A tensão, as agressões injustas e as ofensas, que até parecem ter sido mútuas, no episódio lamentável protagonizado pelos policiais civis em Contagem, em que a Polícia Militar interviu sob a justificativa de que havia um sequestro em andamento, se não colabora com a integração das forças de segurança pública, podem ser um sintoma de que ainda há muitos entraves a serem vencidos, tudo sob a lógica de que a integração entre duas forças distintas e com atribuições tão diferentes e importantes são a fórmula para o enfrentamento da crescente onda de crimes e violência.
Aparentemente o motivo de tão injustificada agressão entre os policiais, se deu por quê os policiais civis se negaram a identificar-se, tendo assim começado toda confusão que agora terá desdobramentos desagradáveis para as partes, com procedimento de apuração sendo instaurado pelas corregedorias, que farão seu papel, de modo a aproximar o máximo os fatos da verdade real.
Não bastasse o vexame e o constrangimento causado aos policiais militares, em que um jovem oficial, foi algemado e preso por agentes da polícia civil, só não sendo conduzindo para a delegacia, por força de intervenção de outros policiais militares e de autoridades com senso de equilíbrio, respeito e de visão sistêmica sobre as possíveis confluências que o poder de polícia provoca em ambas corporações, que o corporificam e o exercem em suas atividades de segurança pública.
No entanto, até o momento somente temos a versão dos fatos, visto sob a ótica dos participantes, que por motivos óbvios, apresentam sua visão e a interpretação que melhor atenda aos seus propósitos e interesses, mas uma afirmação podemos fazer, todos estavam trabalhando e cumprindo suas funções com zelo e dedicação, daí ser incompreensível para a sociedade o porque de suas polícias estarem se digladiando, se o que importa é levar mais segurança e tranquilidade para a sociedade.
Mas um detalhe chamou a atenção sobre os acontecimentos, não que queremos induzir a uma errônea e equivocada leitura dos fatos, mas é forçoso reconhecer que ninguém, ou melhor as entidades não se manifestaram de modo expresso sobre a atuação dos praças e de como medidas de apoio e defesa serão implementadas para assegurar-lhes um imparcial e isento processo de apuração e julgamento, já que ciosamente a AOPMBM imediatamente agiu no momento do fato e pós-fato, em nome do oficial seu associado.
Os praças, assim como o oficial, certamente devem pertencer a alguma entidade associativa, na condição de associado, e isto seria mais do que suficiente para que todo aparelho politico e jurídico de sua entidade classista, fosse usado para lhe garantir, inclusive o direito de resposta, que é dever da entidade, como pressuposto do contraditório na cena dos fatos, o que poderia minimizar os efeitos e neutralizar ações de natureza política com intuito de macular e denegrir a imagem e dignidade dos policiais militares, e como dissemos em especial dos praças, que neste episódio ficaram órfãos.
É prudente que em casos com tamanha repercussão, haja mais cuidado nas analises, mas nada justifica que as entidades representativas dos praças, somente viessem a público defender rigorosa apuração dos fatos, dever aliás pertinente aos respectivos comandantes e chefes das unidades policiais.
As manifestações oriundas das entidades dos praças, somente atribuiu conotação política aos fatos, e afirmou tratar-se de caso isolado, o que sabemos pela experiência que se são isolados, se repetem com mais frequencia do que são veiculadas na mídia.
Fatos políticos ou não, isolados ou não, o que muitos ficaram ressentidos foi de uma posição mais contundente e concreta de suas entidades de classe, que na melhor das hipóteses ficou silenciosa a este respeito, mantendo uma posição imparcial e passiva ante as possíveis causas de históricos conflitos e desentendimentos entre as duas corporações, que tanto lutam para proporcionar segurança aos cidadãos de Minas Gerais.
Talvez seja chegada a hora de nos debruçarmos sobre o tema, sem paixão e vaidades, ou interesses corporativos ocultos, buscando melhorar ou fortalecer os laços indispensáveis da integração das polícias, já que por ora não temos como discutir e viabilizar a unificação do aparelho policial, com vantagens, benefícios, e resultados promissores para todos, polícia, governo e sociedade.
Mais do que sair em defesa dos praças, entendemos que tais acontecimentos nos apontam que ainda há algo errado ou sendo imposto sem que os maiores interessados saibam realmente, para assim poderem lidar com os conflitos que surgem na zona cinzenta do poder de polícia.
O julgamento do episódio feito pela opinião pública, certamente condenou a todos os policiais, independente de qual organização pertença, e esta conclusão não é do autor do artigo, mas de muitas vozes ouvidas a respeito dos fatos, o que acaba por ser uma péssima impressão e pode dificultar e muito a luta pela valorização da profissão e das organizações policiais, pois temos plena convicção que tanto na Polícia Militar, como na Polícia Civil temos valorosos e dignos profissionais defendendo a sociedade.
Fonte: associação cidadania e dignidade
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