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O verdadeiro desafio não é inserir uma idéia nova na mente militar, mas sim expelir a idéia antiga" (Lidell Hart)
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segunda-feira, 15 de abril de 2013

Jornalista morto apurava ação de policiais em nove crimes



Grupo de extermínio.Investigações se arrastam por anos ou foram concluídas sem identificar autores
Ministério Público promete atenção especial à apuração do assassinato
 RODRIGO FREITAS - Jornal OTEMPO em 15/04/2013 

Ipatinga. A morte do jornalista Rodrigo Neto, no dia 8 de março, estaria relacionada a um grupo de extermínio responsável por, pelo menos, nove crimes na região do Vale do Aço. Neto investigava a ligação entre chacinas, homicídios e desaparecimentos ocorridos entre 1992 e 2013. Em todos os casos, além de os crimes nunca terem sido elucidados, havia a suspeita da participação de policiais civis e militares.
Neto foi morto com o mesmo modo de agir de boa parte dos crimes investigados por ele, reforçando as suspeitas da atuação de um grupo de extermínio. O jornalista foi assassinado com dois tiros, disparados por homens em uma moto de cor escura, na avenida Selim José de Sales, uma das mais movimentadas da cidade.

Em seu trabalho como âncora de um programa de um programa policial na rádio Vanguarda AM, Neto era combativo. Nunca poupou palavras e relembrava, num quadro intitulado "O Que o Tempo não Apagou", os chamados "crimes perfeitos" - aqueles que nunca tiveram solução nas cidades do Vale do Aço. As suspeitas de um grupo de extermínio na região eram constantemente abordadas pelo jornalista.

Com o assassinato de Neto, as investigações dos casos levantados por ele na rádio e nos jornais onde trabalhou foram reabertas. O promotor Bruno Jardini, que atua em Ipatinga e tem acompanhado o caso, garante que há uma "atenção especial" do Ministério Público de Minas (MPMG) e das forças policiais para elucidar os crimes. "Estamos perto de descortinar algumas ocorrências", explica.

Entre os casos mais emblemáticos investigados por Rodrigo Neto, que ganhou grande repercussão no rádio e nos jornais por onde o jornalista passou, estão os chamados "crimes da moto verde". Um soldado da Polícia Militar (PM) é suspeito de, pelo menos, quatro assassinatos com características similares, entre os anos de 2005 e 2008.

As investigações da Polícia Civil apontaram o militar como o responsável pelas mortes, que sempre ocorriam da mesma forma: os crimes eram cometidos sobre motocicletas, contra pessoas que possuíam passagens pela polícia ou envolvimento com o autor, executadas por pistolas semiautomáticas disparadas em pontos vitais do corpo.

A polícia chegou a afirmar que o soldado é um indivíduo de "alta periculosidade, acometido de uma grave psicopatia", segundo documento ao qual a reportagem de O TEMPO teve acesso. Para a corporação em Belo Horizonte, o militar "personificava a atuação do grupo de extermínio que agia no Vale do Aço".

Estranhamente, porém, a punição nunca ocorreu, e o soldado foi transferido, em 2009, para a cidade de Lavras, no Sul de Minas. O comando da PM alegou, na época, "problemas disciplinares" para a mudança do policial. Rodrigo Neto escreveu reportagens e abordou o caso na rádio Vanguarda AM.

BELO ORIENTE. Outro caso emblemático levantado por Rodrigo Neto, e que nunca teve solução, é o triplo homicídio de Belo Oriente, no Leste de Minas, ocorrido há sete anos. Em janeiro de 2006, três pessoas da família de um executor de um policial civil foram mortas a tiros dentro de casa. O crime teria sido uma vingança pelo assassinato do agente, segundo testemunhas. O inquérito foi encerrado no ano passado sem solução.
INQUÉRITO
Políticos também são investigados
As inimizades colecionadas pelo jornalista Rodrigo Neto no exercício de sua profissão não se resumem somente a policiais. Políticos, empresários e advogados da região que foram investigados pelo jornalista também estão na lista de suspeitos da morte dele.

Um advogado, envolvido em crime de pedofilia, chegou a ameaçar Neto de morte na porta do Fórum de Ipatinga. A ameaça foi, inclusive, gravada pelo jornalista. Os nomes dos suspeitos não foram revelados para não atrapalhar as investigações.

O delegado Wagner Pinto, chefe do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), apenas diz que há vários "elementos de suspeição". "É uma investigação complexa", avalia. Cerca de 30 pessoas já foram ouvidas pela Polícia Civil, que ainda não fixou uma data para o encerramento do inquérito que apura a morte de Rodrigo Neto. (RF)

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