Modelo de policiamento adotado pelo Batalhão Rotam, criado há três décadas, é tido como arcaico, repressor e ultrapassado |
Autoridades e especialistas em segurança pública são taxativos quanto à necessidade de extinção do Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam). A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa deve protocolar um pedido para acabar com a unidade da Polícia Militar. Se a crítica é recente, as atrocidades cometidas pelo Rotam são antigas e expõem um modelo de policiamento arcaico e de atuação bastante arbitrária e que pode ter se repetido no sábado. Marcas de tiro no chão no local das mortes podem comprovar a execução.
Tidos como “intocáveis”, mesmo os praças – policiais de patentes mais baixas – desrespeitam o poder dos comandantes locais e atuam como bem entendem em vilas e favelas, o que tem gerado revolta da comunidade. O sociólogo Luis Flávio Sapori, coordenador do Centro de Pesquisas em Segurança Pública da PUC Minas e ex-secretário adjunto de Estado de Defesa Social, é favorável à extinção do Rotam. “A Polícia Militar não precisa de um batalhão que adota uma postura tipicamente repressiva, já que conta com o Grupamento Especializado em Áreas de Risco (Gepar) e os táticos móveis dos batalhões para fazer frente à criminalidade violenta”, diz. Da mesma opinião compartilha o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, deputado estadual Durval Ângelo (PT): “Ninguém comanda os homens do Rotam. Mesmo que seja feito um belo policiamento comunitário, eles põem tudo a perder”, afirma.
O deputado diz que deve pedir à Corregedoria da Polícia Militar que convoque o tenente Clayton Santana, do Rotam, para explicar a versão dada por ele sobre a morte de Jeferson Coelho da Silva, de 17 anos, e seu tio Renilson Veriano da Silva, de 39. O militar afirmou que cerca de 15 homens fardados teriam disparado várias vezes contra a guarnição da PM, atingindo um dos militares no colete à prova de balas. No entanto, uma testemunha ocular ouvida pela Polícia Civil contradiz a versão e afirma que as mortes foram consumadas a sangue frio, numa execução brutal. “Ele estabeleceu uma versão como se fosse o oficial da PM, numa postura suspeita, corporativa e mentirosa. É preciso que se explique. Mostrou que tem conhecimento e precisamos saber por que não foi afastado”, critica o deputado.
No local do crime, as marcas de tiro no chão confirmam que não houve troca de tiros como dito pela Polícia Militar. As marcas de grosso calibre no asfalto revelam que os tiros foram dados de cima para baixo, com a vítima deitada e o atirador em pé, numa clara demonstração de execução. Outros vestígios também podem ser vistos num muro 20 metros abaixo de onde estavam os rastros de sangue deixados pelos corpos, o que corrobora a versão da primeira testemunha ouvida pela PM e detalhada ontem pelo Estado de Minas. A pessoa contou que tio e sobrinho foram atingidos ao subir o morro, voltando para casa, enquanto os policiais do Rotam faziam o trajeto contrário.
Tidos como “intocáveis”, mesmo os praças – policiais de patentes mais baixas – desrespeitam o poder dos comandantes locais e atuam como bem entendem em vilas e favelas, o que tem gerado revolta da comunidade. O sociólogo Luis Flávio Sapori, coordenador do Centro de Pesquisas em Segurança Pública da PUC Minas e ex-secretário adjunto de Estado de Defesa Social, é favorável à extinção do Rotam. “A Polícia Militar não precisa de um batalhão que adota uma postura tipicamente repressiva, já que conta com o Grupamento Especializado em Áreas de Risco (Gepar) e os táticos móveis dos batalhões para fazer frente à criminalidade violenta”, diz. Da mesma opinião compartilha o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, deputado estadual Durval Ângelo (PT): “Ninguém comanda os homens do Rotam. Mesmo que seja feito um belo policiamento comunitário, eles põem tudo a perder”, afirma.
O deputado diz que deve pedir à Corregedoria da Polícia Militar que convoque o tenente Clayton Santana, do Rotam, para explicar a versão dada por ele sobre a morte de Jeferson Coelho da Silva, de 17 anos, e seu tio Renilson Veriano da Silva, de 39. O militar afirmou que cerca de 15 homens fardados teriam disparado várias vezes contra a guarnição da PM, atingindo um dos militares no colete à prova de balas. No entanto, uma testemunha ocular ouvida pela Polícia Civil contradiz a versão e afirma que as mortes foram consumadas a sangue frio, numa execução brutal. “Ele estabeleceu uma versão como se fosse o oficial da PM, numa postura suspeita, corporativa e mentirosa. É preciso que se explique. Mostrou que tem conhecimento e precisamos saber por que não foi afastado”, critica o deputado.
No local do crime, as marcas de tiro no chão confirmam que não houve troca de tiros como dito pela Polícia Militar. As marcas de grosso calibre no asfalto revelam que os tiros foram dados de cima para baixo, com a vítima deitada e o atirador em pé, numa clara demonstração de execução. Outros vestígios também podem ser vistos num muro 20 metros abaixo de onde estavam os rastros de sangue deixados pelos corpos, o que corrobora a versão da primeira testemunha ouvida pela PM e detalhada ontem pelo Estado de Minas. A pessoa contou que tio e sobrinho foram atingidos ao subir o morro, voltando para casa, enquanto os policiais do Rotam faziam o trajeto contrário.
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Governo assume falhas na atuação do Estado do Aglomerado da Serra Execuções no Aglomerado da Serra provocam pressão pelo fim do Rotam Anastasia diz que possíveis desvios de conduta de militares não ficarão impunes Marcas de tiros encontradas no Aglomerado da Serra podem indicar execução Promotor não descarta pedir prisão dos policiais envolvidos nas mortes no aglomerado Policial envolvido em mortes no Aglomerado da Serra era investigado desde 2009
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Os mesmos militares que executaram os dois teriam levado os corpos para o hospital, simulando que ainda estavam vivos, complicando, assim, o trabalho da perícia no local. Esse tipo de encaminhamento é tido como recorrente em casos de violência policial para encobertar a atuação criminosa dos militares. Ainda assim, outras provas periciais podem comprovar se a versão da PM está correta ou não. Segundo o delegado Fernando Miranda, uma vistoria feita no local na segunda-feira, dois dias depois do crime, detectou fragmentos de projéteis de fuzil no muro de uma casa. O resultado do exame de necropsia também é aguardado para confirmar ou não vestígios de pólvora nas mãos das vítimas.
Patrulhamento
As críticas não vêm apenas de especialistas. A comunidade também reclama da má conduta e da violência praticada por alguns homens do Rotam. “Eles acham que todo mundo que mora em vila ou favela é bandido, vagabundo. Quando a gente vê o Rotam, treme de medo. Estou assustada”, disse a gari aposentada Maria da Conceição dos Santos, de 65 anos, enquanto, emocionada, reclamava da situação vivida pelos moradores do aglomerado ao chefe de comunicação social da PM, tenente-coronel Alberto Luiz Alves, que esteve ontem pela manhã no local. Por outro lado, Conceição elogiou o trabalho dos policiais do Grupamento Especializado em Patrulhamento em Área de Risco (Gepar). “Eles conhecem todos os moradores e nós sabemos quem eles são. Os do Rotam já chegam colocando a arma nas pessoas. Já fizeram isso com meus filhos e meu neto”, acrescentou.
Na manhã de ontem, o policiamento no aglomerado foi feito por policiais do Gepar, do 22º Batalhão e do Batalhão de Eventos. “O Rotam está fazendo o patrulhamento apenas no entorno do aglomerado. Temos que apurar os fatos e atribuir as responsabilidades. Há pessoas sérias no Batalhão Rotam e temos que extirpar quem não presta”, disse o tenente-coronel Alberto Luiz. (Colaborou Pedro Ferreira)
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