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Um verdadeiro amigo desabafa-se livremente, aconselha com justiça, ajuda prontamente, aventura-se com ousadia, aceita tudo com paciência, defende com coragem e continua amigo para sempre. William Penn.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Do Que Necessitamos para Educar

Marcus De Mario*



Quando seu filho corre pela casa e derruba alguma coisa, você normalmente reage com gritos, ameaças e castigos, certo? Errado!

Você tem dois filhos, um de seis anos, que já está na escola, e outro que está com dois anos. Você vai pegar seu filho na escola, levando o outro no colo. Quando chega, o mais velho se põe aos gritos, se joga no chão e grita que a mamãe é apenas dele. O que você faz quando chega em casa? Castigo, para que ele aprenda a não ser manhoso. Certo? Errado!

E assim poderíamos listar outras cenas cotidianas do universo familiar, ilustrando atitudes erradas de pais e mães na educação de seus filhos. Mas, por que estão erradas?

Na primeira cena, não reconhecer que a criança é agitada por natureza, possui muita energia, e que nem sempre ela entende estar fazendo algo ruim, mas apenas uma inocente brincadeira, é dar prova de impaciência, de ser mais importante a arrumação da casa que o próprio fi-lho. Gritos não resolvem porque a criança não compreende porque estão gritando com ela. Ame-aças não funcionam porque ou as cumprimos ou elas se tornam mero palavreado sem efeito. Castigos não corrigem porque eles são aplicados sem as devidas explicações, ou seja, sem explicarmos os porquês.

Na segunda cena, no lugar do castigo, você deveria dar afeto, atenção, amor, pois seu filho está dizendo: "estou com carência afetiva, você carrega meu irmão no colo e não faz mais isso comigo". E o verdadeiro mal do século é a carência afetiva, e também a falta de amor, a inexistência de diálogo construtivo, a não prática de bons exemplos.

E tudo fica mais agravado quando entendemos que a educação é missão sagrada dos pais, da qual terão de responder quando do retorno para o mundo espiritual, como informam os Espíritos Superiores na questão 208 de "O Livro dos Espíritos", a obra básica do Espiritismo.

E do que necessitamos para sermos, pais e mães, avós e responsáveis, bons educadores dos nossos filhos? Vamos responder por etapas.

Primeiro, necessitamos compreender que somos espíritos imortais, que há em nós e, por-tanto, em cada ser humano, um componente a mais do que o corpo biológico, ou seja, a alma. Compreender a espiritualidade humana é fundamental para melhor educar.

Segundo, como decorrência do primeiro enunciado, compreenda que a criança, e também o adolescente e o jovem, é um espírito, ou uma alma. Ela não é um brinquedo, uma boneca e nem mesmo um adulto em miniatura. É gente como a gente, para utilizar a expressão do educa-dor brasileiro Paulo Freire, portanto, deve ser respeitada na sua condição intelectual e moral.

Terceiro, para melhor educar é preciso amar esse ser que Deus confiou para nós. Não existe verdadeira educação fora do amor. Mas não esse amor que se dissipa um minuto depois, quando passamos a tratar nosso filho de "coisa" que atrapalha nossa vida. O amor, acima de tu-do, compreende e renuncia.

Quarto enunciado: a melhor educação é aquela realizada através dos nossos próprios exemplos. Se você fuma, fala palavrão, grita, fofoca a vida alheia, é egoísta, age com violência, e tantas outras coisas que caracterizam vícios do caráter e maus hábitos, como pode querer que seu filho seja diferente?

E, finalmente, deixe seu filho ter suas próprias experiências. Não faça as coisas no lugar dele. Interaja com ele e delegue tarefas. Deixe ele compreender o que são limites, responsabilidades, deveres. Se você sempre limpar onde ele sujou, sempre guardar as roupas que ele espalhou, sempre desculpar os erros que ele cometeu, a deseducação estará instalada.

Lembre-se que a missão de educar significa formar o caráter, fazer com que o filho adquira o senso moral, saiba distinguir entre o bem e o mal, pois ele é um espírito imortal, e a única bagagem trazida do mundo espiritual, quando do nascimento, e que será levada de volta ao mesmo mundo espiritual, quando da morte, é a bagagem das conquistas morais e intelectuais com a respectiva aplicação da mesma. 

Não importa para Deus o diploma universitário a ser apresentado, mas sim a caridade desenvolvida, o amor ao próximo praticado. O espírito reencarnante necessita dos pais (ou dos responsáveis) para melhora do seu caráter, para bom encaminhamento das suas tendências inatas.

E o diploma, não é importante? É, sim, mas não da maneira como normalmente entendemos, dando tanta importância à preparação para o vestibular e a carreira universitária, que esquecemos de tornar nosso filho um bom cidadão. Com a palavra o espírito Clarêncio, no livro "Nosso Lar", em seu capítulo 14, psicografado por Chico Xavier:

"É preciso convir que toda tarefa na Terra, no campo das profissões, é convite do Pai para que o homem penetre os templos divinos do trabalho. O título, para nós, é simplesmente uma ficha; mas, no mundo, costuma representar uma porta aberta a todos os disparates. Com essa ficha, o homem fica habilitado a aprender nobremente e a servir ao Senhor, no quadro de Seus divinos serviços no planeta".

E, após ouvir outras considerações a respeito do diploma e o exercício da profissão, o espírito André Luiz comenta:

"Fiquei atônito. Não conhecia tais noções de responsabilidade profissional. Assombrava-me a interpretação do título acadêmico, reduzido à ficha de ingresso em zonas de trabalho para cooperação ativa com o Senhor Supremo".
Do que necessitamos para educar?

Necessitamos de espiritualidade, de compreensão, de renúncia, de amor, de bons exemplos e de uma ação prática que não tolha o espírito recém reencarnado, agora nosso filho.

E, para terminar estas considerações, uma palavra aos professores: não sejam simples-mente transmissores de conteúdo curricular, sejam educadores de almas! Não basta ensinar a ler e escrever. Não basta desenvolver o cognitivo. É preciso desenvolver o senso moral. É preciso desenvolver os sentimentos. 

Todo educador reveste-se do sagrado manto de tornar-se um segundo pai ou segunda mãe. Mas quando teimamos em estagiar apenas como professor, quase sempre ficamos na superfície do processo educacional, e depois nos queixamos dessa geração que não liga para nada e desrespeita os códigos básicos da cidadania, quando a culpa por esse estado de coisas também é nossa, ou melhor, dos que teimam em se considerar apenas professor.

Agora que você já conhece algumas ferramentas necessárias para melhor educar, medite sobre as mesmas, suas conseqüências quando aplicadas. E, por favor, não fique apenas na meditação, faça a sua parte, educando-se, para melhor educar os outros. Esse é o convite do Espiritismo, doutrina de educação, para cada um de nós.



*Marcus De Mario é educador e escritor. É diretor do Instituto Brasileiro de Educação Moral e colaborador do Centro Espírita Humildade e Amor, na cidade do Rio de Janeiro.

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