O Prêmio Nobel Gery Becker (no estudo Suicide) interpreta o suicida como um agente racional, que considera o futuro e toma a decisão que maximiza sua felicidade. Essa racionalidade seria compatível com sentimentos de depressão, que envolveriam a incapacidade de extrair felicidade da própria situação.
Neste caso, o indivíduo se mata quando presume que a infelicidade de hoje persistirá no futuro. Por isso, os suicídios são mais freqüentes entre os que sofreram uma perda violenta (do nível de renda ou de prestígio, por exemplo) e não enxergam uma chance de sair do buraco.
Sob o ângulo da filosofia, há acordo nesse sentido. Schopenhauer dizia que um homem põe fim à própria vida quando seus terrores são maiores do que a morte! E Hume, acertadamente, garantia que nenhum homem joga a vida fora enquanto ela vale a pena!
Naturalmente existem interpretações científicas que procuram uma causa patológica para tendências suicidas. Uma falha genética ou um problema químico do cérebro, que normalmente está programado para a auto-preservação.
Ou seja, a auto-preservação vem "embutida" em nossos gens! Não fosse isso, e a espécie humana já teria se extinguido. Nossa auto-defesa é automática, assim como a de qualquer forma de vida no planeta. Reagimos de maneira defensiva à qualquer ameaça.
Por esse motivo os suicidas da guerra são um exemplo do quanto a pressão psicológica pode criar ou desencadear um ato tão drástico, mas neste caso através da sedução, como algo a ser premiado, e no caso do Cabo do Batalhão Rotam pode ser tido como algo a ser castigado.
Depende de um ambiente conflituoso e de uma espécie de lavagem cerebral, que criam espécies suicidas, como com os kamikazes, do Japão, ou os sahids no Oriente Médio.
O desespero pela vitória, a "premiação" pela morte (aos mais jovens e ingênuos, o paraiso com um belo harém, e aos mais reticentes, prêmios em dinheiro que ficam para ser usufruidos por aqueles que amam) são fatores que podem superar o instinto da auto-preservação.
Mais do que nunca, vivemos em uma sociedade que passa por grandes transformações e onde o indivíduo não possui peso de valor. Ou seja, a vida, em suas diferentes formas, passou para um segundo plano, para ceder espaço ao materialismo exacerbado.
É claro que o ser humano, preparado naturalmente para viver em comunidade, vê ruir valores e a família, o que torna toda a sociedade humana fragilizada e insegura; isso o transtorna e torna-se uma ameaça além de suas forças. A sensação de impotência certamente agrava a depressão e a possibilidade de desistência da luta pela felicidade e até pela própria existência.
Em ambientes comuns, suicidas em potencial demonstram características próprias. Por exemplo, o adolescente com tendência suicida pode atentar contra a vida em estado de grande melancolia. O adulto, quando em profunda depressão, em geral acompanhada da falta de perspectiva de futuro.
Há mais mulheres que tentam o suicídio do que homens. No entanto há mais homens que atingem esse objetivo. A explicação é óbvia: os homens costumam utilizar armas de fogo, que em geral levam ao óbito imediato. São mais pragmáticos também diante da morte!
Mas o tipo de suicida mais comum é justamente aquele que não conscientiza diretamente a intenção. Você pode ser um deles e não ter percebido ainda!
É o caso das pessoas que consomem drogas perigosas ou mantém hábitos mortais a longo prazo, como o uso do cigarro e da bebida.
É possível estabelecer uma relação entre momentos de grande conflito e desequilíbrio social e o aumento de hábitos perniciosos à saúde. Por exemplo, o excesso de alimentos considerados perigosos ao organismo. Mas o diabético que insiste em consumir alimentos que elevam a glicemia a níveis insuportáveis ao organismo ou o cardiopata que apesar das artérias obstruídas pela gordura insiste em comer a capa da picanha ou o torresmo, poderiam ser considerados suicidas em potencial?
Há quem acredite, erroneamente, que a miséria e desorganização social é a maior causa de desistência de viver. Não é mesmo! Países excessivamente organizados demonstram os mais altos índices de suicídios. Como a Suécia, que já manteve índices impressionantes. A explicação mais utilizada fala sobre a nostalgia dos períodos do ano em que não há sol, mas apenas noite. Mas há estudos que citam outras causas, como o assédio sexual e moral no trabalho ou em oposto a ausência de desafios, em uma rotina excessivamente imutável.
Falta de desafios ou o excesso deles...O ser humano parece boiar em uma superfície que o desanima quando sacode demais ou está absolutamente inerte!
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