CPI sobre causa de mortes de policiais foi realizada nesta segunda.
'A PM é a primeira a nos abandonar', diz militar tetraplégico no Rio.
Após um final de semana violento, com um policial morto no Alemão e ao menos outros 6 feridos no Rio, a CPI que apura a causa de mortes de militares no estado ouviu policiais inativos que foram baleados, a viúva de um policial e especialistas da área de Segurança Pública, nesta segunda feira (9).
O encontro, na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), foi marcado por relatos emocionados, em tom crítico ao tratamento dado aos pensionistas, principalmente no atual momento de crise financeira do estado. Eles se disseram "abandonados" e "humilhados" pelo poder público.
Marcos Antônio Barros, policial militar reformado, baleado em uma troca de tiros com traficantes, deu seu depoimento. O colega que estava com ele morreu, enquanto ele ficou tetraplégico: "A PM é a primeira a nos abandonar. As portas do batalhão foram abertas para os policiais reformados almoçarem, mas não queremos esmola. Queremos salário. A pior humilhação é esta: não ter salário. Exijo respeito e dignidade para os colegas da ativa".
Ex-policial civil, João Jorge Pinto Fernandes também se disse "humilhado". "Nunca fizeram nada por mim. Somos descartáveis", disse ele, que foi alvejado e se tornou cadeirante, quando faltavam apenas 5 anos para ele se aposentar.
Viúva do Soldado Tiago Machado, Fabiana da Costa disse que seu marido foi "largado igual lixo" após ser baleado na cabeça. Ele morreu uma semana depois, de infecção hospitalar. Ela diz que protocolou pedido para receber pensão, mas a união estável ainda não foi reconhecida. "Não tenho ninguém", conclui.
Casos como este, segundo o juiz João Batista Damasceno, da associação Juízes Pela Democracia, se multiplicam "aos milhares". Ele afirmou que a política de segurança pública incita a guerra, o que só estimularia a vitimização de policiais.
"A política de enfrentamento os expõe a morte", disse ele, que criticou também a "guerra às drogas".
"Hoje há um sentimento de criminalização dos policiais, principalmente PMs. E um sentimento equivocado que os direitos humanos só se preocupam com as vítimas da ação policial, deixando de lado a vitimização do policial", disse o deputado Paulo Ramos (Psol) que preside a CPI. Participaram também os deputados Zaqueu Teixeira (PT) e Martha Rocja (PSD)
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