É até compreensível o silêncio do Comando, mas injustificável, sobre o episódio do aglomerado da Serra, sob pena dos policiais militares perderem a confiança e credibilidade na instituição.
Segundo fonte do batalhão Rotam, os policias militares envolvidos na ação desastrosa no aglomerado da serra, são inexperientes e neófitos no serviço policial, critérios aliás que deveriam balizar e ser aferidos, como políticas para se servir em um Batalhão que pela suas características enfrentam uma criminalidade mais ousada e que atua preferencialmente com métodos mais violentos, cruéis e sanguinários.
Como não há condições para que todos os policiais militares recebam treinamento mais adequado e compatível com as peculiaridades deste modus operandi de infratores da lei que atuam nesta específica área da criminalidade violenta, a polícia militar dentro de uma estratégia de estruturar e manter uma unidade especializada e em condições de dar pronta resposta a estas modalidades criminosas, criou o Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas - o popularmente conhecido Batalhão Rotam.
E se prevalecer o argumento de que os policiais militares da Rotam são truculentos, violentos ou arbitrários, que está sendo alimentado pela comoção provocada pelo sensacionalismo irresponsável, teríamos por conclusão do silogismo, que extinguir não o batalhão, mas toda polícia militar, pois todos são submetidos regra geral a mesma formação e treinamentos, com variações para os que se dedicam a atividades especializadas, como no seu caso.
Ainda que o risco de enfrentamento entre o policial militar que atua no policiamento preventivo ostensivo e o criminoso, seja uma das mais certas e iminentes ações que concorrem para aumentar o risco da atividade policial, é também certo que o treinamento e as instruções dedicadas a esta ação deve ser a tônica de quem atua na fronteira limítrofe entre o acerto e o desacerto, portanto, na analise fria e técnica da ação, não podem ter lugar juízo de valor ou pré-julgamentos concebidos sob holofotes para promoção politica, como temos visto na imprensa.
Não estamos querendo com isto também, afirmar ou concluir que a ação dos policiais militares esta acobertada pelo manto da legalidade, pois isto somente será comprovado após um julgamento justo e imparcial, mas não podemos nos esquecer que antes desta decisão final, há direitos dos policiais militares que exigem respeito para que os elementos de sua defesa sejam avaliados sem influências estranhas, e sempre pautado nos direitos do contraditório e da ampla defesa, tudo garantido pelo devido processo legal.
Como se não bastasse as dificuldades e problemas naturais inerentes a atividade policial, e sua histórica desvalorização governamental, agora os policiais militares ficaram órfãos, pois ninguém ou pelo menos nenhuma entidade de classe, o deputado Sgt Rodrigues, e o próprio comando não proferiu uma palavra sequer para defender os policiais militares do Batalhão Rotam, como se todos fossem culpados do lamentável e trágico episódio.
Lançar os policiais militares às feras, simplesmente, sem qualquer ato que possa salvaguardar-lhes seus direitos fundamentais, como qualquer cidadão no estado democrático de direito, é fazer coro com o que está sendo amplamente divulgado pela imprensa, pois não há outra interpretação a si fazer do silêncio reinante na cúpula da segurança pública e outros setores representativos da classe, exceto os que já se manifestaram pela punição exemplar, discurso mais fácil e correto politicamente.
Não somos partidários ou defensores de atrocidades, abusos, violência ou qualquer outro ato que possa ser contrário aos direitos humanos, ou ao respeito à dignidade humana do cidadão, mas os policiais militares são também sujeitos de direito e dotados de dignidade humana, assim como as vítimas.
Não se constroí uma sociedade justa, humana e solidária, si para uns os direitos são indivisíveis, interdepedendes e universais, como incerto em toda legislação nacional, se também aos policiais militares não for garantido os mesmos direitos em igualdade de condições e sem discriminação e preconceito de qualquer natureza, pois o que ainda se vê nestes episódios, são demonstrações claras de revanchismo ideológico fundado em acontecimentos de épocas, dos quais muitos policiais militares ainda nem eram nascidos.
Como um simples cidadão, pressinto uma politização do episódio, como se tudo se resolvesse com opiniões casuísticas e despropositadas, a título de pitaco, sem qualquer contribuição que possa preservar a dignidade dos muitos homens pertencentes ao Batalhão Rotam, porque como sabemos a generalização tende a ser injusta e iguala a todos, o que sabemos não ser a verdade sobre o trabalho que é desenvolvido para proteger e servir a sociedade.
Mas o comando, com sua autoridade moral, política e institucional, e seu discernimento profissional, deveria esclarecer que trata-se de caso isolado, e sua repercussão social e midiática não pode se constituir em exclusivo meio para execrar e condenar antecipadamente sem direito de defesa ou respeito a dignidade, os infelizes policiais acusados de tão trágico desfecho da ação policial, mas acima de tudo há milhares de policiais militares que esperam ansiosos pelo pronunciamento de que tem o dever de representar e ser a voz de seus comandados.
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