COLABORADOR DO BLOG RELATA AGRESSÃO DA PMRJ NO ATO CONTRA A COMEMORAÇÃO DO GOLPE DE 64. FREI TITO É HOMENAGEADO
DANIEL MAZOLA -
Localizamos o elo desses proeminentes canalhas! Onde estariam elencados, lado a lado, os nomes de José Maria Marin, presidente da CBF, do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo e último governador de São Paulo durante a ditadura militar; Paulo Salim Maluf, notório político da Arena, duas vezes prefeito de São Paulo e atual deputado federal pelo Estado; e Michel Temer, ex-titular da pasta de Segurança Pública do Estado de São Paulo, seis vezes deputado federal pelo PMDB e atual vice-presidente da República?
Os três proeminentes nomes da política nacional constam arrolados como testemunhas de defesa do coronel reformado Carlos Alberlto Brilhante Ustra. O caso tramita na 9a vara criminal da Justiça Federal de São Paulo, e refere-se à denúncia pelo sequestro de Edgar de Aquino Duarte, apresentada pelo Ministério Público em outubro de 2012. Edgar ficou preso ilegalmente tanto nas dependências do Destacamento de Operações Internas do II Exército (Doi-Codi) quanto no Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo (Deops-SP), até meados de 1973.
Em 2008, o Coronel Ustra foi declarado como “torturador” em inédita decisão expedida pela 23a Vara Civil, e confirmada em 2012 pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Ustra foi responsabilizado pelas torturas cometidas no Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) que comandou entre setembro de 1970 e janeiro de 1974.
Segundo consta no acompanhamento processual do site da Justiça Federal de São Paulo, as testemunhas de defesa de Ustra no caso de Edgar de Aquino Duarte já teriam sido ouvidas, e uma nova audiência de instrução e julgamento está marcada hoje, 2 de Abril, às 14h. O que teriam dito nos autos as proeminentes figuras arroladas em defesa de Ustra?
Em tempo: realizou-se no dia 31 de março, um ato de repúdio (ou escracho) em frente à casa do judicialmente declarado torturador.
DITADURA NUNCA MAIS
Cerca de mil 1500 pessoas participam da manifestação ontem no centro do Rio de Janeiro. A maior parte do tempo ficaram concentrados nas imediações do Clube Militar, desde as 17h. A manifestação, claro, foi contra o Golpe Militar-Civil-Empresarial apoiado pela CIA, que completa 50 anos. No mesmo momento muitos Professores da Rede Estadual e Municipal de Ensino do Rio, também fizeram uma marcha em defesa da Educação Pública.
Entre os milhares que participaram do ato, estavam estudantes, professores, trabalhadores, partidos políticos, centrais sindicais, movimentos estudantis, e representantes de diversas entidades. Grupos anarquistas também participaram, além de inúmeras pessoas contrárias à “página infeliz da nossa história”, como cantou Chico Buarque no samba “Vai passar”.
Representantes da comissão de Direitos Humanos da OAB que estavam na manifestação, criticaram a forma como a Polícia Militar agiu durante o legítimo e necessário ato contra as comemorações do Golpe. "O diálogo com a PM hoje foi muito difícil. Alguns dos policiais se recusaram a informar quem estava no comando da operação. Todo tipo de informação que tentávamos obter se tornava inviável. Não conseguimos falar com os detidos e nem ver suas fisionomias. Isso é um absurdo", afirmou Rodrigo Assef.
De acordo com os manifestantes, os PMs estavam detendo pessoas sem qualquer tipo de acusação. A abordagem aos ativistas foi testemunhada por diversos jornalistas e manifestantes, que classificaram como arbitrária e extremamente truculenta . Por volta das 19h, bombas de gás lacrimogênio foram lançadas contra manifestantes que se aproximavam do Clube Militar. O ato foi acompanhado todo o tempo por policiais não identificados.
Uma série de escudos que lembravam os utilizados pela repressão, formaram uma linha do tempo com os fatos ocorridos no período. Um dos escudos destacou o Ato Inconstitucional nº 5, responsável pelo fechamento do Congresso em 1968.
A trilha sonora do ato foi: “Pra não dizer que não falei de flores”, de Geraldo Vandré.
♪ Pelas ruas marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão ♪
RELATO DO NOSSO COLABORADOR, O FOTÓGRAFO E ATIVISTA FRANCISCO CHAVES, QUE FOI AGREDIDO PELO POLICIAL [ALFANUMÉRICO I-22] NA MANIFESTAÇÃO DE ONTEM
“Nesta terça feira, no Centro do Rio, o convívio dialógico com a PMERJ foi impossível, os samangos (assim eram chamados) totalmente despreparados, abruptamente desinteligentes, ignoravam a razão, e partiam imediatamente para a "velha" ignorância policial, prendiam e aplicavam "mata leão"(enforcamento), além de jogarem gás de pimenta nos jornalistas; um deles o PMERJ I22, com seu lança gás, quebrou meu óculos; quem comandava?
Foi impossível saber o número de detidos e para que local iam presos, até uma bandeira histórica do PCB foi "detida" por um tenente sem identificação, que depois a ostentava como conquista ou paixão. As pessoas eram presas sem acusação. As abordagens aos que ali estavam foram da forma que eles chamavam de "Venezuela", um círculo de gorilas ACABs, em torno de um preso ou abordado, que impedia a aproximação de advogados ou jornalistas, contidos pela veemente e imbecil força desses polícias.”
E as grandes manifestações contra as gastanças de dinheiros públicos para garantir a Copa ainda estão por vir, o cenário promete ser de extrema violência e focado na criminalização dos protestos.
Frei Tito é homenageado pelas Pastorais Sociais
O frei dominicano Tito De Alencar Lima, o Frei Tito, foi homenageado ontem (1) pelas pastorais sociais, comunidades eclesiais de base e pelos organismos da Arquidiocese de Fortaleza (CE), em razão da data que marca os 50 anos do golpe militar no Brasil.
A celebração teve início às 16h, em frente ao túmulo do frei, localizado no Cemitério São João Batista (CE). Durante o ato, participantes protestaram pela "Ditadura nunca mais" e leram uma declaração pela democracia no Brasil, apoiada pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e pelo relato de Frei Tito.
No início de 1970, Tito foi torturado nos porões da chamada “Operação Bandeirantes”. Na prisão, ele escreveu sobre a sua tortura e o documento correu pelo mundo, se transformando em símbolo de luta pelos direitos humanos.
Tito foi encontrado morto, suspenso por uma corda, na cidade francesa de Lyon, onde ficou exilado durante o regime. Somente em março de 1983, com a abertura política, seus restos mortais retornaram ao Brasil.
*Com informações do coletivo Vinhetando.
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