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quarta-feira, 10 de abril de 2013

Morte de jornalista motiva críticas a PM e juízes


A suspeita é de que Rodrigo Neto de Faria tenha sido assassinado por policiais ligados ao crime organizado em Ipatinga.



Audiência pública da Comissão de Direitos Humanos discutiu o assassinato de profissional da Rádio Vanguarda de Ipatinga
Audiência pública da Comissão de Direitos Humanos discutiu o assassinato de profissional da Rádio Vanguarda de Ipatinga - Foto: Rossana Magri
O assassinato do jornalista Rodrigo Neto de Faria, morto no mês de março, em Ipatinga (Rio Doce), foi tema de audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta terça-feira (9/4/13). Para o deputado Durval Ângelo (PT), presidente da comissão, a região está vivendo um período de extrema violência e o Poder Judiciário, seja por medo ou por cumplicidade, não está combatendo a situação. Ele explicitou esse ponto de vista ao criticar o fato de que os juízes do Vale do Aço não concederam nenhuma prisão preventiva a policiais acusados de envolvimento com o crime organizado. “Existem juizes que têm medo dos policiais, outros são escoltados pelos próprios policiais denunciados", afirmou.
O deputado Durval Ângelo (à dir.) falou da atuação de policiais lotados em Coronel Fabriciano
O deputado Durval Ângelo (à dir.) falou da atuação de policiais lotados em Coronel Fabriciano - Foto: Rossana Magri
Durval levantou suspeita em relação a policiais lotados em Coronel Fabriciano (Rio Doce), cidade próxima a Ipatinga, que podem estar envolvidos com a desova de corpos em São Cândido, distrito de Caratinga, também na região, e que eram investigados por Rodrigo Neto. Segundo o parlamentar, “um gol preto era visto desovando corpos no local e era usado, com chapa fria, pela delegacia de Coronel Fabriciano. Depois da morte do Rodrigo, o gol desapareceu”.
O deputado citou, ainda, o caso dos irmãos caboclos, que foram condenados a 19 anos de prisão, mas continuam soltos. Segundo ele, os dois irmãos ofereceram R$ 100 mil pela morte do próprio deputado e R$ 60 mil pelo assassinato do delegado que apurava os crimes de que eram acusados. “O Judiciário fica em um olimpo inatingível, enquanto isso, temos policiais envolvidos em crime bárbaros como o da moto verde. Caso, este, em que a cabeça de um jovem usuário de drogas foi jogada na casa de um coronel e, logo em seguida, o policial interrompeu as investigações que comandava e se transferiu para a área de comunicação social da Polícia Militar”, destacou Durval.
Para a presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, Eneida Ferreira da Costa, “é do conhecimento geral que quem comete esses crimes são bandidos travestidos de políticos ou de policiais. São elementos que usam suas posições para ficarem impunes”, afirmou. A presidente destacou, ainda, que os crimes contra jornalistas vão desde o cerceamento do direito de informar até a violência física de fato.
Segundo Eneida Ferreira da Costa, o Brasil é o sexto país mais violento do mundo para jornalistas
Segundo Eneida Ferreira da Costa, o Brasil é o sexto país mais violento do mundo para jornalistas - Foto: Rossana Magri
Jornalistas são alvo fácil - Eneida reforçou os perigos vividos por profissionais ligados à área de comunicação. Segundo ela, duas entidades que monitoram a violência contra os jornalistas, entre elas a organização francesa Jornalistas sem Fronteiras, destacaram o Brasil como um dos locais mais perigosos para o desenvolvimento das atividades relativas à profissão. “O Brasil é o sexto país mais violento do mundo para jornalistas. Morreram mais destes profissionais no Brasil do que em países em guerra”, afirmou.
Enquanto os demais componentes da mesa pediam uma apuração rápida e uma punição exemplar para os culpados pela morte de Rodrigo, os delegados Wagner Pinto de Souza, que representava o chefe da Polícia Civil do Estado, e Alexsander Esteves Palmeira reforçaram a complexidade da investigação. “São necessárias medidas cautelares, prisões, e temos que trabalhar para conseguir esses resultados. A Polícia Civil vai buscar todas as provas objetivas e subjetivas para esclarecer os fatos e buscar os responsáveis por essas barbárie”, destacou Wagner.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MG, Willian dos Santos, afirmou a necessidade da federalização de crimes contra jornalistas. Eneida completou informando que está em pauta no Congresso Nacional um projeto de lei, de autoria do deputado Prótogenes Queiroz (PCdoB/SP), que pede a federalização de crimes contra jornalistas. Pediu ainda que o projeto inclua, além dos jornalistas, todos os profissionais da área de comunicação social.
Histórico - O jornalista Rodrigo Neto de Faria foi assassinado no dia 8 de março, em Ipatinga, com três tiros. A principal hipótese é a de que ele tenha sido morto devido ao trabalho que realizava como jornalista investigativo na Rádio Vanguarda, denunciando chacinas e mortes supostamente cometidas por um grupo de policiais da região.
Além da audiência pública realizada hoje, a Comissão de Direitos Humanos da ALMG e a ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, estiveram no 12º Departamento de Polícia Civil de Ipatinga, em 19 de março, para obter informações e solicitar agilidade na apuração dos responsáveis. Entretanto, até agora não foram indicados os autores do crime.

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