Acorda, Policial e Bombeiro Militar!


O verdadeiro desafio não é inserir uma idéia nova na mente militar, mas sim expelir a idéia antiga" (Lidell Hart)
Um verdadeiro amigo desabafa-se livremente, aconselha com justiça, ajuda prontamente, aventura-se com ousadia, aceita tudo com paciência, defende com coragem e continua amigo para sempre. William Penn.

sábado, 29 de junho de 2013

Dilma, deixa eu te falar uma coisa!

Fernanda Melo, médica, moradora e trabalhadora de Cabo Frio, cidade da baixada litorânea do estado do Rio de Janeiro.

Este ano completo 7 anos de formada pela Universidade Federal Fluminense e desde então, por opção de vida, trabalho no interior. Inclusive hoje, não moro mais num grande centro. Já trabalhei em cada canto...

Você não sabe o que eu já vi e vivi, não só como médica, mas como cidadã brasileira. Já tive que comprar remédio com meu dinheiro, porque a mãe da criança só tinha R$ 2,00 para comprar o pão.

Por que comprei? 

Porque não tinha vaga no hospital para internar e eu já tinha usado todos os espaços possíveis (inclusive do corredor!) para internar os mais graves. 

Você sabe o que é puxadinho? 
Agora, já viu dentro de enfermaria? Pois é, eu já vi. E muitos. Sabe o que é mãe e filho dormirem na mesma maca porque simplesmente não havia espaço para sequer uma cadeira? 

Já viu macas tão grudadas, mas tão grudadas, que na hora da visita médica era necessário chamar um por um para o consultório porque era impossível transitar na enfermaria?

Já trabalhei num local em que tive que autorizar que o familiar trouxesse comida ( não tinha, ora bolas!) e já trabalhei em outro que lotava na hora do lanche (diga-se refresco ralo com biscoito de péssima qualidade) que era distribuído aos que aguardavam na recepção. 

Já esperei 12 horas por um simples hemograma. Já perdi o paciente antes de conseguir um mera ultrassonografia. Já vi luva descartável ser reciclada. Já deixei de conseguir vaga em UTI pra doente grave porque eu não tinha um exame complementar que justificasse o pedido. 

Já fui ambuzando um prematuro de 1Kg (que óbvio, a mãe não tinha feito pré natal!) por 40 Km para vê-lo morrer na porta do hospital sem poder fazer nada. A ambulância não tinha nada...

Tem mais, calma! Já tive que escolher direta ou indiretamente quem deveria viver. E morrer...

Já ouvi muito desaforo de paciente, revoltando com tanto descaso e que na hora da raiva, desconta no médico, como eu, como meus colegas, na enfermeira, na recepcionista, no segurança, mas nunca em você. 

Já ouviu alguém dizer na tua cara: meu filho vai morrer e a culpa é tua? Não, né? E a culpa nem era minha, mas era tua, talvez. Ou do teu antecessor. Ou do antecessor dele...

Já vi gente morrer! Óbvio, médico sempre vê gente morrendo, mas de apendicite, porque não tinha centro cirúrgico no lugar, nem ambulância pra transferir, nem vaga em outro hospital? 

Agonizando, de insuficiência respiratória, porque não tinha laringoscópio, não tinha tubo, não tinha respirador? 

De sepse, porque não tinha antibiótico, não tinha isolamento, não tinha UTI? 

A gente é preparado pra ver gente morrer, mas não nessas condições. 

Ah Dilma, você não sabe mesmo o que eu já vi! Mas deixa eu te falar uma coisa: trazer médico de Cuba, de Marte ou de qualquer outro lugar, não vai resolver nada!

E você sabe bem disso. 

Só está tentado enrolar a gente com essa conversa fiada. É tanto descaso, tanta carência, tanto despreparo...

As pessoas adoecem pela fome, pela sede, pela falta de saneamento e educação e quando procuram os hospitais, despejam em nós todas as suas frustrações, medos, incertezas... 

Mas às vezes eu não tenho luva e fio pra fazer uma sutura, o que dirá uma resposta para todo o seu sofrimento! 

O problema do interior não é falta de médico. É falta de estrutura, de interesse, de vergonha na cara. Na tua cara e dessa corja que te acompanha! 

Não é só salário que a gente reivindica. Eu não quero ganhar muito num lugar que tenha que fingir que faço medicina. E acho que a maioria dos médicos brasileiros também não.

Quer um conselho? 

Pare de falar besteira em rede nacional e admita: já deu pra vocês!

Eu sei que na hora do desespero, a gente apela, mas vamos combinar, você abusou! 

Se você não sabe ser "presidenta", desculpe-me, mas eu sei ser médica, mas por conta da incompetência de vocês, não estou conseguindo exercer minha função com louvor!

Não sei se isso vai chegar até você, mas já valeu pelo desabafo! 
 

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Dilma reafirma compromisso do governo contra violência e discriminação no Brasil


Presidenta Dilma Rousseff recebe representantes do Movimento LBGT. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Presidenta Dilma Rousseff recebe representantes do Movimento LBGT. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
A presidenta Dilma Rousseff se posicionou contra todas as formas de violência e discriminação que qualquer brasileiro sofra, de acordo com a ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário. A presidenta se reuniu, nesta sexta-feira (28), com representantes de 15 organizações do movimento de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais  (LGBT), no Palácio do Planalto. Ainda segundo a ministra, a presidenta se solidarizou ao movimento e determinou “iniciativas concretas para enfrentar qualquer violência que seja motivada pelo ódio por identidade de gênero e orientação sexual”.
A ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, que também participou da reunião, afirmou que a presidenta destacou a importância de “precisar os dados estatísticos que visibilizem a violência contra a população LGBT”. Eleonora ressaltou que medidas concretas já estão sendo tomadas, como o lançamento, nesta quinta-feira (27), do Sistema Nacional de Promoção de Direitos e de Enfrentamento à Violêcia contra LGBT.
O presidente da ABGLT, Toni Reis, disse que os movimentos saíram satisfeitos do encontro, em que carta pública com as demandas do segmento foi entregue à presidenta Dilma. Para Reis, a posição de defender e impedir a violência contra a comunidade LGBT, vinda da mais alta autoridade do país,  é muito importante.

CNJ condena três desembargadores


Valmar Hupsel Filho - O Estado de S. Paulo
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) condenou nesta quinta-feira, 27, três desembargadores à pena de aposentadoria compulsória por envolvimento em irregularidades no exercício da atividade. Dois deles são ex-presidentes do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, acusados participação em um esquema que resultou no desvio de mais de R$ 14 milhões destinados ao pagamento de precatórios. O terceiro é do Tocantins e foi acusado de receber propina para dar decisões favoráveis em cinco processos que julgou.
Os desembargadores do TJ-RN Osvaldo Soares Cruz e Rafael Godeiro Sobrinho também respondem a processo criminal que tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Eles foram acusados de pagamentos irregulares a familiares de uma funcionária do TJ-RN durante as respectivas gestões como presidentes do Tribunal (2007-2008 e 2009-2010).
Os recursos eram sacados ou transferidos por meio de cheques nominais, transferências diretas e das chamadas guias de depósito judicial ouro, segundo o relator do processo, conselheiro Jorge Hélio. Os beneficiários, segundo ele, eram sempre pessoas estranhas a processos de precatórios do Tribunal e sempre relacionadas à ex-chefe do setor, Carla de Paiva Ubarana Araújo Leal, e a seu marido, George Luís de Araújo Leal.
Os dois já foram condenados a 10 e seis anos de prisão, respectivamente, e estão cumprindo pena em regime fechado. Além disso, devolveram aproximadamente R$ 6,5 milhões aos cofres do TJ-RN. “Estamos falando de cerca de R$ 8 milhões a serem devolvidos”, disse o conselheiro. Ele disse que propôs ao plenário do CNJ a manutenção do julgamento do desembargador Rafael Godeiro, mesmo tendo ele se aposentado em fevereiro deste ano ao completar a idade limite de 70 anos, “para evitar que ele exerça algum cargo de comissão ou volte a advogar”. 
Tocantins. O desembargador Carlos Luís de Sousa, do Tribunal de Justiça do Tocantins, foi acusado de vender sentenças. De acordo com o relatório do conselheiro José Guilherme Vasi Werner, aprovado por unanimidade pelo plenário, o magistrado recebeu R$ 50 mil por uma decisão favorável em 2007. “Estou convencido de que há provas suficientes demonstrando que o requerido percebeu vantagem indevida ou pelo menos a solicitou”, afirmou Werner, em nota divulgada pelo CNJ.
Os outros quatro casos em que o conselheiro Werner encontrou conduta irregular do magistrado se referem ao pagamento de precatórios. Baseando-se em provas obtidas pela Polícia Federal, Werner concluiu que o desembargador Carlos Luiz de Souza proferiu sentenças que alteraram a ordem do pagamento das dívidas estatais em favor de pessoas que o remuneraram pelas decisões.
Estado não localizou os advogados de defesa dos desembargadores.
A aposentadoria compulsória é a pena mais severa aplicada a um magistrado. Nela, o condenado é impedido de exercer a magistratura mas mantém o direito de receber os proventos da aposentadoria proporcionais ao tempo de serviço. No caso do desembargador,  Rafael Godeiro, que se aposentou em fevereiro, a aposentadoria é integral. No Congresso tramitam duas propostas de emendas à Constituição que propõem o fim da aposentadoria compulsória.

Governo Dilma deixa de licitar linhas de ônibus

Presidenta anunciou R$ 50 bilhões para transporte público, mas seu governo mantém sem concorrência linhas de ônibus interestaduais e da região metropolitana de Brasília. MPF ameaça ofensiva na Justiça

Lana Jéssica
Insatisfeitos com qualidade do serviço, moradores do Entorno do DF incendiaram vários ônibus nos últimos dias

A presidenta Dilma Rousseff anunciou esta semana o “pacto pelo transporte público” com a promessa de investir R$ 50 bilhões no setor, mas mantém a tradição de seus antecessores de não licitar linhas de ônibus interestaduais. Para o Ministério Público, novas licitações significariam mais concorrência entre as empresas e tarifas mais baratas, inclusive nas regiões metropolitanas de Brasília e de Teresina (PI), trajetos administrados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
 
No mês passado, antes dos protestos em todo país por melhores condições de mobilidade, a 3ª Câmara da Procuradoria Geral da República cobrou da Casa Civil a realização das licitações, que nunca ocorreram apesar de previstas desde a Constituição de 1988. E ameaçou o governo com uma chuva de ações judiciais: “Não é mais possível evitar que os procuradores ingressem com ações, para requerer a realização do certame”, disse o coordenador da 3ª Câmara, subprocurador geral Antônio Fonseca.

No documento, Fonseca fala em nome de procuradores de todo o Brasil que fazem parte de um grupo de trabalho que cobra a licitação das linhas de ônibus. A demora acontece em meio a protestos em todo Brasil pela redução das tarifas e por mais qualidade no transporte público. Em Brasília, por exemplo, vários protestos pediram a licitação das linhas administradas pela ANTT, que descumpriu prazo dado pela Justiça Federal para abrir a concorrência na região metropolitana da capital. Desde a semana passada, vários ônibus foram incendiados no chamado Entorno do Distrito Federal e algumas rodovias chegaram a ser bloqueadas por manifestantes. No Piauí, na região metropolitana de Teresina, estudantes protestaram contra o monopólio da empresa que faz a ligação da capital com a cidade vizinha de Timon (MA).

Pelo menos desde 2003, o Tribunal de Contas da União (TCU) determina que a ANTT licite as linhas de transporte de todo o país. O procurador da República em Juiz de Fora (MG) Carlos Bruno Ferreira, membro do grupo de trabalho, atua na área há oito anos. Para ele, as licitações são importantes para melhorar a qualidade do serviço e reduzir os preços. “Certamente haverá mais qualidade. Há dois modelos de licitação, que vão dar mais competitividade e reduzir as tarifas”, disse ele ao Congresso em Foco. Na avaliação do procurador, a população sofre com a demora do governo federal. “O prejuízo é difícil de medir, mas certamente o preço teria caído muito e a qualidade melhoraria com as licitações”, afirmou Ferreira.
Roberto Stuckert Filho/PR
Dilma anuncia pacote, mas seu governo segura licitação de ônibus

No ofício à ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffman, o procurador Antônio Fonseca reclama da demora para definir minutas de editais para todo país, definida em audiência pública com a ANTT em 2011. Em março deste ano, a Presidência da República disse estudar mudar o modelo de concessões de linhas de ônibus para o regime de autorização, o que demandaria um projeto de lei no Congresso. Para Fonseca, não é possível esperar mais. “Regularizar o transporte interestadual é dever de casa atribuído ao governo federal pela Constituição de 1988”, afirma.

No último encontro nacional de procuradores e promotores do Ministério da área de Direito do consumidor, ficou decidido que eles deveriam propor uma ação judicial de caráter nacional para resolver o problema. Fonseca diz que o melhor, porém, é o diálogo. O procurador questiona objetivamente qual caminho será adotado pela Casa Civil, as licitações da ANTT – atrasadas – ou o modelo de autorização, para o qual ainda não existe na lei, e que dá mais liberdade para o governo cancelar as linhas quando há falta de qualidade.

Depois do quebra-quebra na Avenida Antônio Carlos, em BH, uma família em pedaços

Mãe do jovem que morreu após cair de viaduto durante o protesto que arrasou avenida em BH identificou filho pela TV
 
Flávia Ayer - Jornal Estado de Minas
Douglas tinha 21 anos e trabalhava em Contagem
Belo Horizonte ainda conta os prejuízos de uma das maiores ondas de vandalismo de sua história. As primeiras estimativas falam em milhões de reais. Mas uma família já sabe que jamais vai conseguir quantificar o que perdeu durante a manifestação de quarta-feira, que arrasou a Avenida Antônio Carlos. “A morte do meu filho não vai representar os cinco centavos de redução da passagem e os políticos vão continuar roubando. A única mudança que vai ter é na minha alma, que agora tem um vazio. Ele não mudou a história do país, mas a da nossa família.” A fala carregada de dor e revolta é de Neide Caetano de Oliveira, de 43 anos, mãe de Douglas Henrique de Oliveira Souza, de 21, morto durante a manifestação na Pampulha. Douglas não pertencia a grupos políticos nem carregava bandeiras. Foi ao protesto contrariando a mãe, que havia lhe pedido para ficar em casa. “Ele queria lutar por um Brasil melhor, por saúde e educação, que é o que todos querem, mas mudou a nossa família”, completa a irmã Letícia Aparecida, de 22.
Longe da baderna e das confusões, o grito de protesto de Douglas foi interrompido em um pulo dado em falso de cima do Viaduto José Alencar, que faz a ligação das avenidas Antônio Carlos e Abrahão Caram, no acesso ao Mineirão. Segundo um dos dois amigos que o acompanhavam na manifestação, Fernando Fernandes, Douglas tentou pular a mureta do viaduto para alcançar a outra pista, mas não viu o vão livre entre os dois lados. De acordo com a Polícia Civil, não haverá investigação sobre a morte, pois ainda não há indícios de crime. Outros cinco manifestantes foram pegos pela mesma armadilha nos protestos de sábado e quarta-feira. A proteção instalada pela Prefeitura de Belo Horizonte na terça-feira não evitou o risco, pois impedia o acesso apenas nas cabeceiras do elevado 

A mãe assistiu a tudo pela televisão e, na hora do acidente, identificou o filho pela cor da camisa. “Vi o Douglas deitado no chão. Meu filho era muito especial na minha vida, falava que me amava todos os dias”, diz Neide, em prantos. “Não sei se conseguirei superar esta dor”, completa. Filho de pais separados, Douglas se mudou com a mãe, as duas irmãs e uma sobrinha, há cerca de dois anos, de Curvelo, na Região Central, para Contagem, na Região Metropolitana de BH. O pai mora em São Francisco de Paula, no Centro-Oeste do estado. Teve que ser internado com hipertensão ao saber da morte do filho.

O jovem nasceu em Oliveira, também no Centro-Oeste de Minas, mas passou grande parte da vida em Curvelo, onde será sepultado hoje, às 8h, no Cemitério Santa Rita. O velório começou ontem, às 18h. “Viemos do interior para estudar, pois lá não há muitas oportunidades. Queríamos uma vida melhor”, diz a irmã. Segundo o primo Pedro Henrique Caetano, de 23, Douglas sonhava em cursar engenharia elétrica. De família simples, o jovem não voltou aos estudos e acabou se dedicando ao trabalho.
Havia seis meses que era funcionário da Usifast, empresa de logística em Contagem. Lá, trabalhava como auxiliar de logística e ajudava a colocar as mercadorias nos caminhões. Pegava serviço às 6h da manhã, mas, na quarta-feira, faltou ao expediente para ir à manifestação. Desde a semana passada estava entusiasmado com os movimentos de protesto e, no perfil do Facebook, chegou a convocar os amigos para irem para a rua. Compareceu à manifestação de sábado e chegou a postar fotos dos protestos de quarta, pouco antes do acidente. Ontem, a morte virou assunto nas redes sociais, onde muitos lamentaram a tragédia.
“Ele morreu lutando, mas não sei se valeu a pena. Fatalidade ou não, morreu por aquilo que acreditava. Era uma pessoa cheia de planos, aventureiro, bonito”, lamenta a irmã Letícia. Para o primo, fica a imagem de um jovem que tentou fazer a diferença. “Ele tinha uma luz própria e não esperava ninguém fazer nada por ele. Ia sempre atrás. No sábado, chegou a me falar que a manifestação tinha a nossa cara e que ele iria participar, porque, desse jeito, faria a diferença”, conta.

Assembleia decide pela realização de manifestações em Belo Horizonte no fim de semana

Carlos Calaes - Hoje em Dia
Manifestantes se reuniram e deliberaram manter 
os protestos em Belo Horizonte
Uma manifestação está prevista para a manhã deste sábado (29) na frente da Camara Municipal de Belo Horizonte. Na ocasião, os vereadores votarão, em segundo turno, o projeto de lei 417/83, de autoria do Executivo, que concede isenção de imposto para o transporte coletivo por ônibus. Se aprovado, haverá  redução de R$ 0,05 nas passagens na capital.
Outro protesto deverá ser realizado no domingo, dia da final da Copa das Confederações, jogo entre Brasil e Espanha no  Maracanã.

As manifestações foram votadas e aprovadas na noite desta quinta-feira (27), em  mais uma assembleia popular  sob o viaduto Santa Tereza, Centro de BH. Mas até o fechamento desta edição os detalhes  não tinham sido acertados. Segundo avaliação da Polícia Militar, cerca de 200 pessoas participaram do encontro.
Sobre os reflexos causados na cidade pela manifestação da quarta-feira, um dos líderes, que não quis se identificar, afirmou discordar dos atos de vandalismo, mas argumentou que não se pode criminalizar as pessoas. Para ele, os prejuízos “fazem parte da luta pela mudança do Brasil”.
Durante a assembleia, foi sugerido que o Ministério Público investigue a responsabilidade pela morte de Douglas Henrique de Oliveira, de 21 anos, que caiu do viaduto José Alencar.

O objetivo é torná-las menos militarizadas e mais adaptadas ao regime democrático e ao exercício da cidadania


 
 
Roldão Arruda - HOJE EM DIA - A Comissão Nacional da Verdade, em seu relatório final, vai recomendar ao governo mudanças na estrutura das forças policiais militares dos Estados. O objetivo é torná-las menos militarizadas e mais adaptadas ao regime democrático e ao exercício da cidadania.

O assunto já vinha sendo analisado internamente pela comissão. Mas ganhou destaque nos últimos dias, com os relatos de violência cometidos por policiais militares contra manifestantes que foram às ruas em diferentes partes do País.

"Esse tema vai aparecer, certamente, no capítulo das recomendações finais da comissão", disse à reportagem a coordenadora da comissão, a advogada Rosa Maria Cardoso da Cunha. Segundo ela, a adaptação de forças policiais e militares tem sido um tema constante nos debates sobre a transição de regimes autoritários para a democracia. "Outras comissões já se pronunciaram sobre democratização das forças armadas e das polícias."

De acordo com a coordenadora, o Brasil debate a questão desde o fim da ditadura militar, há quase três décadas, mas não registra avanços importantes na prática. "O debate é bom, mas as propostas não conseguem ser implementadas", disse ela. "Os governos, em algum momento, cedem à tentação autoritária. É mais fácil mandar baixar o pau."

Entre os Estados que já tentaram conduzir mudanças, ela lembrou o Rio de Janeiro e São Paulo. "Toda essa discussão sobre modernização das polícias começou no início da década de 1990, no Rio, quando a Secretaria de Justiça era chefiada por Nilo Batista, no governo de Leonel Brizola", disse. "Preocupado com a formação de uma polícia cidadã, ele pôs vários cursos à disposição dos policiais na Universidade Estadual do Rio de Janeiro."

Em São Paulo, segundo suas informações, a iniciativa mais importante ocorreu no governo de Mário Covas (1995-2000) e foi conduzida pelo então titular da Secretaria de Justiça e Cidadania, Belisário dos Santos Júnior. O governo federal também deu alguns passos nessa direção, segundo Rosa Maria.

Ao falar sobre o assunto, ela usa frequentemente expressões como modernização, educação, civilização e democratização das policias militares dos Estados. Sem essas mudanças, acredita, o País vai caminhar para um impasse, no qual os policiais militares tendem a parecer cada vez mais inadequados e despreparados frente a manifestações democráticas.

"Até aqui o direito de manifestação ainda se mostra como um direito superior. Os governantes estão fazendo críticas ao comportamento autoritário, hostil e até letal da polícia", disse. "Mas é importante que isso seja mantido em situações mais extremas."

O primeiro passo para a democratização das polícias militares e das Forças Armadas, segundo a advogada, é a modernização dos currículos das escolas de formação. Outra iniciativa seria ampliar o acesso dos policias a universidades públicas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Estado quer pena mais rigorosa para vândalos em BH


Vândalos promoveram o caos na Avenida Antônio CarlosVândalos responsáveis por depredar e atear fogo ao patrimônio público e particular durante o protesto da última quarta-feira, em Belo Horizonte, poderão ser enquadrados nos crimes de formação de quadrilha ou de milícia. Essa é a única alternativa para evitar a impunidade dos baderneiros, já que, individualmente, a maioria cometeu delitos de menor potencial ofensivo, como dano a propriedades.
 
A informação é do secretário de Estado de Defesa Social (Seds), Rômulo Ferraz. Segundo ele, a pasta analisa, em conjunto com o Ministério Público Estadual (MPE), imagens geradas por circuitos internos de segurança, por equipes de TV e pela própria polícia, que tinha militares à paisana durante o embate na Pampulha.
 
Após a identificação dos suspeitos, inquéritos serão instaurados pela Polícia Civil, e a punição ficará a cargo da Justiça. A pena máxima é de oito anos, mas pode dobrar se comprovado que o bando estava armado. “Percebemos claramente que eles atuaram juntos. Se prepararam com antecedência para um confronto organizado”, afirmou Rômulo Ferraz.
 
No último confronto, nas avenidas Antônio Carlos e Abrahão Caram, 109 pessoas foram detidas, entre adultos e adolescentes. Apenas 26 tiveram prisão em flagrante decretada e permanecem encarcerados. Os demais foram ouvidos e liberados por terem praticado crimes de menor potencial ofensivo.
 
 
FONTE: O TEMPO

Membro da comissão de prevenção da violência faz duras críticas contra atuação da Polícia Militar nas manifestações


1. Polícia Militar permitiu que os infelizes depredassem várias lojas e incendiassem pelo menos um prédio (será que eram só os integrantes do lumpemproletariado que ali se encontravam?).

Me recuso a acreditar que tendo, CARRO DE SOM para orientar o afastamento das pessoas de bem (como à noite constatamos que providenciaram), BATALHÃO DE CHOQUE e TROPA DE ELITE, a Polícia Militar não tenha capacidade de cercar e prender as cerca de 100 pessoas que vandalizavam.

2. Sem que nenhuma das pessoas que à luz do sol e sob o foco de toda a imprensa nacional e facebookiana tenha sido presa, COMEÇAMOS A RECEBER (e a confirmar posteriormente) notícias da prisão de dezenas de pessoas.

3. Agora, no início da noite, PASSA O CARRO DE SOM PELA ANTÔNIO CARLOS fazendo TERRORISMO PSICOLÓGICO e dizendo que o ATO PÚBLICO ACABOU e que qualquer atitude suspeita seria considerada crime.

SÓ TENHO UMA CONCLUSÃO: ALGUM MARQUETEIRO ESTÁ COMANDANDO AS AÇÕES DA POLÍCIA MILITAR MINEIRA.

O objetivo de marketing é: 

1. Mostrar que vândalos quebraram tudo.

2. Dizer que a Polícia agiu, JÁ QUE PRENDEU CENTENAS DE PESSOAS.

3. Imputar a responsabilidade pela "vandalização" aos membros mais ativos das manifestações.

4. Prejudicar a vida de centenas de pessoas presas, já que responderão processo judicial e isto tende a afastar as pessoas das lutas políticas que originaram o processo. 

Marco Aurélio dos Reis Corrêa 
Membro da Comissão de Prevenção à Violência.

Fonte: página jovens advogados 

Líderes da base na Câmara fecham unanimidade em torno de plebiscito para reforma política



Dilma se reuniu com os líderes dos partidos da base na Câmara dos Deputados. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR.
Dilma se reuniu com os líderes dos partidos da base na Câmara dos Deputados. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR.
Os líderes dos partidos da base aliada na Câmara dos Deputados firmaram compromisso em torno da consulta pública para reforma política por meio de plebiscito. Eles se reuniram com a presidenta Dilma Rousseff nesta quinta-feira (27) no Palácio do Planalto. Mais cedo, os senadores e os presidentes de partido da base já haviam anunciado a unanimidade em relação ao tema.
“Estabelecemos uma unidade extremamente forte e firme no sentido de que as manifestações legítimas democráticas e pacíficas tenham uma resposta numa participação, numa consulta popular, para que nós possamos avançar. (…) Por isso que todos os partidos estão convictos que a consulta à população, que o plebiscito é fundamental, porque ouve em primeiro lugar a população”, afirmou Ideli Salvatti, ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais.
Confira as declarações dos líderes sobre o plebiscito
José Guimarães, líder do PT
“Os líderes da base todos apoiam a consulta via plebiscito, e assumimos o compromisso de discutir nas bancadas. (…) Há uma posição política dos líderes, apoio a uma consulta popular via plebiscito. (…) Foi uma importante e bela reunião”.
Arlindo Chinaglia, líder do governo
“Quando o tema da reforma política surgiu, todos nós valorizamos, sem exceção, aquilo que já foi comentado pela ministra, da consulta popular. E quando confrontado a ideia de um plebiscito e a ideia de um referendo, por unanimidade, nós fechamos essa unidade já referida em torno de um plebiscito”.
Eduardo Cunha, líder do PMDB
“Houve uma convergência sobre um ponto, que a consulta popular se dará como plebiscito e terá o apoio unânime de todos. O que vai constar no plebiscito, o tempo que vai levar para esse plebiscito ser feito e para quando ele vai valer vai ser uma decisão que nós vamos levar para a bancada, e o Congresso soberanamente vai decidir”.
Anthony Garotinho, líder do PR
“Eu quero reafirmar tudo o que foi dito aqui, sobre o apoio ao plebiscito. Até porque referendo não cabe. Referendo só cabe sobre algo que já existe. Só pode referendar algo que já existe. Então, tem que haver um plebiscito. É a nossa opinião”.

Oficiais da PM criticam despreparo da tropa nos protestos

Oficiais da PM criticam despreparo da tropa nos protestos
Oficiais da PM criticam despreparo da tropa nos protestos
Um grupo de oficiais da PM recorreu ao deputado estadual Altineu Cortes (PR) a fim de que ele seja o porta-voz da crítica feita ao mau uso da Polícia Militar no enfrentamento de manifestantes no Rio. Como este blog escreveu semana passada, é flagrante o despreparo e a falta de equipamentos adequados para os policiais atuarem no Controle de Distúrbios Civis (CDC), no jargão da caserna.
Em dois documentos enviados ao deputado, os oficiais apontam falhas da PM em dois episódios — o cerco por manifestantes a Alerj, no dia 17, e na grande manifestação de quinta-feira passada, que deixou os policiais do Choque e do Bope aloprados pelo Centro do Rio.
Um dos documentos assinala oito erros da PM:
1 – Falta política de preservação da vida. Foi empregado grande efetivo para proteger a sede da prefeitura do Rio, na quinta-feira, dia 20. Os policiais receberam ordens para defender o edifício a qualquer custo
2 – Emprego errado da cavalaria. Os cavalos foram expostos ao calor da manifestação. E isso ajudou os provocadores a jogar lenha na fogueira.
3- Faltou policiamento ostensivo nas estações do metrô. Em vez disso, os policiais do Batalhão de Choque atacaram quem buscava as estações fechadas pelo metrô.
4 – Despreparo da tropa frente aos manifestantes. Os policiais aceitam facilmente provocações de manifestantes, batem boca com eles e não se dão ao trabalho de prendê-los por desacato, por exemplo.
5 – Os batalhões da PM sofrem um processo de desmonte. Há quartéis sendo colocados a venda. Isso desmotiva o oficialato.
6 – Hipertofia das unidades especiais da PM, em contraposição à falta de investimento nas unidades comuns.

Brasil: um novo ciclo de lutas populares?

Artigo de Atilio Boron

“As massas que saíram às ruas em mais de cem cidades brasileiras podem, talvez, não saber aonde vão, porém em sua marcha podem acabar com um governo que, claramente, escolheu se colocar a serviço do capital. Brasília faria muito bem em olhar o ocorrido nos países vizinhos e tomar nota desta lição que pressagia crescentes níveis de ingovernabilidade se persistir em sua aliança com a direita, com os monopólios, com os agronegócios, com o capital financeiro, com os especuladores que enfraquecem o orçamento público do Brasil”. Essa é a análise do cientista político e sociólogo Atilio A. Boron, em artigo publicado no sítio do Partido Comunista Brasileiro (PCB), 25-06-2013. A tradução é do próprio PCB.
 
Fonte: http://goo.gl/kIznX 
Eis o artigo.
As grandes manifestações populares de protesto no Brasil derrubaram, na prática, uma premissa cultivada pela direita e assumida também por diversas organizações de esquerda – começando pelo PT e permanecendo com seus aliados: caso fosse garantido “pão e circo” ao povo – desorganizado, despolitizado, decepcionado com dez anos de governo petista – este aceitaria mansamente que a aliança entre as velhas e as novas oligarquias prosseguisse governando sem maiores sobressaltos.
A continuidade e eficácia do programa “Bolsa Família” assegurava o pão. A Copa do Mundo e seu prelúdio, a Copa das Confederações, e depois os Jogos Olímpicos,  garantiriam o circo necessário para consolidar a passividade política dos brasileiros. Esta visão, não só equivocada como profundamente reacionária (e quase sempre racista) ficou destruída nestes dias, o que revela a curta memória histórica e o perigoso autismo da classe dominante e seus representantes políticos ao esquecerem que o povo brasileiro soube ser protagonista de grandes jornadas de luta e que seus períodos de apatia e passividade alternaram com episódios de súbita mobilização, que ultrapassaram os estreitos marcos oligárquicos de um estado apenas superficialmente democrático.
Basta recordar as múltiplas mobilizações populares que impuseram a eleição direta do presidente em começo dos anos oitenta, as que precipitaram a renúncia de Fernando Collor de Mello em 1992 e a onda ascendente de lutas populares que fizeram possível a vitória de Lula no ano de 2002. A apatia posterior, fomentada por um governo que optou por governar com e para os ricos e poderosos, criou a errônea impressão de que a expansão do consumo de um amplo estrato do universo popular era suficiente para garantir indefinidamente o consenso social. Uma péssima sociologia se combinou com a traidora arrogância de uma tecnocracia estatal que, ao embotar a memória, fez com que os acontecimentos desta semana fossem tão surpreendentes quanto um raio em um dia de céu azul. A surpresa emudeceu uma direção política de discurso fácil e sensacionalista, que não podia compreender – e muito menos conter – o tsunami político que irrompia nada menos que em meio dos gastos futebolistas da Copa das Confederações. Foi notável a lentidão da resposta governamental, desde as prefeituras municipais até os governos estaduais e o próprio governo federal.
Especialistas e analistas vinculados ao governo agora insistem em colocar sob a lupa estas manifestações, assinalando seu caráter caótico, sua falta de liderança, a ausência de um projeto político de reforma. Seria melhor que, em lugar de exaltar as virtudes de um fantasioso “pós-neoliberalismo” de Brasília e de pensar que o ocorrido tem a ver com a falta de políticas governamentais para um novo ator social, a juventude, dirigirem seu olhar para os déficits da gestão governamental do PT e seus aliados com uma ampla gama de temas cruciais para o bem-estar da cidadania.
Defender que os protestos foram causados pelo aumento de 20 centavos de real do transporte público de São Paulo é o mesmo que, dadas as distâncias, afirmar que a Revolução Francesa ocorreu porque, como é sabido, algumas padarias da zona da Bastilha tinham aumentado em uns poucos centavos o preço do pão. Estes propagandistas confundem o detonante da rebelião popular com as causas profundas que a provocam, que dizem respeito à enorme dívida social da democracia brasileira, apenas atenuada nos últimos anos do governo Lula.
O disparador, o aumento no preço da passagem do transporte urbano, teve eficácia porque, segundo alguns cálculos, para um trabalhador que ganha apenas o salário mínimo em São Paulo, o custo diário com transporte para chegar a seu trabalho equivale a pouco mais que a quarta parte de sua renda. Porém, este só conseguiu desencadear esta onda de protestos porque se combinava com a péssima situação dos serviços de saúde pública; o viés classista e racista do acesso à educação; a corrupção governamental (um indicador: a presidenta Dilma Rousseff trocou vários ministros por este motivo), a ferocidade repressiva imprópria de um estado que se proclama democrático e a arrogância tecnocrática dos governantes, em todos os seus níveis, ante as demandas populares que são desconsideradas sistematicamente: caso da reforma da previdência social, ou da paralisada Reforma Agráriaou das reivindicações dos povos originários ante as construções de grandes represas na Amazônia. Com estas questões pendentes, falar de “pós-neoliberalismo” revela, no melhor dos casos, indolência do espírito crítico; no pior, uma deplorável submissão incondicional ao discurso oficial.
À explosiva combinação acima assinalada é preciso somar o crescente abismo que separa a cidadania comum da partidocracia governante, incessante tecedora de toda sorte de inescrupulosas alianças e transformismos sem escrúpulos, que burlam a vontade do eleitorado, sacrificando identidades partidárias e afiliações ideológicas. Não por acaso todas as manifestações expressavam seu repúdio aos partidos políticos. Um indicador do custo fenomenal dessa partidocracia – que retira recursos do tesouro público que poderiam destinar-se ao investimento social – está dado pelo que no Brasil se denomina Fundo Partidário, que financia a manutenção de uma máquina meramente eleitoreira e que nada tem a ver com esse “princípio coletivo”, sintetizador da vontade nacional-popular do qual falaAntonio Gramsci.
Um dado apenas será suficiente: apesar do fato da população exigir infrutuosamente maiores orçamentos para melhorar os serviços básicos que fazem a qualidade da democracia, o mencionado fundo passou de 729.000 reais em 1994 à distribuição de 350.000.000 de reais em 2012, e está por aumentar ainda mais no curso deste ano. Essa enorme cifra fala com eloquência do hiato que separa representantes de representados: nem os salários reais nem o investimento social em saúde, educação, habitação e transporte tiveram a prodigiosa progressão experimentada por uma casta política completamente apartada de seu povo e que não vive para a política, mas que vive, e muito bem, da política, a custa de seu próprio povo.
Isso é tudo? Não, há algo mais que provocou a fúria cidadã. O exorbitante custo em que incorre Brasília a conta de uma absurda “política de prestígio” encaminhada a converter o Brasil em um “jogador global” na política internacional. A Copa do Mundo da FIFA e os Jogos Olímpicos exigirão enormes despesas que poderiam ter sido utilizados mais proveitosamente na solução de velhos problemas que afetam as classes populares. Seria bom recordar que o México não só organizou uma, mas duas Copas do Mundo, em 1970 e 1986, e os Jogos Olímpicos de 1968. Nenhum destes grandes eventos converteu o México em um jogador global da política mundial: porém, serviram para ocultar os problemas reais que irrompiam com fora na década de noventa e que perduram até os dias de hoje.
Segundo a lei aprovada pelo congresso brasileiro, a Copa do Mundo dispõe de um orçamento inicial de 13.600 milhões de dólares que, certamente, aumentará à medida que se aproxima a inauguração do evento. Além disso, estima-se que os Jogos Olímpicos demandará uma cifra ainda maior. Convém aqui recordar uma sentença de Adam Smith, quando dizia que “o que é imprudência e loucura no manejo das finanças familiares não pode ser responsabilidade e sensatez no manejo das finanças do reino”. Aquele que em seu lar não dispõe de renda suficiente que garantam a saúde, a educação e uma habitação adequada para sua família não pode ser elogiado quando gasta o que não tem em uma festa caríssima.
A dimensão deste despropósito fica gravada, como observa com perspicácia o sociólogo e economista brasileiroCarlos Eduardo Martins, quando compara o custo do programa “Bolsa Família”, 20.000 milhões de reais, com o que devoram os interesses da dívida pública: 240.000 milhões de reais. Ou seja, em um ano os tubarões financeiros do Brasil e do exterior, crianças mimadas do governo, recebem como compensação a seus empréstimos fraudulentos o equivalente a doze planos de “Bolsa Família” por ano. Segundo um estudo da Auditoria Cidadã da Dívida, no ano de 2012, as despesas com juros e amortizações da dívida pública gastou 47.19% do orçamento nacional. No entanto, dedicou à saúde pública 3.98%, à educação 3.18% e ao transporte 1.21%. Com isso, não se quer diminuir a importância do programa “Bolsa Família”, mas ressaltar a escandalosa gravidade do rombo originado por uma dívida pública – ilegítima até a medula –, que faz dos banqueiros e especuladores financeiros os principais beneficiários da democracia brasileira ou, mais precisamente, da plutocracia reinante no Brasil.
Por isso, Martins tem razão quando observa que a dimensão da crise exige algo mais que reuniões de gabinete e conversações com alguns dos líderes dos movimentos sociais organizados. Propõe, em troca, a realização de um plebiscito para uma reforma constitucional que corte os poderes da partidocracia e dê poderes reais à cidadania; ou para anular a lei de autoanistia da ditadura; ou para realizar uma auditoria integral sobre a obscura gênese da escandalosa dívida pública (como fez Rafael Correa no Equador). Acrescenta-se a isto também que não basta dizer que 100% dos royalties que originem da exploração do enorme campo petroleiro e do pré-sal serão dedicados, como declarou Rousseff, à educação, na medida em que não se diga qual será a proporção que o estado captará das empresas petroleiras. Na Venezuela e no Equador, o estado retém no que se refere aos royalties entre 80 e 85% do produzido na boca do poço. E no Brasil quem fixará essa porcentagem? O mercado? Por que não estabelecê-la mediante uma democrática consulta popular?
Como pode presumir-se sobre todo o anterior, é impossível reduzir a causa do protesto popular no Brasil a uma eclosão juvenil. É prematuro prever qual será o futuro destas manifestações, porém de algo estamos certos. O “Que se vayan todos!” da Argentina, de 2001-2002, não pode constituir-se como uma alternativa de poder, porém pelo menos assinalou os limites que nenhum governo poderia voltar a transpassar sob pena de ser derrotado por uma nova insurgência popular. Mais ainda, as grandes mobilizações populares na Bolívia e no Equador demonstraram que suas fraquezas e sua não organicidade – como as que hoje ocorrem no Brasil – não impediram tombar governantes que só favoreciam os ricos.
As massas que saíram às ruas em mais de cem cidades brasileiras podem, talvez, não saber aonde vão, porém em sua marcha podem acabar com um governo que, claramente, escolheu se colocar a serviço do capital. Brasília faria muito bem em olhar o ocorrido nos países vizinhos e tomar nota desta lição que pressagia crescentes níveis de ingovernabilidade se persistir em sua aliança com a direita, com os monopólios, com os agronegócios, com o capital financeiro, com os especuladores que enfraquecem o orçamento público do Brasil. A única saída para tudo isso é pela esquerda, potencializando não no discurso, mas com fatos concretos, o protagonismo popular e adotando políticas coerentes com o novo sistema de alianças. Não seria exagerado prognosticar que um novo ciclo de crescimento das lutas populares estaria iniciando no gigante sul-americano. Se assim for, o mais provável seria uma reorientação da política brasileira, o qual seria uma notícia muito boa para a causa da emancipação do Brasil e de toda Nossa América.

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