Rio teve 1.822 casos de estupro e apenas 70 prisões.
A chefe da Polícia Civil, Marta Rocha, divulgou nesta quinta-feira
(6) em audiência pública sobre os casos de estupro no Estado do Rio, na
Alerj, que de janeiro a abril de 2013 foram registrados 1.822 casos de
estupro no Estado, mas foram feitas apenas 70 prisões dos criminosos
pela Polícia Civil. Outro dado alarmante divulgado por ela foi o
aumento dos estupros de 23,8% de 2011 para 2012 , como aponta a pesquisa
do Instituto de Segurança Pública (ISP), intitulada ‘Dossiê Mulher’.
“No ano passado, 6.029 mulheres foram vítimas de estupro. Comparado a
2011, o ano de 2012 apresentou um aumento de 23, 8% (1158 vítimas a
mais). Foram 4.871 casos em 2011. A média mensal, ano passado alcançou o
número de 502 vítimas, cerca de 17 ao dia. Foram quase 37 vítimas de
estupro para cada grupo de 100 mil habitantes”, lamentou a deputada
estadual, Inês Pandeló (PT), que preside a Comissão dos Direitos da
Mulher na Assembleia Legislativa do Rio.
Também foi constatado pelo ISP que as mulheres fluminenses ainda são
as maiores vítimas dos crimes de estupro (82%) e tentativa de estupro
(94,9%). A análise desses crimes mostra que na área metropolitana do
estado, o município do Rio de Janeiro se destaca, o que se deve em
grande parte por sua alta população (aproximadamente 39,0% da população
total do estado). Entre os demais municípios, Nova Iguaçu é o que tem o
segundo maior número de vítimas de estupro e da tentativa dele. O estudo
aponta que os três maiores números de vítimas se concentram nas zonas
Oeste (822 vítimas) e Norte (637) e na cidade de Nova Iguaçu (398).
Crescem as ocorrências de estupro nas vias públicas
Um traço dos dados levantados tem espantado os parlamentares e a
sociedade: o aumento de estupro nas vias públicas. Segundo a deputada
estadual, Clarissa Garotinho (PR), que também integra a Comissão dos
Direitos da Mulher, com as informações em mãos, ela está procurando
“entender” o que chamou de “fenômeno” do aumento de estupro fora do
âmbito familiar, que se trata da maioria das ocorrências.
“O aumento de estupro nas ruas da cidade pode ser explicado pelo fato
do efetivo de policiais militares do Rio de Janeiro ser deslocado para
as diversas Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs), deixando as ruas
descobertas”, avaliou a deputada do PR.
O raciocínio de Clarissa foi negado pelo major Alexandre Leite, do
escritório de indicadores da Polícia Militar, presente na reunião. O PM
afirmou que apenas no início dos projetos de pacificações se deslocavam
policiais de rua para as comunidades. ”Antigamente os policiais do
bairro de Campo Grande [Zona Oeste], eram deslocados para as favelas,
mas isso não acontece mais. Para se ter uma ideia, em 2008 eram 34 mil
homens, e hoje são 43 mil, exatamente para atender a essa demanda”,
explicou o major. Ainda assim, Clarissa rebateu, afirmando que o
deslocamento de policiais ainda acontece.
Lei institui sistema integrado de informação sobre violência contra a mulher no estado
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