Testemunhas reforçam tese de "mensalão mineiro", diz promotor Enduro teria sido usado para mascarar repasse de dinheiro de estatais para campanha de Eduardo Azeredo
Denise Motta, iG Minas Gerais
Depoimentos de testemunhas de acusação no processo do “mensalão mineiro” reforçam a tese de que a campanha à reeleição ao governo de Minas Gerais de Eduardo Azeredo (PSDB), em 1998, foi alimentada com dinheiro de estatais. A avaliação é do promotor de Defesa do Patrimônio Público, João Medeiros, que nesta quinta-feira interrogou 12 pessoas envolvidas na campanha do tucano. Ex-prefeito de Belo Horizonte, Ruy Lage foi o único intimado a não depor, sob alegação de passar por problemas de saúde.
O elo investigado pela Polícia Federal para relacionar o uso de dinheiro público na campanha é o “Enduro da Independência” que, segundo o promotor, recebeu mais de R$ 3 milhões de patrocínio das estatais Comig, Bemge e Copasa. “A estimativa para custear o evento não passa de R$ 400 mil”, diz o promotor. O enduro teria sido usado para mascarar um repasse de dinheiro das estatais para a campanha eleitoral de Azeredo.
Estiveram presentes para acompanhar os depoimentos cinco réus: o ex-ministro Walfrido dos Mares Guia; o ex-secretário de Comunicação do governo Azeredo, Eduardo Guedes; o tesoureiro da campanha tucana
Cláudio Mourão; o ex-presidente do Bemge, José Afonso Bicalho, além do ex-diretor da Copasa, Fernando Moreira Soares. Nenhum deles quis comentar o caso com a Imprensa. Eles são acusados de peculato e lavagem de dinheiro. Os depoimentos na 9ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais foram acompanhados pelo promotor e pela juíza Neide da Silva Martins.
Testemunha que ligaria Walfrido dos Mares Guia à coordenação da campanha de Azeredo, o advogado Carlos Henrique Martins Teixeira se recusou a depor nesta quinta-feira, sob alegação de que como advogado de Cláudio Mourão (um dos réus) precisa manter sigilo profissional.
Teixeira acionou judicialmente Clésio Andrade e Eduardo Azeredo a serviço de Mourão, para cobrar uma dívida pessoal.
Helvécio Aparecido Ribeiro, diretor-técnico do Enduro da Indepêndecia em 1998, prestou depoimento e retificou o que disse à Polícia Federal em 2006, referente ao valor pago pela agência de publicidade SMPB para realização do evento. “A SMPB pagou R$ 49.111,70 e não R$ 60 mil”.
A SMPB é uma agência de publicidade que promoveu a campanha de Azeredo em 1998. À época, ela tinha como sócios o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza e Clésio Andrade, hoje senador pelo PR. Marcos Valério é acusado de operar o esquema de irrigação da campanha de Azeredo com recursos públicos e ainda de operar o mensalão no Congresso Nacional, suposto esquema de mesada paga a parlamentares em troca de apoio em votações de interesse do Governo Lula.
Ex-vereador pelo PMDB e PTB, Otimar Ferreira Bicalho também depôs e disse ter tido informação de que Clésio Andrade iria pegar um empréstimo para pagar dívida de campanha em 1998. Bicalho era responsável por contratar pintores de muros e teve seu escritório destruído porque o pagamento atrasou. Ele disse que pagou com recursos próprios os pintores e depois recebeu seis cheques da SMPB, totalizando cerca de R$ 85 mil. “O Cláudio Mourão (tesoureiro da campanha) disse que não tinha o dinheiro, mas que o Clésio haviaagilizado um empréstimo.”
Ex-diretor-presidente do Bemge, Maurício Dias Horta disse que o antigo banco não patrocinou eventos como o “Enduro da Independência”, durante os quatro anos em que trabalhou no banco. Em depoimento, ele contou que “achou estranho a Bemge seguradora, única que dava lucro no
conglomerado Bemge, patrocinar o enduro, faltando um mês para o banco ser leiloado.”
Outro depoimento que revelou suspeitas sobre o patrocínio do enduro foi do ex-diretor-jurídico da Comig, Jolcio Carvalho Pereira. Ele disse que advertiu o então presidente da Comig, Carlos Cotta, sobre o procedimento padrão de patrocínio de eventos, que era passar por uma análise jurídica. “Sugeri ao presidente encaminhar ao jurídico e ele alegou urgência, que havia uma carta da Secom determinando que a Comig participasse do Enduro.”
Postado: adminstrador do blog
Denise Motta, iG Minas Gerais
Depoimentos de testemunhas de acusação no processo do “mensalão mineiro” reforçam a tese de que a campanha à reeleição ao governo de Minas Gerais de Eduardo Azeredo (PSDB), em 1998, foi alimentada com dinheiro de estatais. A avaliação é do promotor de Defesa do Patrimônio Público, João Medeiros, que nesta quinta-feira interrogou 12 pessoas envolvidas na campanha do tucano. Ex-prefeito de Belo Horizonte, Ruy Lage foi o único intimado a não depor, sob alegação de passar por problemas de saúde.
O elo investigado pela Polícia Federal para relacionar o uso de dinheiro público na campanha é o “Enduro da Independência” que, segundo o promotor, recebeu mais de R$ 3 milhões de patrocínio das estatais Comig, Bemge e Copasa. “A estimativa para custear o evento não passa de R$ 400 mil”, diz o promotor. O enduro teria sido usado para mascarar um repasse de dinheiro das estatais para a campanha eleitoral de Azeredo.
Estiveram presentes para acompanhar os depoimentos cinco réus: o ex-ministro Walfrido dos Mares Guia; o ex-secretário de Comunicação do governo Azeredo, Eduardo Guedes; o tesoureiro da campanha tucana
Cláudio Mourão; o ex-presidente do Bemge, José Afonso Bicalho, além do ex-diretor da Copasa, Fernando Moreira Soares. Nenhum deles quis comentar o caso com a Imprensa. Eles são acusados de peculato e lavagem de dinheiro. Os depoimentos na 9ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais foram acompanhados pelo promotor e pela juíza Neide da Silva Martins.
Testemunha que ligaria Walfrido dos Mares Guia à coordenação da campanha de Azeredo, o advogado Carlos Henrique Martins Teixeira se recusou a depor nesta quinta-feira, sob alegação de que como advogado de Cláudio Mourão (um dos réus) precisa manter sigilo profissional.
Teixeira acionou judicialmente Clésio Andrade e Eduardo Azeredo a serviço de Mourão, para cobrar uma dívida pessoal.
Helvécio Aparecido Ribeiro, diretor-técnico do Enduro da Indepêndecia em 1998, prestou depoimento e retificou o que disse à Polícia Federal em 2006, referente ao valor pago pela agência de publicidade SMPB para realização do evento. “A SMPB pagou R$ 49.111,70 e não R$ 60 mil”.
A SMPB é uma agência de publicidade que promoveu a campanha de Azeredo em 1998. À época, ela tinha como sócios o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza e Clésio Andrade, hoje senador pelo PR. Marcos Valério é acusado de operar o esquema de irrigação da campanha de Azeredo com recursos públicos e ainda de operar o mensalão no Congresso Nacional, suposto esquema de mesada paga a parlamentares em troca de apoio em votações de interesse do Governo Lula.
Ex-vereador pelo PMDB e PTB, Otimar Ferreira Bicalho também depôs e disse ter tido informação de que Clésio Andrade iria pegar um empréstimo para pagar dívida de campanha em 1998. Bicalho era responsável por contratar pintores de muros e teve seu escritório destruído porque o pagamento atrasou. Ele disse que pagou com recursos próprios os pintores e depois recebeu seis cheques da SMPB, totalizando cerca de R$ 85 mil. “O Cláudio Mourão (tesoureiro da campanha) disse que não tinha o dinheiro, mas que o Clésio haviaagilizado um empréstimo.”
Ex-diretor-presidente do Bemge, Maurício Dias Horta disse que o antigo banco não patrocinou eventos como o “Enduro da Independência”, durante os quatro anos em que trabalhou no banco. Em depoimento, ele contou que “achou estranho a Bemge seguradora, única que dava lucro no
conglomerado Bemge, patrocinar o enduro, faltando um mês para o banco ser leiloado.”
Outro depoimento que revelou suspeitas sobre o patrocínio do enduro foi do ex-diretor-jurídico da Comig, Jolcio Carvalho Pereira. Ele disse que advertiu o então presidente da Comig, Carlos Cotta, sobre o procedimento padrão de patrocínio de eventos, que era passar por uma análise jurídica. “Sugeri ao presidente encaminhar ao jurídico e ele alegou urgência, que havia uma carta da Secom determinando que a Comig participasse do Enduro.”
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