A maior frequência de motos em residências registradas em favelas pode se explicar pelo fato de que esse é um dos tipos de transporte mais usados em áreas de difícil acesso. Segundo o levantamento anunciado hoje pelo IBGE, em torno de 19% do total de trabalhadores que moram fora de favelas no Brasil gastam mais de uma hora para chegar ao trabalho - sendo que esse percentual é maior, de 19,7%, no total de população ocupada no mercado de trabalho residente em favelas.
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