A entrevista da jornalista Silvia Pilz, de O Globo, à BCC, tentando justificar a sátira aos pobres que usam planos de saúde, saiu pior que as ofensas por ela proferidas em seu preconceituoso artigo. Ontem, tive o desprazer de ler mais um artigo, onde ela ataca com ofensas pesadas o que chama de “o novo pobre”.
Por Davison Coutinho, no Jornal do Brasil
Para nossa alegria, o pobre pode um dia se tornar rico, mas a maior pobreza de todas, a de espirito, é incurável. E fazendo uso das palavras de Silvia, “essa doença o plano não cobre”!
Se um texto ofensivo como esse pode ser chamado de humor, ou sátira, essa jornalista que quer ser engraçada e polêmica deveria ter escolhido trabalhar no circo ou animar festas. Com certas coisas não se brinca!
Existem, sim, limites, e a condição social de cada um deve ser respeitada, e não ironizada com palavras hediondas. Basta ir a um hospital público, onde as pessoas morrem nas filas, para ver a necessidade de ter acesso à rede privada de saúde.
Convido a jornalista Silvia para conhecer de perto a realidade de uma favela ou de alguma periferia de nosso país para ver como vivem os “pobres” que ela tanto ironiza. São esses mesmos pobres que servem, atendem, limpam casas, cuidam dos filhos, são motoristas de pessoas como ela, enquanto aproveitam o conforto da riqueza.
Convido ela também para conhecer a riqueza da produção cultural das nossas comunidades, nossas artes, nossa abundância de espirito, de solidariedade humana, afeto e amor. Ouso pedir o endereço da jornalista para lhe enviar um exemplar de meu livro, escrito por um morador de favela, que usa o plano de saúde, que faz filho, que enche a cara no final de semana com som alto e churrasco, que gosta de pastel de camarão com catupiry, mas durante a semana desenvolve um trabalho social de inclusão de jovens, cursa pós-graduação em uma das melhores faculdades privadas do país e luta pelos direitos da comunidade.
Só mesmo um jornal, onde os donos foram apontados pela revista Forbes como a família mais rica do Brasil, com bens estimados em US$ 30 milhões, permite que uma jornalista escreva que não gosta de pobre. Um jornal que deveria ser usado para informar o povo e não ridicularizar uma classe.
E pra finalizar, gosto de Zeca Pagodinho: “deixa a vida me levar, vida leva eu…”
18/1/2015
Leia a matéria completa em: A verdade não dói. O que dói é a falta de caráter - Geledés
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