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terça-feira, 30 de abril de 2013

Brasil não tem profissionais qualificados para gerir, estrategicamente, a segurança pública de órgãos governamentais e privados



Por: Cilas Rosa - EM
Coordenador geral da Escola Superior de Justiça (Esjus)

O estudo da psicologia mostra a necessidade de segurança em segundo pilar na pirâmide criada pelo psicólogo norte-americano Abraham Maslow, atrás apenas das necessidades fisiológicas. 

No cotidiano, a questão é de sobrevivência na selva de pedra com uma pessoa morrendo a cada 9 minutos e 48 segundos, segundo estudo divulgado pelo Instituto Avante Brasil. Apesar do dado alarmante, outra pesquisa foi mais animadora ao classificar a nação brasileira na 79ª posição no ranking, dos 153 países mais violentos. 

Ainda assim, as estatísticas refletem uma triste tendência, afinal o Brasil é considerado uma potência emergente, convivendo, arbitrariamente, com os resquícios de uma certa popularidade e o enfrentamento de graves problemas de crescimento e organização, sendo ironicamente notável a falta de preparo dos envolvidos nas ações de segurança pública. 

Conceitualmente, segurança pública é toda ação que tem como objetivo reduzir a criminalidade e a violência. A Constituição estabelece que é dever do Estado ofereceras condições mínimas para garantir a integridade física do cidadão. Não é preciso olhar longe para perceber que esse não é o cenário atual.

A proximidade de grandes eventos esportivos, como as Olimpíadas em 2016, a Copa das Confederações e a Copa do Mundo, alerta para uma grave deficiência: o Brasil não tem profissionais qualificados para gerir, estrategicamente, a segurança pública de órgãos governamentais e privados. O mercado já percebeu isso, e como reflexo, a busca por preparação adequada dos agentes de segurança está em expansão, revelando um nicho ainda pouco explorado. 

O maior desafio é superar o distanciamento entre a prática profissional e as salas de aula para produzir novos conhecimentos capazes de frutificar em ações governamentais mais eficazes de redução da criminalidade e violência. 

Os países europeus e americanos com experiências bem-sucedidas em eventos de grande porte têm muito a acrescentar nesses primeiros passos da nação verde-amarela. Os aspectos legais podem, sim, ser conflitantes, mas as iniciativas de combate e controle das ações individuais e coletivas podem e devem ser compartilhadas.

O desafio brasileiro é converter potenciais características de risco culturalmente enraizadas em atos sem impacto massivo, como os conflitos religiosos, no trânsito e até na relação com os times de futebol. 

O relatório apresentado no final do ano passado pela Secretaria de Segurança Pública de Minas Gerais apontou números impressionantes: mais de 1 mil vagas criadas no sistema prisional, aumento de 36% no número de presos com trabalho e abertura de concurso para agentes prisionais, entre outros. Na fase preventiva, nem tantos benefícios assim. 

As ações de mediações de conflitos, acompanhamento de penas alternativas e investimentos em 
núcleos de prevenção à criminalidade são atitudes de impacto, mas que pouco valor têm quando não há profissionais capacitados atrás dos planejamentos e de suas aplicações. 

Quando acontecem esses grandes eventos em que ficam expostas as verdadeiras condições do país os governantes tendem a criar mecanismos paliativos para esconder a realidade e, depois, tudo volta como antes, sem atacar as causas. 

O que veremos nesses grandes eventos no Brasil será isso, inclusive pelo fato de as soluções para o problema da violência passarem necessariamente por ações mais radicais no campo da educação, saúde e infraestrutura que alcancem a grande população menos favorecida. 

O desafio é grande e o tempo é curto. Nessa história, ganha quem aproveita o bom momento do mercado e transforma um problema mundial em oportunidades de crescimento. Ganhará também a nação brasileira, que pede menos cadeados e mais portas abertas.

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