Com
53,5% dos casos de extorsão do país, as policias militares de Rio
(30,23% das vítimas) e São Paulo (18,22%) lideram com folga o que
poderia ser o ranking da cobrança de propina pelas polícias militares no
país. Os dados fazem parte de uma prévia da Pesquisa Nacional de
Vitimização, encomendada pelo Ministério da Justiça e pelo Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento ao Datafolha e divulgada com
exclusividade pelo EXTRA.
O instituto ouviu 78.000 pessoas nos 26
estados e no Distrito Federal, perguntando a elas se foram vítimas de
extorsão por parte da Polícia Militar.
Segundo
o Ministério da Justiça, esse tipo de pesquisa procura captar as
ocorrências de eventos criminais na população, com o objetivo de
compará-los com os dados oficiais registrados pelas polícias,
classificando-os por localidade, estrato social, cor da pele, idade,
sexo e renda. A amostra do estudo, que vem sendo preparado desde 2010,
foi de 78.000 pessoas. No estado do Rio, foram 8.550 entrevistas. Os
dados são uma prévia: a íntegra do estudo será divulgada daqui a um mês.
A
secretária nacional de Segurança Pública, Regina Miki, defendeu a
importância de a sociedade entender os dois lados da corrupção:
-
É um crime que tem o lado ativo e o passivo. Não estou defendendo a
polícia, mas a mesma sociedade que cobra que a gente melhore a polícia a
corrompe. Acho que, se fizéssemos pesquisas com outros agentes
públicos, também apareceriam índices altos de corrupção. Mas a polícia
tem o dever de proteger o cidadão, então concordo que o policial deve
ser punido com mais seriedade - cobrou Miki.
A secretária afirmou que a pesquisa comprova a alta corrupção da PM do Rio:
-
Essa pesquisa mostrou, de fato, que a PM do Rio é a mais corrupta no
país. Mas acho que a gente deve entender que o policial é recrutado na
nossa sociedade, é um retrato dela - defendeu.
Em
todo o país, 2,6% dos ouvidos responderam terem sido vítimas de
extorsão policial. Ao analisar quem são essas pessoas, o levantamento
mostrou que cresce a probabilidade de uma pessoa ser alvo do achaque de
PMs. Os pós-graduados têm 9 vezes mais chance de ser achacada do que uma
pessoa sem instrução. Dentre as vítimas de extorsão, 59% têm
escolaridade acima do ensino médio. Quem ganha mais de R$ 13.560 (20
salários mínimos) tem 5,8 vezes mais chances de ser extorquido por um PM
do que aqueles que ganham até R$ 678 (1 salário mínimo). Na leitura por
faixa etária, o grupo de 25 a 34 anos é a maior vítima, representando
36,4% dos achacados.
Veja abaixo a distribuição das vítimas de extorsão por estado
Rio de Janeiro: 30,23%
São Paulo: 18,22%
Pará: 6,49%
Pernambuco: 6,05%
Bahia: 5,08%
Goiás: 4,34%
Paraná: 4,15%
Minas Gerais: 4,10%
Amazonas: 3,07%
Ceará: 2,54%
Rio Grande do Norte: 2,34%
Alagoas: 1,85%
Maranhão: 1,66%
Mato Grosso: 1,56%
Rio Grande do Sul: 1,27%
Santa Catarina: 1,27%
Espírito Santo: 1,07%
Paraíba: 1,07%
Amapá: 0,78%
Distrito Federal: 0,78%
Mato Grosso do Sul: 0,58%
Piauí: 0,58%
Sergipe: 0,48%
Tocantins: 0,19%
Rondônia: 0,19%
Acre: 0,04%
Roraima: 0,04%
Fonte: Extra
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